sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

LITANIES POUR UN RETOUR




Um dia perguntaram a Brel se conhecia pessoalmente os Beatles e se gostava da música feita por eles. Brel respondeu que os tinha encontrado um dia em Londres e que gostava da sua música. Achava que ela tinha harmonias quase clássicas e isso era muito bom. Não sabia se isso era feito por acaso ou de propósito, mas era bom... Quanto aos textos? Quanto aos textos apenas disse que tinham algumas coisas giras, mas... e mais não disse. Os Beatles iniciaram em força a sua carreira em 1961 cantando canções de amor como “She loves you”, “Love me do”, ”Can’t buy me love”, “And I love her”, etc.
Brel em 1958 canta "Litanies pour un retour", uma canção de amor, sem usar uma unicamente vez a palavra AMOR.

Litanias para um regresso (1958)

Meu coração, minha amada, minha alma, meu céu, meu fogo, minha chama,
Meu poço, minha fonte, meu vale, meu mel, meu bálsamo , meu Gral,

Meu trigo, meu oiro, minha terra, meu arado, minha rocha, minha pedra,
Minha noite, minha sede, minha fome, meu dia, minha alvorada, meu pão,

Minha vela, minha onda, meu farol, minha estrada,
Meu sangue, minha força, minha febre, meu eu,

Meu canto, meu riso, meu vinho, minha alegria,
Minha madrugada, minha voz , minha vida, minha fé,

Meu coração, minha amada, minha alma, meu céu, meu fogo, minha chama,
Meu corpo, minha carne, meu bem... Eis que regressas.


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DAVID BOWIE



A canção LA MORT foi traduzida para inglês por Shuman e Blau para o espectáculo “Jacques Brel is alive and well and living in Paris”. Depois disso foi cantada, além de Shuman, por Amanda McBroom, Scott Walker, Marc Almond e David Bowie, estes os mais representativos dos 42 intérpretes de LA MORT que se conhecem. Estes dados, e outros, podem ser consultados no site LA CHANSON DE JACKY.


Este é o texto de La mort na sua versão inglesa e, no vídeo, a sua interpretação por Bowie.

MY DEATH

My death waits like an old roué
so confident I'll go his way
whistle for him and the passing time...
My death waits like a bible truth
at the funeral of my youth
weep loud for that and the passing time...
My death waits like a witch at night
as surely as our love is bright
let's laugh for us and the passing time

But whatever lies behind the door
there is nothing much to do...
angel or devil, I don't care
for in front of that door... there is you.

My death waits like a beggar blind
who sees the world with an unlit mind
throw him a dime for the passing time...
My death waits to allow my friends
a few good times before it ends
let's drink to that and the passing time
My death waits in your arms, your thighs
your cool fingers will close my eyes
let’s not talk about the passing time

My death waits among the falling leaves
in magicians mysterious sleeves
rabbits dogs and the passing time
My death waits among the flowers
where the blackest shadow cowers
let's pick lilacs for the passing time
My death waits in a double bed
sails of oblivion at my head
pull up the sheets against the passing time






quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

LA MORT

Nesta canção Brel personifica a morte. A morte é uma mulher, uma namorada, uma princesa, uma bruxa. A ideia de morrer obceca-o, mas pior será a decadência fisíca, a ruína do corpo. A morte é um mal absoluto. Aos 30 qnos de idade Brel ainda não brinca com o tema como fará em Le Moribond ou Le Tango Funèbre. Com esta idade ele tem pressa de viver e é assim que ele canta a morte, que o encontrará 18 anos depois.

A MORTE (1960)

A morte espera-me como uma antiga namorada, num encontro marcado com a foice,
Para melhor ceifar o tempo que passa...
A morte espera-me como uma princesa, no funeral da minha juventude,
Para melhor poder chorar o tempo que passa...
A morte espera-me como uma bruxa, na fogueira das nossas núpcias,
Para melhor se poder rir do tempo que passa...
Mas quem está por detrás da porta já à minha espera?
Anjo ou demónio, que importa, diante da minha porta estás tu!

A morte espera debaixo do travesseiro, mas eu esqueço-me de acordar
Para melhor cristalizar o tempo que passa...
A morte espera que os meus amigos me venham ver a meio da noite,
Para melhor me dizerem como o tempo passa...
A morte espera-me nas tuas mãos claras, que deverão fechar as minhas pálpebras,
Para melhor abandonar o tempo que passa...
Mas quem está por detrás da porta já à minha espera?
Anjo ou demónio, que importa, diante da minha porta estás tu!

A morte espera-me nas últimas folhas da árvore que há-de fazer o meu caixão,
Para melhor pregar o tempo que passa...
A morte espera-me nos lilases que um coveiro lançará sobre mim,
Para melhor florir o tempo que passa...
A morte espera-me numa grande cama, feita com os lençóis do esquecimento,
Para melhor cobrir o tempo que passa...
Mas quem está por detrás da porta já à minha espera?
Anjo ou demónio, que importa, diante da minha porta estás tu!
´


Testemunho sentido de GEORGE BRASSENS, companheiro das canções, quando soube da morte de Brel.


Brassens sur la mort de Brel
Enviado por Sensc. - Explore outros vídeos de música.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DISCO DE OURO




Segundo noticia ontem o PORTAL DO FADO, pouco mais de um mês após a sua edição (15 de Novembro) o álbum que junta Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti é DISCO DE OURO.

Além de dois inéditos, sendo um deles ,«Retrato», da autoria de Bernardo Sassetti e poema de Mário Cláudio, juntam-se também temas intemporais de José Afonso, Fausto, Sérgio Godinho e Jacques Brel, entre outros.

Neste vídeo as CANTIGAS DO MAIO de José Afonso.


domingo, 26 de dezembro de 2010

CELINE DION & MAURANE

Mais uma versão de QUAND ON N’A QUE L’AMOUR, desta vez por Céline Dion e Maurane.
No dia 21 de Novembro falei AQUI da versão feita por Carlos do Carmo e Bernardo Sassetti desta mesma canção.

sábado, 25 de dezembro de 2010

PRIÈRE PAÏENNE

ORAÇÃO PAGÃ (1956)

Não é verdade Maria, que rezar a ti, é dizer de joelhos que O adoramos?
Não é verdade Maria, que rezar a ti, é chorar de felicidade, rindo como tolos?
E cobrir de ternura os nossos amores pagãos, não é florir de orações cada noite, cada dia?

Não é verdade Maria, que cantar para ti, é semear os nossos caminhos com singela poesia?
Não é verdade Maria, que cantar para ti, é vermos em cada coisa uma coisa bela?
E cantar para a criança que virá em breve, não é cantar para o Menino que repousa nos teus braços?
Não é verdade Maria? Não é verdade Maria?


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

ENTREVISTA

Jacques Brel apanhado atrás da cortina depois de mais um concerto, ainda ofegante, fala de si e da sua carreira, fala de ternura/amor e de poesia/canções, e transpira e fuma, e fuma e transpira...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

JEAN-PIERRE LELOIR




O fotógrafo francês JEAN-PIERRE LELOIR faleceu dia 20 de Dezembro com 79 anos de idade. Era essencialmente conhecido por fotografar gente célebre. Ele fotografou as maiores celebridades do mundo da música e entre elas Jacques Brel, de quem era amigo. As melhores fotos de Brel em cena ou em estúdio, e até algumas capas dos seus discos, foram tiradas por JEAN-PIERRE LELOIR. A foto que encabeça este blog é uma delas
Em 2008 foi editado pela Fetjaine um livro de Leloir e Gilles Verlant, com prefácio de France Brel, dedicado ao cantor.

Neste vídeo GILLES VERLANT e Leloir falam dessa publicação com o título BREL PAR LELOIR.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

LONESOME LOSERS...



Em 22 de Outubro falei AQUI em ARNOLD JOHNSTON, um tradutor de Jacques Brel para inglês que também canta as canções que traduz. A viúva de Brel já disse que as traduções de Arnold Johnston, professor na Western Michigan University, são muito mais cuidadas e correctas que as de Blau ou Shuman, e deu ao Dr. Johnston os direitos exclusivos para traduzir a obra de Brel para inglês. Arnold Johnston gravou o CD I'm Here! com 19 canções de Brel que teve a gentileza de me oferecer.
Thanks Dr. Arnold!

No ano passado esteve em exibição nos Estados Unidos um espectáculo intitulado Lonesome Losers of the Night com os textos do professor da Universidade de Michigan.
Eram intérpretes CHRIS DAMIANO, JEREMY TRAGER, ERIC MARTIN e LENNY LAMB.


Voltarei a falar deste espectáculo um dia destes.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

HARRY SACKSIONI



Harry Sacksioni, um músico holandês nascido em 1950, tem interpretado e recriado na sua guitarra muitos temas de autores famosos. De Jacques Brel aqui está La Chanson Des Vieux Amants…

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

IL NOUS FAUT REGARDER



Mais uma canção da juventude de Jacques Brel, provavelmente feita no seu gabinete da fábrica de cartonagem do pai. Na solidão das quatro paredes, oito horas por dia, ele, de certeza, muitas vezes punha a escrita em dia. A escrita poética, claro. A outra escrita, a dos “deves e haveres” ia-se fazendo para garantir uns trocos ao fim do mês.

TEMOS QUE OLHAR (1953)

Para lá da imundície espalhada à nossa frente, para lá dos olhos franzidos e dos rostos débeis…
Para lá dessas mãos abertas ou fechadas, que se estendem em vão, ou que são punhos erguidos...
Para lá das fronteiras de arame farpado... Para lá da miséria... Temos que olhar …
Temos que olhar para o que há de belo… O céu cinzento ou azulado, as raparigas à beira de água, o amigo que nos é fiel, o sol de amanhã, o voo de uma andorinha, o barco que regressa...

Para lá do concerto dos soluços, dos prantos e dos gritos de cólera dos homens que têm medo…
Para lá do tumulto das ruas e das praças, das sirenes de alarme, das grosserias dos carroceiros mais fortes que as crianças que contam as guerras e para lá dos adultos que nos obrigaram a fazê-las...

Temos que escutar o pássaro lá no meio do bosque, o murmúrio do Verão, o sangue que circula em nós, as cantigas de embalar das mães, as orações das crianças, e o ruído da terra que adormece docemente...



Esta canção foi também cantada pela sua grande amiga BARBARA.

domingo, 19 de dezembro de 2010

IMPOSSIBLE RÊVE




Faz agora um mês falei aqui de um espectáculo de LUZ CHABANE em que a cantora interpretava canções de JACQUES BREL. O espectáculo foi gravado e editado num CD que já está à venda. IMPOSSIBLE RÊVE é o nome do disco e era também o nome do espectáculo.
Luz Chabane começou por ter uma formação artística no campo da dança tendo passado nomeadamente pela Imperial Society of Teachers of London e pelo Departamento de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa. Entre 1987 e 1998 é directora da International Lovers of Dance and Theatre Shool. Depois de encenar inúmeros espectáculos de dança e comédia musical interpretados pelos seus alunos, Luz dedicou-se então às canções e em especial às canções de Brel e de Piaf.
AQUI podemos ouvir a sua versão de LE PLAT PAYS.

sábado, 18 de dezembro de 2010

ÉLODIE FRÉGÉ




ÉLODIE FRÉGÉ é uma cantora e actriz francesa nascida em 1982, que cedo se dedicou ao mundo da música. Élodie também participou na série de espectáculos “Os duos do impossível”.
Estes espectáculos recorriam à técnica de misturar imagem e som de um video antigo com imagens actuais e cujo grande primeiro sucesso internacional foi a mistura feita com o video original de Nat King Cole (já falecido) a cantar UNFORGETTABLE com a sua filha Natalie de que resultou este video clip.
Nos programas franceses “Os duos do impossível” colaboraram por exemplo, Liane Foly a cantar com Piaf, Julie Zenatti a cantar com Gilbert Becaud, Houcine a cantar com Nino Ferrer e Élodie Frégé a cantar com... JACQUES BREL.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

BREL - PERU (2009) (II)

Do mesmo espectáculo que aqui falei ontem, Semana Francesa no Peru, em 2009, eis mais um video com excertos dessa homenagem feita a Jacques Brel. Cantam MARCELA PARDON e BRUNO ODAR.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

BREL - PERU 2009



Em 2009 realizou-se no Peru a Semana Francesa . Do programa, além de sessões de cinema, desfiles de moda, exposições e seminários constava uma HOMENAGEM A… JACQUES BREL, um cantor belga. O espectáculo, realizado por ALBERTO ISOLA, contava com as interpretações de MARCELA PARDON e BRUNO ODAR.
Neste vídeo está um excerto do espectáculo com a canção “Air de la bêtise”.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PARDONS

Brel, longe da família, que habitava em Bruxelas, sente-se livre nas suas intermináveis digressões por toda a Europa, de tal maneira que usa e abusa desta liberdade. Vai acabar por tornar-se campeão da infidelidade matrimonial.
De vez em quando bate-lhe um remorso na consciência e escreve canções como esta: PARDONS. Mas… são remorsos passageiros que, tal como as juras da canção, “morrem logo de manhã”.

PERDÕES (1957)

Perdão por aquela rapariga que fizemos chorar, perdão por este olhar que se deixa quando nos rimos.
Perdão por este rosto que uma lágrima mudou, perdão por estas casas onde alguém nos espera,
E depois, por todas estas palavras, que se dizem palavras de amor, e que nós usamos à laia de dinheiro,
E por todas as juras que morrem logo de manhã. Perdão pelos nuncas, perdão pelos sempres...

Perdão por essas aldeolas que já não cantam, perdão por essas vilas que ficaram esquecidas,
Perdão pelas cidades onde ninguém se conhece, perdão pelos países feitos de oficiais subalternos.
Perdão por eu ser daqueles que se lixam para tudo e de não ter tentado todos os dias.
E depois, perdão ainda, e depois, perdão sobretudo, por nunca ter sabido quem nos deve perdoar...


VERSO NÃO CANTADO.

(Perdão por não ver mais as coisas como elas são. Perdão por ter querido esquecer os nossos vinte anos, Perdão por ter deixado esquecidos os nossos ensinamentos. Perdão por renunciar às nossas renúncias
E depois ter-me escondido no meio da vida. E também por ter preferido o salário de Judas, perdão pela amizade, perdão pelos amigos...)


domingo, 12 de dezembro de 2010

PATRICIA LAVILA



PATRICIA LAVILA nasceu a 23 Fevereiro de 1957 em Oran, Argélia. Emigrou para França e dedicou-se ao mundo da canção tendo assinado um contrato com a Barclay em 1973. Em 1975 gravou um single com a canção “Je n'ai jamais vu Jacques Brel chanter”.

JE N'AI JAMAIS VU JACQUES BREL CHANTER

La dernière fois qu’il a chanté sur scène
J’aurai voulu tant voulu être lá
Jamais je m’en souviens, disant, à peine
Le soir de ses adieux à l’Olympia

On m’a parlé de cette imense foule
De bout une heure entière à l’aplaudir
Pourque s’ouvre à nouveau le rideau rouge
Et surtout pour l’empecher de partir

Jusqu’à ce jour la vie m’a donné
Beaucoup plus de joies que de peines
c’est vrais mais...

Je n’ai jamais vu Jacques Brel chanter
En écoutant ses chansons
je n’ai pu que l’imaginer
Je n’ai jamais vu Jacques Brel chanter
J’en aurai toujours des regrets

Désormais il n’attends plus Madeleine
Pourtant sans lui, tout comme au premier jour
Les vieux sont toujours habillés de raide
Et Jef a toujours le coeur aussi lourd

Alors une vague sur l’Atlantique
Loin du monde et du bruit loin il s’en va
Et pourtant ce soir sur mon tourne-disque
Mathilde est revenue encore une fois

Parmi tous les rêves que j’ai faits
certains déjà ce sont realizés mais...



" je n'ai jamais vu ... "
Enviado por gay-toon-kris. - Explore outros vídeos de música.

sábado, 11 de dezembro de 2010

MAXIME LE FORESTIER



MAXIME LE FORESTIER - nascido em 1949, em Paris – gravou no seu décimo álbum NÉ QUELQUE PART (1988) uma canção dedicada a Jacques Brel: LES DEUX MAINS PRISES. A canção é de sua autoria com a colaboração de Jean Pierre Sabar.

Les Deux Mains Prises

Avec une valise, une, guitare, c'est comme ça qu'un musicien part
Pour la vie aux Marquises, pour la nuit dans un bar.
Il a les deux mains prises,
Une guitare, une valise.
On laisse pas ça traîner sur le bord d'un trottoir.

Si on pique la valise, tôt ou tard, il aura plus rien pour s'asseoir.
C'est pas pour ses deux ch'mises ni son pantalon noir,
Mais les lettres d'Elise
Cachées dans la valise,
Qu'est-ce qui va les chanter si on pique la guitare ?

P'tite mélomane mal aimée, j'aurais aimé la peinture :
Ce s'rait beaucoup moins dur au moment d'te quitter.
Ma valise dans une main,
L'autre autour de ta taille,
De mes doigts sur tes reins, je t'écrirais en Braille bye bye...

Les deux mains prises, toujours en r'tard,
C'est pas bon pour se dire au revoir.
Dans ta rue les gens disent,
Mais c'est des racontars,
Qu'un porteur de valise,
Par une matinée grise,
T'a laissée sans un mot, toi qu'aimes tant la guitare.

Neste video Maxime Le Forrestier canta com ZAZIE LA CHANSON DES VIEUX AMANTS...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PIERRE PERRET



Pierre Perret, “compagon de route” de Brel (é apenas 5 anos mais novo) fez, e continua a fazer, toda a sua vida no mundo do espectáculo. Desde a canção ao cinema, passando pela rádio e pela televisão. Também ele fez um intervalo na sua carreira artística para dar a volta ao mundo num barco. Por coincidência encontrou-se com o amigo e colega Brel na Venezuela, em 1974.
Em 1976 Pierre Perret fez esta canção dedicada a Jacques Brel…

Ma Nouvelle Adresse

Ce hall de gare pavoisé de rouges à lèvres et de hasards
Où bat le cœur des banlieusards plein de sanglots et de baisers
N'aura jamais su me griser
Ce hall de gare pavoisé de solitudes à plein tarif
Et de marques d'apéritifs et de bonheurs synthétisés
Je m'en suis désapprivoisé

Prenez ma nouvelle adresse
Je vis dans le vent sucré des îles nacrées
Et à ma nouvelle adresse
Une fille s'amuse à rire de mes souvenirs

Et ce boulot qui m'usait tant, qui me laissait tant épuisé
Devant ma machine à fraiser que j'en suait l'eau et le sang
N'aura jamais su me griser
Et de ce patron si charmant et du banquet de fin d'année
Et de médailles arrosées, et de mes copains militants
Je m'en suis désapprivoisé

Les fins de mois les repas bâclés devant le match à la télé
Les infos chloroformisées et les pubs de mousse à raser
N'auront jamais su me griser
De cet air de robot content, de cette course avec le temps
De ces amours en pointillés qui mourraient avant d'être nées
Je m'en suis désapprivoisé

Oui mes amis j'ai largué tout pour l'archipel des Tuamotu
Où quel que soit le cours du franc on offre son poisson vivant
Pour une poignée de riz blanc
Mon copain Jacques a mis les bouts toutes voiles dehors et vent debout
Il chante dans les Alizés quelques chansons dont le succès
N'aura jamais su le griser

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

JEAN-CLAUDE HURNI



Através das Edições Jacques Brel tive conhecimento de mais um espectáculo sobre o cantor. Desta vez é na Suíça e é o cantor JEAN-CLAUDE HURNI que vai estar de 10 a 17 de Dezembro, e depois em Janeiro, no teatro L’Aubier em Neuchâtel. Hurni acompanhado ao piano por Mary Freiburghaus, vai cantar uma vintena de canções de Brel. Com a toda a sua energia e autenticidade como elas merecem. Se a alma de Jacques estiver incognita na grande sala de Montezillon, entre o público, não se sentirá traída.
O mote do espectáculo é “ Canções, textos, pensamentos, do amor ao humor, da ironia à ternura, uma noite com o Grand Jacques.”





Também segundo informação das Edições Jacques Brel o grupo coral TOUS EN CHOEUR, da região Nord-Pas-de Calais, irá cantar duas canções de Brel – Bruxelles e Quand on n’a que l’amour – em frente à sede das Edições Jacques Brel, situada na Place de la Vieille Halle aux Blés, em Bruxelas.
Esta homenagem do TOUS EN CHOEUR será no próximo sábado, dia 11.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

LES VOCALISES DE BREL




Em 1977 NICOLAS PEYRAC gravou no deu disco ET LA FÊTE EST FINIE uma canção homenageando Jacques Brel. Trata-se da canção LES VOCALISES DE BREL e que transcrevo na íntegra aqui a seguir. Brel teve conhecimento desta canção composta pelo seu colega de profissão.

LES VOCALISES DE BREL


Sur Amsterdam traînent encore les vocalises de Brel
Pour que la grisaille du port s'habille d'éternel
Et les navires parlent entre eux de celui qui savait les vieux
Quand la Fanette avait ses yeux
Sur Amsterdam traînent encore les vocalises de Brel
Comme des restes de remords entre terre et ciel
Et les nuages volent bas, encore plus bas qu'en ce temps-là
Comme s'ils pleuraient pour ces gens-là

Et je chante, toi, tu t'éloignes, valse lente
Image morte mais vivante au coeur de tous ceux qui voulaient
Que tu chantes les bourgeois bouffis, les servantes
Tous les paumés qui se lamentent et qui vivent de leurs secrets

Sur Amsterdam traînent encore les vocalises de Brel
Comme écume sur mer du Nord, gouttelettes arc-en-ciel
Et les marins chantent toujours au son d'un accordéon lourd
Qui pleurerait du mal d'amour

Et je chante, toi, tu t'éloignes, valse lente
Image morte mais vivante au coeur de tous ceux qui voulaient
Que tu chantes les bourgeois bouffis, les servantes
Tous les paumés qui se lamentent et qui vivent de leurs secrets

Sur Amsterdam traînent encore les vocalises de Brel
Et tous tes mots frappent si fort dans ma mémoire rebelle
Que j'ai voulu te dire ce soir, qu'un jour au fond de ma nuit noire
Tes chansons m'entrouvirent l'espoir

Et je chante, je chante.

Neste vídeo NICOLAS PEYRAC canta o seu grande êxito Et mon père onde, entre outros, fala de Brel...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

RADIO 1




A estação de rádio belga RADIO 1 elegeu as 100 mais belas canções belgas de sempre. Entre elas estão cinco canções de Jacques Brel, Ne me quitte pas, Amsterdam, La chanson des vieux amants, Le plat pays e Marieke.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

ALMOND ALONE



Marc Almond (ex Soft Cell) gravou em 1989 um disco intitulado JACQUES com treze canções de Brel em inglês. Uma dessas canções é ALONE, no original SEUL.
É notória a fraquíssima qualidade do texto de Eric Blau, que o escreveu para o musical “Jacques Brel is well and alive and living in Paris”. O original de Brel não tem comparação nem literária nem poética. Para comparação transcrevo o texto em inglês. O texto de Brel pode ser consultado no post de ontem.

ALONE

We find love, you and I, It’s a new game to play
Then we tell our first lie, And see a love go away
And we find we’re alone

We rush on, you and I, we don’t need love at all
We need thrills, we need speed, and we stumble and fall
And we find we’re alone

We’re loyal, you and I, to flowers that are dead
We forget how to cry, and save photos instead
And we find we’re alone

We hear guns, you and I, and we ask what is that
Then we open The Times, we’re informed where it’s at
And we find we’re alone

We’re moral you and I, we stand for what’s right
We slaughter our evil bygones,
And in life we find we’re alone

We’re lucky, you and I, we’re alive and secure
But in the bank and the church we can never be sure
And we find we’re alone

We’ve made it, you and I, we have glory and fame
But we never know why, we feel so ashamed
And we find we’re alone

We’ve power, you and I, but what good is that now?
We’d build a new world, if we only knew how
And we find we’re alone

We are old you and I, we beg warmth from the sun
In the dreams that we dream, we ask, “What have we done?”
And we find we’re alone

domingo, 5 de dezembro de 2010

SEUL



Jacques Brel fazia mais de 300 espectáculos por ano. Ao longo da sua vida fez milhares e milhares de quilómetros entre casas de espctáculo, teatros, cabarets e casinos. Tinha uma mala que o acompanhava sempre e onde guardava, além das roupas, uma pasta com os textos que ia escrevendo. E sozinho no banco de trás do carro que o transportava por percursos intermináveis, ou sozinho no camarim antes do espectáculo, ou sozinho no quarto do hotel, ele criava os poemas e as melodias a que depois dava a forma de canção com os seus músicos.
Este texto define essa solidão. Traduz a sua lucidez e o seu desespero perante a morte. Perante a morte está-se sempre só.


(1959)

Somos dois, meu amor, e o amor canta e ri…
Mas no fim do dia, nos lençóis do tédio, encontramo-nos sós...
Somos dez, a defender os vivos pelos mortos…
Mas, amarrados pelas suas cinzas ao poste do remorso, encontramo-nos sós...
Somos cem, a dançar no baile da gente bem…
Mas, na última lanterna, no primeiro desgosto, encontramo-nos sós...
Somos mil contra mil que se acham os mais fortes…
Mas, nessa hora estúpida onde resultam dois mil mortos, encontramo-nos sós...
Somos um milhão a rir do milhão à nossa frente…
Mas, dois milhões de gargalhadas não impedem que ao espelho nos encontremos sós...
Somos mil, sentados no cume da fortuna…
Mas, com medo de ver tudo derreter-se debaixo da Lua, encontramo-nos sós...
Somos cem que a glória convida sem razão…
Mas, quando a sorte acaba, quando termina a canção, encontramo-nos sós...
Somos dez, a dormir no leito do poder…
Mas, perante esses exércitos que se enterram em silêncio, encontramo-nos sós...
Somos dois, a envelhecer contra o tempo que nos espanca…
Mas, logo que vemos a decadência a chegar, risonha, encontramo-nos sós...



sábado, 4 de dezembro de 2010

LA BD CHANTE BREL (4)

Jacques Brel com treze anos frequentava um colégio católico em Bruxelas. O Instituto São Luís.
Foi seu colega nessa altura um jovem chamado Pierre Culliford, que tal com o Brel veio a gozar de reputação internacional. Não no campo da música mas das artes gráficas. Ele foi o criador dos dos famosísimos bonequinhos azuis conhecidos por SCHTROUMPFS. O pseudónimo de Pierre Culliford era PEYO.
Hoje o Instituto de São Luís tem o piso Brel e o piso Peyo. Ambos os pisos são destinados às classes da instrução primária.
Ninguém sabe se os dois alunos do Colégio São Luís, Brel e Peyo, alguma vez trocaram alguma palavra, apesar de, com certeza, se terem cruzado nos corredores do colégio.
Esta vinheta está na contribuição que PEYO deu para a ilustração da canção de Brel ROSA e está incluída no livro CHANSONS, de 1988, da Editora Brain Factory International, lda.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

LA BD CHANTE BREL (3)

Mais duas vinhetas extraídas de recriações gráficas de canções de Jacques Brel. São as canções Le plat pays e Regarde bien petit.
Os ilustradores são respectivamente TIBET e DERIB.
Tibet, aliás Gilbert Gascard (29/10/1931 - 2/1/2010) ficou famoso no mundo da BD pela sua criação do Ric Hochet.
Derib, aliás Claude de Ribaupierre, suíço mas trabalhando sempre na Bélgica, foi o autor de Buddy Longway.



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

LA BD CHANTE BREL (2)

Muitos autores de Banda Desenhada têm-se inspirado nas canções de Jacques Brel para dar a conhecer o seu trabalho a um público mais vasto, ajudando ao mesmo tempo a divulgar a obra de Brel. Esta relação biunívoca tem dado bons frutos que estão publicados sobretudo em França, Bélgica e Espanha.
E mostro hoje dois exemplos dessa harmonia entre a palavra do poeta e o traço do desenhador. Duas vinhetas de dois autores franceses : FRED (criador do Philémon) e Olivier MARTIN. Ambos ilustraram a canção Les bourgeois.