sexta-feira, 15 de outubro de 2010

LA BASTILLE



A BASTILHA é também editada em 1955, mas, de certeza, escrita muito antes. Brel, com a sua educação cristã e conservadora, nos seus textos de juventude escrevia coisas como "destruíram a Bastilha e ficou tudo na mesma" ou pior ainda "meu amigo, eu acredito que tudo se pode arranjar, sem medos, mesmo sem insultar os burgueses...".
Claro que rapidamente mudou ideias e poucos anos depois tinha outra opinião muito diferente sobre os burgueses.


A BASTILHA (1955)

Meu amigo que acreditas que tudo deve mudar, achas-te no direito de ir por aí fora matar os burgueses?
Se ainda acreditas que é preciso descer à podridão das ruas para alcançar o poder...
Se ainda acreditas no sonho dessa grande noite onde temos que enforcar os nossos inimigos,
Digo-te que doravante apesar da tua sinceridade nenhum sonho merece uma guerra...
Destruíram a Bastilha e ficou tudo na mesma, destruíram a Bastilha quando o que era preciso era amar...

Meu amigo que acreditas que nada deve mudar, achas-te no direito de viver e de pensar burguesmente?
Se ainda acreditas que é preciso nós defendermos uma felicidade conquistada à custa de outras felicidades... Se ainda acreditas que é por eles terem medo de ti que te saúdam, em vez de te enforquem,
Digo-te que doravante apesar da tua sinceridade, nenhum sonho merece uma guerra...
Destruíram a Bastilha e ficou tudo na mesma, destruíram a Bastilha quando o que era preciso era amar...

Meu amigo, eu acredito que tudo se pode arranjar, sem prantos, sem medos, mesmo sem insultar os burgueses...
O futuro depende dos revolucionários, mas troça dos pequenos revoltados.
O futuro não quer, nem fogo, nem sangue, nem guerra... Portanto, não sejas desses que nos querem dar tudo isso.
Vamos ter esperança, vamos marchar até ao futuro, vamos estender a mão que não esteja fechada!!!
Destruíram a Bastilha e ficou tudo na mesma, destruíram a Bastilha, será que não nos poderemos amar?


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