quarta-feira, 9 de junho de 2010

LES JARDINS DU CASINO



Em toda a discografia de Brel há apenas 3 ou 4 gravações de espectáculos ao vivo. A qualidade do som dessas gravações não é famosa e chega ao ponto de se perceber que os acertos finais de volume são feitos já com o cantor no palco a cantar as primeiras palavras da primeira canção.
Há três canções de Brel que nunca foram gravadas em estúdio. Isto é, apenas existem gravações ao vivo. São elas Amsterdam, Les Timides e esta que traduzo hoje: Les Jardins du Casino, gravada no Olympia em 1964.


Os jardins do Casino (1964)

Os músicos preparam os seus bigodes, os seus violinos e os seus saxofones e a polca começa nos jardins do Casino, onde vagueiam tagarelando, as velhas carcaças que se coçam, ou as menos velhas cheias de cócegas, e os cavalheiros cheios de tempo… Passam também, indiferentes, alguns jovens famintos que ainda confundem o erotismo com a ginástica… Tudo isto levanta uma muralha da China entre o pobre amigo Pierrot e a sua fugaz Colombina nos jardins do Casino…

Os músicos agitam os bigodes, os violinos e os saxofones quando a polca marca o compasso da beleza do Casino… Alguns casais protuberantes dançam como escalopes, com a indolência dos girassóis, perante as artífices do cancan… Um coronel à paisana apresenta às falsas duquesas os seus cumprimentos e os seus respeitos, e beija-mãos e cheira-cus… Tudo isto, já se adivinha, complica a vida do pobre Pierrot que procura a fugaz Colombina nos jardins do Casino…

E então a noite cai em manchas… Os músicos arrumam os seus saxofones, os seus violinos e os seus bigodes, nos jardins do Casino. As jovens regressam aos eus refúgios sem o tal rapaz, ou sem o tal viúvo, que lhes deveria ter oferecido a cestinha onde elas iriam pôr o ovo… Os velhos cavalheiros voltam para casa, para junto das velhas lembranças da sua Madame Bovary, que eles sustentam a qualquer peço… E apenas resta a alma lívida do pobre Pierrot chorando pela fugaz Colombina nos jardins do Casino…




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