AS BEATAS (1962)
Elas envelhecem num passinho miudinho, de cãezinhos em gatinhos... As beatas!
Elas envelhecem tanto mais depressa como confundem o amor com água benta... Como todas as beatas!
Se eu fosse o diabo, ao vê-las passar, acho que me faria castrar... Se eu fosse Deus, ao vê-las rezar, acho que ia perder toda a minha fé, graças às beatas...
Elas vão na procissão num passinho miudinho, de água benta em água benta... As beatas...
E tagarelam, patati, patata... E as minhas orelhas começam a assobiar... As beatas.
Vestidas de negro, como o senhor padre, que é muito bom para todas as criaturas, elas embeatam-se pondo os olhos no chão como se Deus dormisse sob os seus sapatos de beata...
No Sábado à noite, depois do trabalho, encontra-se o operário parisiense... Mas, beatas NÃO!
Porque é fechadas em casa que elas se protegem daquela rapaziada... As beatas,
que preferem encarquilhar-se de novena em novena e de rosário em rosário e orgulharem-se de terem podido conservar aquele diamante que lhes dorme entre as n...(adegas) de beata...
Depois, elas morrem num passinho miúdo, como uma chamazinha, aos montinhos, as beatas, que cemiteriam num passinho miúdo, de manhãzinha, com friozinho, as beatas.
E lá no céu que não existe, os anjos fazem à pressa um paraíso só para elas. Fazem-lhes uma auréola e duas asas, e elas levantam voo no seu passinho miudinho de beata...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário