terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

LA HAINE



LA HAINE, faz parte do primeiro LP que Brel gravou em Fevereiro de 1954. Disco pouco vendido teve também pouca aceitação por parte da crítica francesa. Brel, porém, não desiste nem se desmoraliza com o que dizem dele na imprensa. Distancia-se e continua a trabalhar arduamente, em busca de um lugar ao sol. Repetirá imensas vezes “não sou um poeta, sou um artista de variedades”.
Em La Haine Brel verte todo o seu azedume e “como um bêbado berra a sua cantiga” contra uma musa/sociedade que “destila cada dia o tédio e a banalidade”.
A canção começa com palavras premonitórias: “Como um marinheiro partirei...” Vinte anos depois ele partirá de Antuérpia, e como um marinheiro, faz-se ao mar para dar a volta ao mundo num veleiro.


A RAIVA (1954)


Como um marinheiro partirei para me ir divertir com as raparigas,
E se tu nunca choraste minha alma ficará parva...
Como um marujo partirei para ir rezar ao bom Deus,
E se tu nunca sofreste, eu não vou poder rezar mais...

Tu não cometeste outro pecado que não fosse destilar cada dia
O tédio e a vulgaridade de, enquanto outros destilam o amor.
E mil dias por uma noite, eis o que tu me deste.
Pintaste o nosso amor de negro, terminaste a nossa eternidade...

Como um bêbado partirei para ir berrar a minha cantiga,
E se tu nunca a entendeste vou agradecer ao diabo...
Como um soldado partirei e morrerei como morrem as crianças,
E se tu nunca morreste eu vou querer regressar vivo...

E tu, tu rezas, e tu, tu choras, todos os dias, todos os anos,
É como se com flores nós juntássemos dois continentes...
O amor está morto, viva a raiva, e tu, coisa sem nome,
Vai pendurar o teu sofrimento no museu dos amores falhados...

Como um bêbado partirei para ir berrar a minha cantiga
E se tu nunca a entendeste vou agradecer ao diabo...



E esta é uma versão de LA HAINE em polaco feita pelo Teatr Kochanowskiego w Opolu em 2008.

Sem comentários:

Enviar um comentário