sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

VIVRE DEBOUT



Sobre esta canção um cronista do Jornal Combat disse na altura : « Jacques Brel revela em VIVRE DEBOUT a beleza implacável e cruel dos que não perdoam àqueles que se contentam com o pouco que são »


VIVER DE PÉ (1961)

A gente esconde-se, quando o vento se levanta, com medo que ele nos empurre para combates demasiado duros...
A gente esconde-se em cada novo amor, que a seguir a outro nos diz “sou eu de certeza”...
A gente esconde-se por um instante para que a nossa própria sombra, para melhor fugir da inquietação, seja a sombra de uma criança,
seja a sombra dos costumes que plantaram em nós quando tínhamos vinte anos...
Será impossível viver de pé?...

A gente ajoelha-se porque nos curvamos sob o incrível peso dos nossos tormentos ilusórios...
A gente ajoelha-se depois de ter caído à frente de falsas aparências...
A gente ajoelha-se quando a nossa esperança se reduz a rezar, e quando é demasiado tarde
e nada mais se pode ganhar em todos esses encontros a que faltámos...
Será impossível viver de pé?...

A gente deita-se por um derriço barato, por um piropo reles que se diz a toda a hora...
A gente deita-se para melhor perder a cabeça, para melhor queimar o tédio com lampejos de amor...
A gente deita-se quando acaba a vontade de viver o dia…
Para melhor fazer a corte à morte que se aproxima…
Para alcançarmos por fim a nossa própria derrota...
Será impossível viver de pé?...

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