sábado, 30 de janeiro de 2010

NEW SPACE THEATRE




O espectáculo "Jacques Brel Is Alive and Well and Living In Paris" tem agora uma versão em exibição no New Space Theatre da Cidade do Cabo - África do Sul.
No jornal TONIGHT daquela cidade, no passado dia 26 de Janeiro,
o crítico Zane Henry escreveu um pequeno texto sobre o espectáculo (It's all a little too forced - É tudo ligeiramente forçado) e do qual transcrevo algumas passagens.

(...) Eu vi quatro espectáculos “Jacques Brel Is Alive and Well and Living in Paris” ao longo dos anos, todos eles com diferentes abordagens e graus de sucesso. E não, eu ainda não sei dizer como é suposto ser feito.
Eu sei que é difícil de estragar completamente um espectáculo de Brel. As canções estão tão bem escritas, são tão densas de significado e emoção, são tão, tão, boas que o público vai querer ouvi-las, mesmo que estejam mal produzidas. Old Folks, Amsterdam, Marieke, The bulls, The middle class e, claro, If You Go Away são tesouros que enfrentam repetidas audições consoante a frequência de espectáculos de tributo a Brel.
“Jacques Brel” tem quatro cantores e um quarteto. Os músicos são excelentes e a direção musical de Du Preez Strauss é 5 estrelas.
(...)O canto é uma misturada. A cantora britânica Chrissy Caine não vai muito bem. Ela escapa em Old Folks, mas na maioria das vezes, a sua voz é inadequada para as canções e soa como unhas num quadro negro.
Graham Clarke não tem uma voz muito forte, mas consegue ter muita força na interpretação de Amsterdam. Ele também faz uma convincente efígie de pedra em The Statue. Vi David Chevers noutras produções e admirei a sua energia e o carisma, mesmo que a sua voz fraqueje em canções mais exigentes. Daneel Uys é uma alegria ver e ouvir. Ela conquista corações com a sua interpretação de Timid Frieda e depois quebra-os com Ne Me Quitte Pas. A sua voz é forte, mesmo que ocasionalmente escorregue de paixão para a histeria.
(...) As canções estão distorcidas e muito dificilmente impressionam por aquilo que realmente valem. Mesmo assim, eu gostei. Apesar de, já se sabe, não ser este o caminho que Brel supostamente deveria ser feito.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NEXT

Ontem dei a conhecer a interpretação bem estranha da canção de Brel "AU SUIVANT" pelo senhor Matthieu -M- CHEDID. A mesma canção já foi cantada em inglês pelo Scott Walker e chamava-se NEXT. Mas hoje encontrei esta versão, interpretada pelo irlandês JACK L, bem menos polida que a do Scott.
O texto em inglês é de MORT SHUMAN. Este autor, em parceria com Eric Blau, escreveu o musical "Jacques Brel is Alive and Well and Living in Paris" em 1968.

NEXT
Naked as sin, an army towel covering my belly
Some of us blush, somehow knees turning to jelly
Next, next
I was still just a kid there were a hundred like me
I followed a naked body a naked body followed me
next, next
I was still just a kid when my innocence was lost
In a mobile army whorehouse gift from the army, free of cost
Next, next
Me, I really would have liked a little touch of tenderness
Maybe a word, a smile an hour of happiness
But, next, next
Oh, it wasn't so tragic the high heavens did not fall
But how much of that time I hated being there at all
Next, next Now I always will recall
The brothel truck, the flying flags
the queer lieutenant who slapped
Our asses as if we were fags
Next, next
I swear on the wet head of my first case of gonorrhea
It is his ugly voice that I forever hear
Next, next
That voice that stinks of whiskey of corpses and of mud
It is the voice of nations it is the thick voice of blood
Next, next
And since the each woman I have taken to bed
Seems to laugh in my arms to whisper through my head
Next, next
All the naked and the dead should hold each other's hands
As they watch me scream at night in a dream no one understands
Next, next
And when I am not screaming in a voice grown dry and hollow
I stand on endless naked lines of the following and the followed
Next, next
One day I'll cut my legs off or burn myself alive
Anything, I'll do anything to get out of line to survive
Never to be next . Never to be next.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MATTHIEU -M- CHEDID

Em 7 de Outubro passado publiquei neste blog a versão portuguesa do texto da canção de Jacques Brel "AU SUIVANT".
Está lá também uma interpretação da canção pelo próprio autor, BREL, encontrada no youtube.
Hoje não resisto à tentação de vos dar aqui o LINK para verem este senhor, que se chama Matthieu -M- CHEDID, acompanhado pela Camille, a cantar a mesma canção "Au suivant" no seu estilo muito sui generis...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

HAITI

O DRAMA DOS HAITIANOS EMOCIONOU O MUNDO INTEIRO


Das Edições Jacques Brel recebi esta informação.
Duas canções de Brel “Ne me quitte pas” e “La Quête” foram escolhidas para uma emissão de televisão especial destinada a recolher donativos para o Haiti. Este programa especial foi emitido no dia 22 pela TVA do Canadá, Radio Canada, V télé, Musique Plus, Musimax e LCN.
Esta emissão foi repetida depois no Quebec, em França, na Suiça e na Bélgica. O espectáculo está disponível no ILLICO, em video por encomenda, cuja receita de venda reverterá para ajudas ao Haiti. Até hoje já foram conseguidos 6.000.000 de dolares canadianos, montante que será duplicado pelo governo federal do Canadá.
Belo exemplo de resposta, eficácia e generosidade à qual as Edições Jacques Brel estão felizes por terem podido associar-se.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

LA TOISON D'OR

Em 1963 Jacques Brel foi convidado para colaborar no Festival Barentim escrevendo uma canção para a tragédia de CORNEILLE. Brel escreveu este prólogo para "La toison d'or".

O tosão de ouro

E vocês conquistadores, navegadores antigos,
holandeses temerários e corsários “maloínos“(*)
Procurando as Américas vocês não procuravam nada,
senão a aventura do Tosão de Ouro...
E vocês filósofos vocês sábios do Oriente,
alquimistas atentos e feiticeiros de hoje
Procurando a sabedoria vocês nada procuravam
senão os segredos do Tosão de Ouro...colaborar
E vocês os imperadores preguiçosos ou tolos,
vocês os verdadeiros Carlos Magno vocês os falsos Carlos V
Procurando o poder vocês nada procuraram
senão os reflexos do Tosão de Ouro...
E vocês bravos cavaleiros sedentos de grandeza,
vocês caçadores do Santo Graal de estandartes de honras
Procurando a vitória vocês nada procuraram,
senão o penacho do Tosão de Ouro...
E vocês todos os poetas os sonhadores mal acordados,
arautos do amor para o céu andaluz
Ao ouvir as vossas musas não cantaram outra coisa
senão o velho sonho do Tosão de Ouro...
E vocês gente de hoje, de hoje de amanhã,
vocês varredores de ídolos de deuses de demónios
Procurando a verdade vocês não procuram nada,
senão a claridade do Tosão de Ouro.


(*) de Saint-Malo

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

LES MOUTONS

Quando Brel canta o amor não se fica pelos Je t’aime. Quando canta a guerra não se fica pelas palavras de ordem. Quando canta a morte, não se fica pelos prantos e pelas lamentações. Jacques Brel não procura inspiração nos livros, nos filmes ou nas peças de teatro. Os seus heróis e anti-heróis saem da sua própria vida. Nas suas canções, antes de mais, ele utiliza a sua experiência pessoal, projecta os seus sonhos ou reflecte os seus desânimos perante a sociedade. É o caso desta canção.

Les moutons(1967)

Lamento pastora, mas não gosto nada dos carneiros, sejam eles pura lã ou tenham eles chapéu de coco... Pastem eles nas colinas ou pastem no betão, guiados por alguns cães e por alguns cajados. Lamento pastora, mas não gosto nada dos carneiros...
E não gosto nada dos cordeiros que curvam as costas de rebanho em rebanho, de rebanho em estábulo, de estábulo em escritório... Eu gosto mais dos lobos e dos passarões... Lamento pastora, mas não gosto nada dos cordeiros...
E não gosto nada das ovelhas. Andam sempre engelhadas a dizer que sim. Levam carecadas e voltam a dizer que sim... E o balanço final é o talho, e mesmo assim repisam no SIM! Lamento pastora, mas não gosto nada das ovelhas...
E não gosto nada de rebanhos... Não vêem mais longe que a extrema do seu pasto... Avançam recuando e afogam-se dentro de um copo de água benta. E logo que o vento se levanta deixam à mostra o fundo das costas... Lamento pastora, mas não gosto nada de rebanhos...
Lamento pastora, mas não gosto nada de pastores, eles choram, choram, choram, pastora... Toma cuidado e defende-te, pastora... Um dia tu vais balir. Lamento pastora....

sábado, 23 de janeiro de 2010

MARIA GADÚ



Quarenta anos depois da paulista Maysa Matarazzo ter cantado NE ME QUITTE PAS, outra paulista MARIA GADÚ volta a cantar a mesma canção ao vivo e em CD. No youtube estão as imagens de um programa de televisão - ALTAS HORAS - emitido em Setembro de 2009.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

SONIA THEODORIDOU

Das Edições Jacques Brel recebi a informação sobre mais um espectáculo com reinterpretações de canções de Brel. Desta vez é a soprano grega SONIA THEODORIDOU que canta no Palais des Beaux Arts em Bruxelas, no próximo dia 3 de Fevereiro. Sonia Theodoridou, que será acompanhada ao piano por Nicola Tsalikis, considera que "cantar Jacques Brel é encantar a voz".

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

LE PENDU

Brel é o actor das suas canções. No palco ele faz viver os personagens dos seus textos. Os heróis e anti-heróis que ele inventa dão o corpo e a alma ao público. Na canção de hoje, LE PENDU, o personagem em cena é um amante que vai ser enforcado por ter morto o marido da sua amada... Ele balança, balança, pendurado na forca, e fala com ela, que enquanto assiste ao enforcamento já se está a dar aos soldados que fazem cumprir a sentença. Quem viu Jacques Brel ao vivo, no palco, jamais esqueceu as suas interpretações…


O ENFORCADO

Estou farto de me balançar aqui na minha forca, estou farto do vento do verão que me balança,
estou farto de ver a mulher do mercador que finge que tem pena de mim, sorrindo aos soldados,
ela que dizia gosto tanto do meu mercador que eu sou a sua rainha que ele é o meu rei.
Estou farto de ver os corvos que me vigiam , estou farto de ver os meus carrascos que dormitam,
estou farto de ver a mulher do mercador que finge que chora, sorrindo aos soldados,
ela que dizia gosto tanto do meu mercador que eu sou a sua rainha que ele é o meu rei.
Estou farto de mostrar a língua à minha pobre mãe , estou farto de mostrar a língua aos anjos negros do lucifer, estou farto de ver a mulher do mercador que finge que reza, sorrindo aos soldados,
ela que dizia enquanto houver o mercador eu não poderei fazer nada por nós, não poderei fazer nada por ti.
Estou farto de esticar o pescoço para as nuvens, estou farto de esticar o pescoço para o teu rosto
Estou farto de ver a mulher a mulher do mercador que já não finge nada e que se dá aos soldados
Ela que dizia quando matares o mercador oferecer-te-ei o sétimo céu, e pronto já cá estou...
Estou farto de me balançar aqui na minha forca, ela pode rebentar, a mulher do mercador... eu estou-me marimbando, estou-me marimbando, estou-me marimbando!


quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

PHILIPPE CALLENS (2)

Do site "BREL, TRENTE ANS DÉJÀ!" , de CHRISTIAN PETIT e PHILIPPE CALLENS, recebi a informação que Philippe Callens cantou "Voir un ami pleurer" e foi entrevistado, no programa Grand'Place da passada Segunda-feira, 18 de Janeiro, no canal de televisão local WEO Nord-Pas de Calais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

BREL ENCORE...



Das Edições Jacques Brel recebi a informação sobre um espectáculo de JEAN-PIERRE RENGGLI BREL ENCORE... nos próximos dias 29 e 30 de Janeiro no Teatro Les 50. Jean-Pierre Renggli será a companhado por PHILIPPE BERTHOUD.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ALEXANDRA CRAVERO

No dia 31 de Dezembro último inseri neste rol de cantigas de Jacques Brel o texto de "L'Ivrogne" (O Bêbado). Por curiosidade hoje incluo uma versão da mesma canção cantada por ALEXANDRA CRAVERO num espectáculo no Olympia de Paris em 2002. A canção é acompanhada por um Quarteto de cordas e tem arranjos da própria cantora.
Além de cantar, Alexandra compõe, é chefe de orquestra e toca violino desde os 6 anos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

UN ENFANT

Hoje é dia 17 de Janeiro. Há precisamente 25 anos nasceu o GUI MIGUEL.
PARABÉNS GUI!
Lembras-te de um dia, eras muito pequeno, estares a jantar panquecas [segunda-feira!] e tínhamos um CD do Brel a tocar e eu traduzi-te UN ENFANT enquanto ouvíamos atentamente. Foi a primeira canção de Brel que te traduzi e para minha surpresa percebeste tudo e... gostaste. Penso que depois dessa noite também te tornaste “Breliano”.


UMA CRIANÇA
Sobre esta canção Brel disse um dia que “a canção não é uma arte maior nem menor… Não é uma arte! Dêem-me dez páginas e eu explicarei como vejo uma criança. Numa canção que dura três minutos, as dez páginas vão deduzir-se a três versos que correm o risco de passar despercebidos…”
Un enfant, é escrita em 1965, dois anos antes de Brel deixar os palcos.
Portanto, prova-se aqui que o abandono do espectáculo não foi por falta de inspiração ou de bom material para cantar.

Uma criança agarra-nos um sonho, leva-o nos lábios e parte cantando... Uma criança, com um pouco de sorte, ouve o silêncio e chora diamantes... E ri-se, sem saber que fazer, e chora se nos vê chorar... Adormece com ouro debaixo das pálpebras, e dorme para melhor nos fazer sonhar...
Uma criança escuta o melro que esconde as suas pérolas ao abrigo do vento... Uma criança é o último poeta de um mundo que embirra em querer tornar-se grande... Ela pergunta se as nuvens têm asas, e apoquenta-se com uma neve caída, e adormece com ouro debaixo das pálpebras e duvida que não haja mais fadas...
Mas, uma criança... E nós fugimos da infância, aqui estamos em trânsito, aqui estamos pacientes, aqui estamos passados...



sábado, 16 de janeiro de 2010

BREL Actor (6)

MONT-DRAGON
Realização: Jean Valère
Argumento: Baseado no romance de Robert Margerit
Imagens: Alain Levent
Música: Jack Arel
Montagem: Paul Cayatte
Produção: Alcinter-Films Leitienne
Duração: 95 min.
Estreia: 16/12/1970
COM: Jacques Brel, François Prévost, Paul le Person, Catherine Rouvel.

ARGUMENTO :
Por ter seduzido Germaine Boismesnil, Georges Dormond é expulso do Exército, pelo coronel e amigo de Germaine. Após a morte do Conde Boismesnil, morto pelo seu puro-sangue Erèbe, Dormond vai ao castelo da viúva com a firme intenção de se
vingar. Mas assim que chega seduz Pierrette, a empregada, e reacende o coração de Germaine recordando-lhe os belos momentos que passaram. Depois encontra-se a com a viúva, faz com que ela se desnude, humilha-a e deixa-a. Testemunhando a cena, Martha, a orgulhosa órfã, cai nos braços de Gaston, fiel ordenança do coronel para vingar a sua mãe. Georges não leva muito tempo a ignorar os seus sentimentos. Ele força então Germaine a revelar o seu envolvimento a Pierrette, causando um escândalo. Só Gaston ainda pode dificultar a sua vingança.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

LAURENT VIEL

Das Edições Jacques Brel recebi mais informações sobre a digressão de VIEL CHANTE BREL.


Este é um excerto de uma crítica sobre o espectáculo publicada no jornal LE MONDE.

“Cantar Brel em cena, é confrontar-se com um lendário monstro sagrado [...] Aquele que detesta a intensidade exacerbada de Brel (e tem esse direito) ou aquele que é um fã absoluto do cantor terá aqui amplamente a sua conta. E Laurent Viel, comediante e cantor muito rigoroso, ultrapassa a simples homenagem [...] Este excelente espectáculo expande-se com o igualmente excelente guitarrista Thierry Garcia”


“Eu canto Jacques Brel hoje para namorar com a louca e doce utopia de me tomar por D.Quixote”
Laurent Viel

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

LA BD CHANTE BREL



“Chansons de Jacques Brel en bandes dessinées” é um livro publicado pelas edições PETIT À PETIT em 2007 e contém 11 canções de Brel ilustradas por 11 novos talentos da BD belga.
Cada história é precedida por um pequeno texto biográfico, da autoria de Stéphane Nappez, relacionado com a canção.
30 anos depois da morte de Brel os seus textos conservam toda a poesia e actualidade.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

LUIS GARCIA GIL

O poeta Luis García Gil publica Jacques Brel, una canción desesperada.



Um livro que liga a vida aos textos de Jacques Brel
Luis García Gil, poeta espanhol nascido em 1974, não se limitou no seu último livro a sublinhar o vôo poético do incontornável Jacques Brel, que já é muito. O seu objectivo, que foi conseguido, foi ligar as letras deste cantor e compositor com uma biografia apaixonada de um artista que, curiosamente e explica em Jacques Brel, uma Canção Desesperada “sempre considerou a canção como um género menor e com demasiadas limitações para justificar a distinção de poema”.
O livro, que saiu em finais de 2009, é da Editorial Milenio.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

RÉCITAL JACQUES BREL

Das EDIÇÕES JACQUES BREL recebi a informação sobre mais um espectáculo breliano.
É o "RECITAL JACQUES BREL de Bruxelles aux Marquises" com a voz de DANY ROSSI acompanhada por CARLO MÉROLLE. O espectáculo é no próximo Domingo,17 de Janeiro, pelas 16h, no Cercle Culturel VIEUX-NIMY, na cidade de Jurbise perto de Bruxelas.

domingo, 10 de janeiro de 2010

IL NEIGE SUR LIÈGE



Jacques Brel conheceu em 1964 um jovem advogado, Jean-Pierre Graffé, que era natural de Liége, uma cidade perto de Bruxelas. Tornaram-se amigos embora tivessem ideias opostas sobre quase tudo. Graffé confessou mais tarde que nunca percebeu onde acabava a ansiedade de Brel e começava a sua angústia. Brel começou a frequentar a cidade de Liége e um dia o seu amigo advogado desafiou-o a fazer uma canção sobre Liége. E Brel fez a canção. No entanto o cantor não autorizou logo a sua edição em disco. Justificou esta atitude dizendo que Liége merecia melhor. A canção foi editada anos mais tarde. Anos mais tarde também, o seu amigo, o advogado Graffé, chegou a ministro da Cultura da Bélgica.

NEVA SOBRE LIÉGE (1965)
Neva sobre Liège, e a neve sobre Liège para nevar calça luvas...
Neva... Neva sobre Liège, crescente negro do rio Meuse, sobre a testa de um palhaço branco...
Apagou-se a voz das horas e dos pássaros, das crianças com seus arcos e do negro e do cinzento...
Neva, neva sobre Liège, que o rio atravessa sem ruído...
Neva, neva sobre Liège, e tantas voltas dá a neve entre o céu e Liège, que já não se sabe se neva sobre Liège ou se é Liège que neva sobre o céu...
E a neve junta os novos amantes, os amantes que se passeiam sobre o terraço branco...
Neva, neva sobre Liège que o rio transporta sem ruído...
Esta noite neva sobre os meus sonhos e sobre Liège que o rio trespassa sem ruído...


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MOURON

A cantora MOURON vai levar o seu espectáculo MOURON CHANTE BREL ao teatro MENILMONTANT - Rue du Retrait, em Paris - do próximo dia 30 de Janeiro ao dia 6 de Março.
O espectáculo, que é encenado por Anne Tournie e tem como pianista Terry Truck,é uma vibrante homenagem musical de Mouron àquele que ela não cessa de questionar a obra, o seu grande companheiro de alma: JACQUES BREL!


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

REGARDE BIEN PETIT

Um dia perguntaram a Jacques Brel como costumava compor as suas canções. Primeiro fazia a música? Primeiro fazia o texto? Os dois ao mesmo tempo? Brel respondeu que “para escrever uma canção eram precisas três ideias: Uma ideia para o texto, uma ideia para a música e por fim uma ideia que não se esperava”... E este é que era o grande desafio. Por isso é que as canções de Brel são diferentes. Depois de Brel mais ninguém escreveu canções como Regarde bien, petit, regarde bien...

OLHA BEM, PEQUENO (1968)
Olha bem, pequeno, olha bem...
Lá em baixo na planície, na altura dos juncos, entre o céu e o moinho, há um homem que vem para cá e que eu não conheço, olha bem, pequeno, olha bem...
Será um vizinho de longe? Um viajante perdido? Um fantasma da guerra? Um caixeiro-viajante?... Será um abade, portador das suas falsas notícias que ajudam a envelhecer?... Será o meu irmão que vem dizer-me que já é tempo de haver um pouco menos de ódio? Ou será apenas o vento que faz rodopiar alguma areia, e cria miragens para estarmos aqui a passar o tempo?..
Olha bem, pequeno, olha bem...
Não é um vizinho, o seu cavalo é demasiado nobre para ser destas bandas ou regressar da guerra... Não é um abade, o seu cavalo é demasiado pobre para ser paroquiano... Não é um comerciante, o seu cavalo é demasiado claro e o seu fato é demasiado branco... E também nenhum viajante passou a ponte, depois da morte do pai, e tão pouco sabe os nossos nomes...
Olha bem, pequeno, olha bem...
Não, não é o meu irmão, o seu cavalo teria bebido... Não é o meu irmão. Ele não se atreveria a vir aqui. Não há aqui nada que lhe possa servir. Não é o meu irmão... O meu irmão pode ter morrido. Aquela sombra de meio-dia teria mais tormentos se realmente fosse ele... Deve ser mesmo o vento que faz rodopiar um pouco de areia, para estarmos aqui a passar o tempo...
Olha bem, pequeno, olha bem...
Lá em baixo na planície, na altura dos juncos, entre o céu e o moinho, há um homem que se afasta, e que nós não chegaremos a saber quem é. Olha bem, pequeno, olha bem... Já podes secar as tuas lágrimas. Há um homem que parte e que nós não chegaremos a conhecer... Já podes arrumar as tuas armas...


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

PHILLIPPE CALLENS

Da Compagnie BREL TRENTE ANS DÉJÀ recebi a informação que PHILLIPPE CALLENS estará em ANOR a 23 de Janeiro para revisitar o espírito de Brel.
O cantor faz questão de frisar que o seu espectáculo, que tem a duração de uma hora e meia, não é uma imitação do artista belga, mas simplesmente uma reinterpretação. Jacques Brel é o ídolo de Callens, cujas raízes são também flamengas dado que a sua família é originária de Bruges.
Phillippe Callens tem uma paixão antiga pelo cantor-actor belga, uma paixão que cultiva há mais de 40 anos. Isto apesar de ter chegado à cena bastante tarde, pois que numa “outra vida” ele já foi agricultor e até vereador…
Mas a 23 de Janeiro, no palco, não será a política mas a CANÇÃO quem mais ordena.

AS CANÇÕES DE BREL NUNCA NOS DEIXARAM.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

J'AIME LES BELGES

Das Edições Jacques Brel recebi a seguinte informação:
Reabertura da exposição J’AIME LES BELGES, terça-feira 12 de Janeiro de 2010, às 10 horas. Estamos abertos de terça a sábado inclusivé das 10 às 17horas (última entrada). Aos domingos e feriados das 11h às 17horas(última entrada).
J’aime les Belges é uma exposição criada pelas Edições Jacques Brel e realizada em colaboração com «Collections et Patrimoines».


Desejo-vos um belo momento de emoção com Jacques.
30 anos depois do seu desaparecimento
convido-vos a caminhar no seu universo
para aí descobrir a complexidade dos seus laços com a Bélgica
e a actualidade das suas posições.

France Brel

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

LA CHANSON DE JACKY SITE

O site LA CHANSON DE JACKY oferece agora a sua versão em português aos fãs de Jacques Brel. É sem dúvida o site mais completo sobre o cantor e está disponível nas línguas francesa, italiana, espanhola, holandesa, inglesa e agora na língua de Camões.
Para comemorar este evento volto à Canção de Jacky, já referida no Canto do Brel em 20 de Setembro último. Como não existe a versão portuguesa da canção, optei por esta versão em inglês cantada por Scott Walker.
Este Scott Walker – dos Walker Brothers, esse mesmo - gravou no fim dos anos 60 algumas canções de Jacques Brel com textos em inglês de Mort Shuman. Entre elas estava JACKIE.

domingo, 3 de janeiro de 2010

MAURICE BEJART

Em 2001 o coreógrafo e bailarino MAURICE BÉJART produziu um espectáculo intitulado LUMIERE recorrendo às canções de Barbara e de Jacques Brel.
Béjart definia assim Lumière: “É um ballet de Amor, de memória, de passado e de futuro uma vez que a noite, o dia e o filme engendram o nosso futuro”.
No youtube encontramos videos deste bailado. Vai aqui um exemplo com a ROSA coreografada por Béjart.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

JE VOUS SOUHAITE

Como hoje, dia 1 de Janeiro, é dia das tradicionais mensagens de Ano Novo também quero deixar aqui a minha mensagem. Mas não vou usar palavras minhas. Vou usar as palavras que Jacques Brel disse no dia 1 de Janeiro de 1968, na Estação de Rádio Europe 1, e que foram dirigidas a toda a França.

EU DESEJO-VOS

Eu desejo-vos sonhos que nunca mais acabem
E a vontade furiosa de realizar alguns.
Eu desejo-vos que amem o que é preciso amar
E esquecer o que é preciso esquecer.
Eu desejo-vos silêncios
Eu desejo-vos os cantos dos pássaros ao amanhecer
E os risos das crianças.
Eu desejo-vos que resistam à apatia e à indiferença
Às virtudes negativas do nosso tempo.
Eu desejo-vos sobretudo, sejam vocês.


Jacques Brel, 1968

Como curiosidade deixo aqui um video do YOUTUBE com um filme virtual acerca desta mensagem de Brel.