Em L’AMOUR EST MORT Jacques Brel revisita A canção dos velhos amantes. Mas agora com amargura, com ressentimentos. Sem reconciliação possível. Esta canção foi também deixada fora do lote que integrou Les Marquises e só foi revelada ao público em 2003.
O AMOR MORREU (1977)
Eles nada mais têm a se maldizer, eles agridem-se em silêncio. O ódio tornou-se a sua ciência, os gritos tornaram-se as suas gargalhadas. O amor morreu. O amor está vazio e juntou-se às gaivotas. A grande casa está lívida e as portas batem constantemente.
Eles esqueceram-se que há pouco atravessaram Strasbourg, rindo, e pareceu-lhes bem mais pequeno que uma grande praça dos arredores. Eles esqueceram-se dos sorrisos que espalharam à sua volta...Quando eu te falava de apaixonados, era a eles que eu gostava de descrever...
Por volta do meio-dia abrem-se as tardes que rompem os sinos. É sempre o mesmo redil mas as ovelhas estão enfurecidas. Ele sonha com velhas amantes, ela inventa o seu próximo amante. Eles já não vêem nos seus filhos mais do que os defeitos que o outros lhes deixou...
Esquecerem os bons tempos onde a manhã sorria, quando ele lhe recitava Hamlet, nu em pêlo, e em alemão. Esqueceram-se que viveram a dois e queimaram mil vidas. Quando falava de alegria de viver, era deles que falava...
O piano não é mais que um móvel, a cozinha chora algumas sandes. Eles parecem-se com dois derviches que rodopiam na mesma casa. Ela esqueceu-se que cantava e ele esqueceu-se que ela cantava. Eles assassinam as suas noitadas lendo livros fechados...
Eles esqueceram-se que noutros tempos navegaram de festa em festa. Com esforço inventam-se festas que nunca existriram. Eles esqueceram as virtudes da fome e do frio quando dormiam dentro de duas malas...
E, nós, minha querida??? Como vais? Como vais???
Neste vídeo, que ilustra “L’amour est mort”, foram usados excertos do making of de FRANZ, um filme realizado por Brel em 1972 e onde o cantor contracena com Barbara. Já se falou AQUI neste blog deste filme.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
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