sexta-feira, 27 de agosto de 2010

VOIR



Jacques Brel estava sempre em movimento. Detestava o imobilismo, a preguiça… Dizia que era preciso ser-se curioso… IR VER! Descobrir coisas. Ter a coragem de dizer “não sei, vou ver…” Brel preferia ir VER. Para explicar melhor este ponto de vista ele dava o exemplo do piloto de avião que tinha que voar com mau tempo. Ele, que também pilotava aviões, dizia: “Se está mau tempo não se levanta voo! É uma atitude certa. Mas, é preciso ir ver. Eu levanto voo e se realmente for impossível operar regresso a terra. Mas, pelo menos posso dizer que fui VER”…

Esta canção – VOIR – foi gravada no ano 1958. O ano charneira para JACQUES BREL. Para trás estão as canções bem comportadas, de um lirismo eufórico próprio de um jovem que foi escuteiro e frequentou movimentos católicos juvenis.
A partir de 58 Brel começa a ganhar o estatuto de grande autor. Os seus discos começam a vender-se pelo mundo inteiro e os espectáculos esgotam sempre a lotação, sejam as salas em França, na Rússia, ou no Canadá.
VOIR foi também cantada e gravada por Yves Montand.

VER (1958)

Ver o rio gelado e querer ser uma primavera…
Ver a terra ressequida e semear cantando…
Ver que se tem vinte anos e querer consumi-los…
Ver passar um zé-ninguém e esforçar-se por gostar dele...

Ver uma barricada e querer defendê-la…
Ver morrer a emboscada e depois não se render…
Ver o cinzento dos subúrbios e querer ser Renoir…
Ver o inimigo de sempre e fazer por esquecê-lo...

Ver que se está a envelhecer e querer recomeçar…
Ver um amor florir e querer arder nele….
Ver o medo inútil e deixá-lo aos sapos…
Ver que se é frágil e cantar de novo...

Eis o que eu vejo, eis o que eu quero,
depois que te vejo, depois que te quero...



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