terça-feira, 23 de novembro de 2010

LES BERGERS




Apesar de ser de 1964 esta canção ainda revela traços de um romantismo lírico, neste caso quase folclórico, do primeiros tempos de Brel. O próprio Brel não gostava da canção e nunca a cantou em público. 1964 é o ano de Les bonbons, Amsterdam, Au suivant, Jef, Mathilde, etc. portanto esta canção, Les Bergers, nasceu fora do tempo. Mas, de qualquer maneira, ela aí está rural e bucólica.

OS PASTORES (1964)

Às vezes aparecem-nos com os seus grandes chapéus, e as suas capas de lã, a seguir os rebanhos, os pastores.
Eles sobem, na Primavera quando os dias crescem, e descem depois à vila, tisnados pelo Verão.
Quando os animais param para beber, põem-se a dançar à sombra de uma flauta, os pastores...
Entre eles, são os velhos, os sábios, que reúnem junto ao poço todos os anciãos da aldeia...
E são eles que contam histórias que nos fazem um tal medo que durante três noites, pelo menos, nós sonhamos horrores...
Eles têm as mesmas rugas e as mesmas companheiras e os mesmos aromas que as suas velhas montanhas, os pastores...
Entre eles, são os jovens, os bonitos, que pedem às raparigas para se fazerem altivas...
Eles têm um sorriso que se pode dizer de flor, e as suas gargalhadas fazem jorrar água... Eles têm uns olhares que nos queimam a pele, nos desmembram, nos calam o coração, os pastores...
Mas, todos eles nos enternecem, sejamos raparigas ou rapazes... Os rapazes nos seus sonhos, as raparigas nas suas emoções...
Então, nós partilhamos o vinho e o queijo, e acreditamos por momentos que fazemos parte da viagem dos pastores...
É um pouco como o Natal, o Natal e os seus tesouros, que ficam em nossa casa, em Equinócios de ouro...
Depois, eles vão-se embora com os seus grandes chapéus, e as suas capas de lã, e seguem os seus rebanhos...


1 comentário:

  1. Olá Sérgio
    Parabéns por este trabalho. Brel, dele ficaria contente!
    É esta paixão aqui tão evidente por esse monstro da canção francesa que me leva ainda hoje a trautear as suas canções cujas letras conheço na maioria.
    A força das suas palavras é propria de quem tinha tanto para dar à vida.
    Brel não morreu! Porque há Sérgios que o lembram e Kins que o veneram.
    Não há palavras para o vieux Jacques.
    Aqui virei mais vezes para ler tudo o que aqui foi escrito
    Grande abraço amigo breliano

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