terça-feira, 14 de setembro de 2010

LE FOU DU ROI


Esta canção fez parte do lote de 9 que Barbara gravou em 1961 ("Barbara chante Brel", Odéon).
Brel cria um cenário medieval, faz-se acompanhar por um cravo e canta esta sátira que não é mais do que uma cena da vida real e, diga-se, muito actual. Depois de lermos este texto ficamos com a sensação que conhecemos esta história, ou por já se ter passado connosco, ou por ter acontecido muito perto de nós, com outros ingredientes e noutros contextos, claro.


O bobo do rei (1954)

Era uma vez um bobo do rei que vivia de alma serena, num castelo antigo, apaixonado pela sua rainha. E vivam os corcundas, minha mãe, e vivam os enforcados…

E houve uma grande caçada onde os nobres aos pares, a cada dez metros se beijavam, em caminhos ditos ermos...

Quando o bobo viu a rainha a ser cortejada por um belo conde, fugiu com o coração destroçado para um bosque e chorou de vergonha...

Assim que passaram três dias, ele regressou ao castelo e foi contar tudo ao rei, lá no alto da sua torre...

Depois de ter ouvido tudo, um dia inteiro o rei se riu... Condecorou o conde e mandou enforcar o bobo...

A moral desta história é que, depois de Gide ou de Cocteau, não é preciso entrar em pânico para se ouvirem histórias idiotas...


N.T. Na versão original do texto escrito, Brel inclui uma quadra no final - a moral da história - que não usa na versão cantada. Nesta quadra ele fala em Gide(André) e Cocteau (Jean). Gide e Cocteau são dois poetas e romancistas franceses (séculos XIX e XX) que se destacaram pela sua ultra modernidade artística e cultural. Ambos homossexuais, faziam questão de manifestar pelas mais diversas formas a sua orientação sexual.

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