segunda-feira, 21 de setembro de 2009

LE DIABLE (ça va)

A canção que publico hoje é das primeiras que foram escritas e gravadas por Jacques Brel, em 1953. Brel, ainda totalmente desconhecido vê, um ano depois, esta canção num disco da famosíssima Juliette Gréco. Apesar desta canção ter 56 anos repare-se na actualidade das palavras.

O DIABO (a coisa vai)
Prólogo:
Um dia o diabo veio à Terra, veio à Terra para vigiar os seus interesses...
O diabo viu tudo, o diabo ouviu tudo, e depois de tudo ter visto e de tudo ter ouvido, ele voltou para casa, lá em baixo...
E lá em baixo organizou um grande banquete, e no fim do banquete levantou-se e fez este discurso:

A coisa vai... Um pouco por todo o lado há fogos a iluminar a Terra... Os homens divertem-se como loucos nos perigosos jogos de guerra, a coisa vai... Os comboios descarrilam estrondosamente porque uns gajos cheios de ideais metem bombas nos carris, o que faz mortos bem originais, mortos sem confissão, confissões sem remissão, a coisa vai...
Nada se vende, mas tudo se compra. A honra e mesmo a virtude... Os Estados transformam-se, em segredo, em sociedades anónimas, a coisa vai... Os grandes sacam os dólares que vêm das terras do tio Sam e a Europa repõe em cena “O Avaro”, com um cenário de mil e novecentos... Isto faz os mortos da fome, e a fome das nações, a coisa vai...
Os homens já viram tanta coisa que ficaram com os olhos baços... E já nem se canta pelas ruas de Paris, a coisa vai... Chamam loucos aos honrados e palermas aos poetas, e nos jornais de todo o mundo, todos os pulhas têm a sua fotografia... Isto incomoda as pessoas honestas e diverte os desonestos... A coisa vai, a coisa vai....

1 comentário:

  1. Sérgio
    Obrigado por ter visitado o meu blogue - o "Espaço Azul entre as nuvens".
    Aqui estou, infelizmente mais depressa do que a poder visitar a sua formidável Ilha - uma das que mais gosto dos Açores.
    Sabe que escrevi um livro de poesia sobre a Região?
    Se desejar, envie-me a sua morada para o meu mail - mario.cordeiro@netcabo.pt - e terei todo o gosto de lhe mandar um.
    Abraços.
    Mário

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