sexta-feira, 16 de julho de 2010
LA PARLOTE
A tagarela (1962)
É ela que enche as praças, os passeios, os salões de chá... É ela que conta a história, quando não foi ela que a inventou... A tagarela... É ela que sai todas as noites e não sossega senão ao amanhecer, para despertar depois do amor, entre dois amantes deslumbrados... A tagarela! É que nós dizemos que disse que sim, é aí que nós dizemos que disse que não. É a grande base da segurança, é o melhor aperitivo da França... A tagarela...
Caminhando na ponta dos lábios, meio faquir e meio canalha, de um falsário, ela faz um ourives... De uma bagatela ela faz um escândalo... A tagarela... É ela que atrai a candura nas redes de um passeio, mas, é por ela que o amor em flor, muitas vezes morre em peixeiradas... A tagarela... Por ela mudei o mundo, cheguei mesmo a tocar tambor para carregar uma Pompadour, nada bela e nada loira... A tagarela...
É no Café que ela profere as suas sentenças, e nos tranquiliza, assegurando-nos que aqueles que amamos nunca tiveram sorte, e que aqueles que não amamos também não tiveram... A tagarela... Se é ela que enxuga os olhos, e se é ela que enxuga os prantos, é ela que seca os velhos, e é ela que seca os corações. A tagarela... É ela que verdadeiramente se impõe quando não há mais nada a dizer... É o epitáfio, é a pedra tumular dos amores que deixámos morrer... A tagarela...
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Brel...
ResponderEliminarcontinua encantando...
Perdidamente...
Poesia de Florbela Espanca
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!