sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
MADELEINE
Para Brel o contacto directo em palco, com os seus músicos era imprescidível. Ele lamentava os artistas do play-back dizendo que eles se deixavam vender como os dentífricos. Jacques Brel, no estúdio de gravação, juntamente com a orquestra, fazia duas ou três gravações, não mais. Por fim ia para a cabina de som e com o seu maestro Rauber e com o seu pianista Jouannest escolhiam a melhor gravação.
Jacques Brel foi dos poucos cantores que teve a honra de ser aplaudido pelos músicos da orquestra, durante as gravações. Que se saiba só Sarah Vaughan teve também este privilégio.
MADALENA (1961)
Esta noite espero a Madalena. Trouxe uns lilases, aliás, todas as semanas trago lilases... Ela gosta tanto... Tomaremos o eléctrico trinta e três para ir comer umas batatas fritas ao Eugénio, ela gosta tanto... A Madalena é o meu Natal, a minha América, mesmo que seja boa de demais para mim, como diz o primo Joel... Mas, esta noite, espero a Madalena, iremos ao cinema e direi muitas vezes que a amo… Ela gosta tanto... Ela é tão bonita, ela é... Ela é... Tudo isso... Ela é toda a minha vida, a Madalena, que eu espero...
Esta noite espero a Madalena, mas, já chove sobre os meus lilases... Chove como todas as semanas e a Madalena que não chega! Já é tarde para o eléctrico trinta e três... Já é tarde para as batatas fritas do Eugénio, e a Madalena que não chega... Ela é o meu horizonte, é a minha América, mesmo que seja boa demais para mim, como diz o seu primo Gastão... Mas, esta noite espero a Madalena e só me resta o cinema... Vou dizer-lhe muitas vezes que a amo! Ela gosta tanto... Ela é toda a minha vida, a Madalena, que nunca mais chega...
Esta noite esperava a Madalena, mas já deitei fora os lilases, aliás, deito-os fora todas as semanas... A Madalena não virá... O cinema já se foi e eu fico-me com os meus “amo-te, amo-te”... A Madalena já não virá... Ela é a minha esperança, a minha América, e certamente que ela é boa demais para mim, como diz o seu primo Gaspar... Esta noite esperava a Madalena, e olha, o último eléctrico já partiu e o Eugénio deve estar a fechar... Ela já não vem... A Madalena que nunca mais chega...
Mas, amanhã, amanhã esperarei a Madalena... Trarei os meus lilases. Todas as semanas trago lilases. Ela gosta tanto... Vamos apanhar o eléctrico trinta e três para comer umas batatas fritas no Eugénio... Ela vai gostar tanto... A Madalena é a minha esperança, a minha América. Não me importa que ela seja boa demais para mim, como diz o seu primo Gaspar... Amanhã esperarei a Madalena, iremos ao cinema e eu vou dizer-lhe muitas vezes que a amo... Ela vai gostar tanto...
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