domingo, 29 de agosto de 2010

LES BLÉS



Os primeiros anos de Jacques Brel em Paris não foram fáceis. Durante muito tempo actuou numa sala parisiense chamada Les Trois Baudets mas o público não se entusiasmava. Brel tinha um contra que o prejudicava imenso: O seu sotaque de Bruxelas e maneira de se vestir davam-lhe um ar de provinciano. Tudo isto servia de motivo para ridicularizar o cantor recém-chegado da Bélgica. No entanto, com uma imensa força de vontade ele ignorou tudo isto e o público acabou por reconhecer o seu valor. A canção LES BLÉS, é de 1956 e identifica-se com o gosto popular da esquerda católica que influenciou BREL até 1958.


AS ESPIGAS (1956)

Dá-me a tua mão, o sol apareceu.
Vamos fazer-nos ao caminho, o tempo das colheitas chegou,
O trigo está à nossa espera há muito tempo e nós esperamos muito pão...
A tua mão sobre o meu braço, cheia de ternura, docemente pedirá para poupar as flores,
E a minha foice vai poupá-las para evitar que tu chores...

As espigas são para a foice, o sol para o horizonte,
Os rapazes são para as moças e as moças para os rapazes...

Dá-me os teus olhos, o sol está quente e no teu olhar brilhante ele fez brotar repuxos de água, que melhor que um gesto, melhor que uma palavra refrescarão o teu amado...
Debruçada sobre a terra, tu enfeixas o trigo. E se, por vezes, a tua saia voa por causa do vento leviano,
Perdoa-me se eu vir os tesouros que se revelam para meu prazer...

As espigas são para a foice, o sol para o horizonte,
Os rapazes são para as moças e as moças para os rapazes...

Dá-me o teu coração, o sol cansado foi para outras paragens cantar a cantiga do trigo ceifado.
Chegado é o tempo de se amar. Precisamos respigar a felicidade,
dominada pelo amor, deslumbrada de alegria...
Saudarei o fim do dia apertando-te contra mim e tu encher-me-ás de emoção quando me disseres para sempre...


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