quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

LA CHANSON DES VIEUX AMANTS

Ontem falei aqui da canção dos Velhos Amantes numa versão portuguesa, afadistada por Mísia. Hoje transcrevo a tradução livre do texto de Brel, sem os espartilhos da rima ou da métrica...

A CANÇÃO DOS VELHOS AMANTES (1967)

É certo que entre nós existiram algumas tormentas. Vinte anos de amor é um amor louco... Mil vezes tu fizeste as malas, mil vezes eu bati a asa. E cada móvel, deste quarto sem berço, se lembra dos estrondos das nossas tempestades... Já nada era como dantes, tu tinhas perdido o gosto pela água, e eu, o gosto pela conquista... Mas, meu amor, meu doce, meu terno, meu maravilhoso amor, da clara madrugada ao cair do dia, ainda te amo, tu sabes que ainda te amo...

Eu conheço todos os teus sortilégios, tu conheces todos os meus feitiços. Foste-me apanhando de cilada em cilada, e eu perdi-te de tempos a tempos... É certo que tu tiveste alguns amantes. Era preciso passar bem o tempo, era preciso contentar bem o corpo. E finalmente, finalmente, foi-nos preciso muito talento para sermos velhos sem sermos adultos... Mas, meu amor, meu doce, meu terno, meu maravilhoso amor, da clara madrugada ao cair do dia, ainda te amo, tu sabes que ainda te amo...

E quanto mais tempo passava por nós, mais sofrimento ele nos trazia. Mas, viver em paz, não será a pior das ciladas para dois amantes? É certo que tu choras um pouco menos cedo, e eu só me atormento um pouco mais tarde... Protegemos menos os nossos mistérios, não deixamos as coisas ao acaso, desconfiamos das águas mansas, mas esta guerra da ternura não tem fim... Meu amor, meu doce, meu terno, meu maravilhoso amor, da clara madrugada ao cair do dia, ainda te amo, tu sabes que ainda te amo...


Não resisto à tentação de divulgar uma versão desta canção em holandês. Um dos maiores “cabaretier” deste país, HERMAN VAN VEEN , sempre cantou canções de Brel nos seus espectáculos, e um dos seus sucessos era precisamente LIEFDE VAN LATER – La chanson des vieux amants. E dou o link desta interpretação Herman de Van Veen por duas razões: Por não ter encontrado a versão ao vivo do próprio Brel, e porque vi Herman Van Veen ao vivo no Teatro Carré. Eu estava em Amesterdão em 1976, e por acaso fui assistir ao espectáculo de que presumivelmente estas são algumas imagens…

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