segunda-feira, 28 de junho de 2010

ON N'OUBLIE RIEN



Não esquecemos nada (1961)

Não esquecemos nada, nada, não esquecemos absolutamente nada, habituamo-nos, e é tudo...

Nem essas partidas, nem esses navios, nem essas viagens que nos afundam, de paisagem em paisagem, de rosto em rosto...
Nem todos esses portos, nem todos esses bares, nem todos essas ressacas onde se espera a manhã sombria no cinema do seu whisky.
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Nem esses “nuncas”, nem esses “sempres”, nem esses “amo-te”.
Nem essas paixões, que se perseguem a corta-corações, de tristeza em tristeza, de pranto em pranto...
Nem esses braços brancos duma única noite, colar de mulher que se desprende para o nosso tédio, de madrugada, por promessas de reencontro...
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Nem mesmo esse tempo em que eu teria feito mil canções das minhas mágoas.
Nem mesmo esse tempo em que as minhas memórias tomavam as rugas por um sorriso... Nem essa grande cama onde os meus remorsos têm encontro marcado com a morte.
Nem essa grande cama que eu desejo que em certos dias seja uma festa...
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Não esquecemos nada, nada, não esquecemos absolutamente nada, habituamo-nos, e é tudo...

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