Brel, longe da família, que habitava em Bruxelas, sente-se livre nas suas intermináveis digressões por toda a Europa, de tal maneira que usa e abusa desta liberdade. Vai acabar por tornar-se campeão da infidelidade matrimonial.
De vez em quando bate-lhe um remorso na consciência e escreve canções como esta: PARDONS. Mas… são remorsos passageiros que, tal como as juras da canção, “morrem logo de manhã”.
PERDÕES (1957)
Perdão por aquela rapariga que fizemos chorar, perdão por este olhar que se deixa quando nos rimos.
Perdão por este rosto que uma lágrima mudou, perdão por estas casas onde alguém nos espera,
E depois, por todas estas palavras, que se dizem palavras de amor, e que nós usamos à laia de dinheiro,
E por todas as juras que morrem logo de manhã. Perdão pelos nuncas, perdão pelos sempres...
Perdão por essas aldeolas que já não cantam, perdão por essas vilas que ficaram esquecidas,
Perdão pelas cidades onde ninguém se conhece, perdão pelos países feitos de oficiais subalternos.
Perdão por eu ser daqueles que se lixam para tudo e de não ter tentado todos os dias.
E depois, perdão ainda, e depois, perdão sobretudo, por nunca ter sabido quem nos deve perdoar...
VERSO NÃO CANTADO.
(Perdão por não ver mais as coisas como elas são. Perdão por ter querido esquecer os nossos vinte anos, Perdão por ter deixado esquecidos os nossos ensinamentos. Perdão por renunciar às nossas renúncias
E depois ter-me escondido no meio da vida. E também por ter preferido o salário de Judas, perdão pela amizade, perdão pelos amigos...)
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
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