domingo, 6 de fevereiro de 2011

C'EST COMME ÇA



É ASSIM (1955)

No campo há raparigas que vão buscar água às fontes...
As raparigas fazem fila, airosas, falando muito alto. E falam do fogo e da água...
E é assim que o mundo gira e não há nada a fazer para mudar isto,
É assim que o mundo gira e é melhor a gente não lhe tocar...

Junto das raparigas estão os rapazes, os altos, os magros e os gordos, que galhofam baixinho.
Os morenos, os ruivos e os loiros que falam dos seus velhotes... E dos olhos da Luísa...

Perto dos rapazes, estão os seus velhotes, que têm um ar grave e severo, e que cheiram a cerveja...
Gritam por tudo e por nada, e à noite saem pelas traseiras, para ir à taberna jogar às cartas...

Na taberna estão lá os parceiros. E todos bebem avidamente, esvaziando copos atrás de copos.
E esses tais parceiros, de que eles tanto gostam, vão fazê-los chegar à madrugada, de rastos...
E com os bolsos vazios...

Perto dos parceiros está a cidade, a cidade imensa e inútil que me enoja,
a cidade com os seus prazeres abjectos, que fede à gasolina dos automóveis...
Ou à guerra civil...

Perto da cidade está o campo, onde as raparigas morenas e loiras fazem rodas.
E, pela planície e pela montanha, deixemo-las fechar a roda das boas gentes deste mundo...
E é melhor não lhe tocar, e é melhor não lhe tocar...

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