sábado, 15 de maio de 2010
BRUXELLES
Jacques Brel, como compositor, escreveu apenas duas canções que falavam da sua cidade natal - Bruxelas. Nesta, que hoje traduzo, ele faz um retrato de uma Bruxelas fim de século, com os cavalheiros de cartola e as senhoras de saia arqueada (crinolina), passeando em carruagens de dois pisos. O piso superior era descapotável o que permitia, segundo Brel, “viajar com o coração nas estrelas”. Foi com a idade de 24 anos que Brel deixou Bruxelas. A Bruxelas bruxuleante que não lhe oferecia um lugar ao sol. Instalou-se em Paris e aí, sim, começou a sua grande aventura no mundo da música.
Bruxelas (1962)
Era no tempo em que Bruxelas sonhava. No tempo do cinema mudo. Era no tempo em que Bruxelas cantava… No tempo em que Bruxelas bruxuleava...
Praça de Broukére olhávamos as vitrinas, com os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada...
Praça de Broukére víamos as carruagens, com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele era militar, ela era funcionária. Ele não pensava, e ela... muito menos!
E depois queriam que eu fosse esperto...
Sobre a calçada da Praça de Santa Catarina dançavam os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada... Sobre a calçada dançavam as carruagens com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele soube fazê-la bem e ela deixou fazer... Eles fizeram-na bem feita e depois queriam levar-me a sério...
Sob os lampiões da Praça de Santa Justina cantavam os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada...
Sob os lampiões dançavam as carruagens com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele esperava a guerra, ela esperava o meu pai. Eles eram divertidos como um enterro e depois queriam que eu fosse honesto...
Nota: Não existe nenhuma Praça Santa Justina em Bruxelas. É uma liberdade poética do autor.
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