sábado, 2 de outubro de 2010
GRAND PRIX DU DISQUE
Os primeiros anos de Jacques Brel como cantor foram muito difíceis. Desde terem-no classificado como “ridículo” num concurso de canções na Bélgica, em 1953, a terem-no aconselhado, já em Paris, a “apanhar o último comboio para Bruxelas que estava quase a partir ”, Brel sofreu as agruras e as desilusões de quem quer vencer e convencer num meio hostil.
Mas eis que em 1956 grava a canção QUAND ON N’A QUE L’AMOUR e o êxito da sua carreira finalmente dispara e Brel torna-se rapidamente um dos melhores cantores e autores de língua francesa.
No ano seguinte, devido ao tremendo sucesso de Quand on n‘a que l’amour, é-lhe atribuído o prestigiado GRANDE PRÉMIO DO DISCO. Brel vai ao programa de televisão para receber o prémio, mas não pode esquecer as humilhações por que passou até chegar ali, e não vai de muito boa cara. A apresentadora do programa tenta animá-lo e pede-lhe para ele dizer qualquer sobre Paris. Brel, sem sorrir, diz-lhe “Eu acho que nenhuma cidade pode ser bela para aqueles a quem ela só causa problemas”.
A apresentadora volta à carga “Você é mais um homem do campo?” e Brel não desarma “pode chamar-me o Camponês Cantor, se quiser!”.
A apresentadora muito simpática voltou-se para a audiência: “Sendo assim anuncio que o Camponês Cantor ganhou o Grande Prémio do Disco! BRAVO!!!“ ao que Brel respondeu secamente “ Obrigado”.
A senhora, sempre simpática, caiu na asneira de dizer “ Um pouco mais de entusiasmo não lhe ficava mal”, ao que Brel sempre seco disse “Não acredito nesta treta dos prémios. Que eu saiba nenhum bancário bom profissional ganhou o Grande Prémio dos Bancários. Para mim isto é patético… esta merda desta coroa de louros!”.
A apresentadora engoliu em seco, engasgou-se e ouviu de novo Brel dizer mais este desabafo "Idiotas! Esta raça multiplica-se mais depressa que os coelhos. Você vai compreender um dia destes que a estupidez precisa de uma abordagem severa, por isso acho que devemos chatear os idiotas sempre que houver oportunidade!”
Nota: Os meus agradecimentos a RENÉ SEGHERS (agora na lista dos Brelianos deste blog) pela cedência da foto e pelo texto que consta do seu livro sobre Brel "Jacques Brel a vida e o amor" a publicar brevemente em francês. Neste momento está à venda a edição em holandês.
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