terça-feira, 11 de maio de 2010

AS BEATAS



No dia 26 de Abril falei aqui de 3 padres que gravaram um disco que inclui a canção de Jacques Brel QUAND ON N’A QUE L’AMOUR. E transcrevi parte de um artigo do jornal TRIBUNE DE GENÉVE que dizia quase a terminar “Eles (os 3 curas cantores) vingam-se da morte do devorador de padres que há 32 anos atrás tanto os criticou.” E mais à frente “...Terem ousado cantá-la como cantam, tão mal, massacrando-a, só tem uma explicação. É a vingança 32 anos depois de tudo o que Brel disse sobre eles.”
Hoje fui surpreendido por esta notícia publicada no site da Rádio Renascença :
“Quatro dias depois de Bento XVI regressar a Roma sobe ao palco do Complexo da Boa Nova, no Estoril, um espectáculo musical que conta com 26 artistas e uma orquestra de 12 elementos, que recriarão momentos importantes da vida do Papa João Paulo II, cuja ligação a Portugal era forte, em especial devido a Fátima.
A selecção musical é variada, com temas de artistas como Mick Jagger, JACQUES BREL, Schubert, Andrew Lloyd Weber, Stephen Soundheim e Jason Robert Brown...”
JACQUES BREL ? Outra vez? E numa comemoração papal? Como diz o articulista do TRIBUNE DE GENÉVE ... Isto é mesmo vingança.

Sugiro à organização desta produção – “Wojtyla” – que cantem a canção LES BIGOTES.

AS BEATAS

Envelhecem num passinho miudinho de cãezinhos e gatinhos... As beatas!
Envelhecem tanto mais depressa como confundem o amor com água benta...
Como todas as beatas!
Ah, se eu fosse o diabo, ao vê-las passar, acho que me faria castrar...
Se eu fosse Deus, ao vê-las rezar, acho que ia perder toda a minha fé, graças às beatas...
Elas vão na procissão num passinho miudinho, de pia de água benta em pia de água benta... As beatas…
E patati, patata... E as minhas orelhas começam a assobiar... As beatas…
Vestidas de negro, como o senhor padre, que é muito bom para todas as criaturas, elas embeatam-se pondo os olhos no chão como se Deus dormisse sob os seus sapatos de beata...
No Sábado à noite, depois do trabalho, encontra-se o operário parisiense... Mas, beatas NÃO!
Porque é fechadas em casa que elas se protegem daquela rapaziada... As beatas,
que preferem encarquilhar-se de novena em novena e de rosário em rosário e orgulharem-se de terem podido conservar aquele diamante que lhes dorme entre as n(ádegas)… de beata...
Depois, elas morrem num passinho miúdo, Com uma chamazinha, aos montinhos, as beatas...
Que cemiteriam num passinho miúdo, de manhãzinha, com friozinho, as beatas.
E lá no céu que não existe, os anjos fazem à pressa um paraíso só para elas.
Fazem-lhes uma auréola e duas asas, e elas levantam voo no seu passinho miudinho de beata...

1 comentário:

  1. Brel e o Papa?
    Tem razão, Sérgio.
    "Les flamands, monsieurs", que é como quem diz: "Papa, só a Cerelac".
    Não estou a ver o Brel a dar a mão ao Papa (nem vice-versa).
    Respeitemos a enorme liberdade do cantor, sem promiscuidades que nada têm a ver com ele.

    ResponderEliminar