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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

L'HOMME ET LA MER (3)



E transcrevo mais uma passagem do livro de Prisca Parrish “JACQUES BREL L’HOMME ET LA MER”. Depois de sairem do Faial, os dois barcos, Askoy e Kalais, rumaram à Madeira.
Entretanto, Brel não melhora da gripe e a sua saúde vai continuar a degradar-se sendo mesmo hospitalizado de urgência em Tenerife.

“... Depois de uma curta travessia e de um tempo soberbo efectuámos uma escala divertida no Funchal, capital da Madeira.
O mais espantoso, mesmo para Jacques , que ainda não saía muito, foi ver os carros de cesto. Estes carros são conduzidos à mão ou puxados por um boi. Do alto da colina, por uma rua estreita pavimentada com seixos, eles deslizam a uma velocidade vertiginosa até ao centro da cidade. É preciso ter o coração bem preso ao peito, sobretudo quando chove, porque a água torna ainda mais escorregadia esta calçada antiga.
A cidade, apesar de demasiado turística, é atraente. O primeiro verdadeiro sol. Ainda não são os Trópicos mas há flores por todo o lado, vinhas aconchegadas a suaves colinas, talvez demasiado arranjadas para mim, dão a este conjunto um aspecto afável e garrido. Depois da rude paisagem dos Açores, temos de repente vontade de sorrir. Madeira sem os turistas... Que sonho!
De seguida tomámos o rumo de Tenerife, nas ilhas Canárias...”

domingo, 14 de fevereiro de 2010

L'HOMME ET LA MER



Em 1974 quando Jacques Brel esteve na Horta, no seu iate Askoy, conheceu Prisca Parrish, companheira de outro velejador – Vic – que também estava a caminho do Pacífico, no iate Kalais. Tal foi a impressão causada pelo contacto com Brel (o cantor, o velejador, o homem) que Prisca escreveu um livro contando a história desse contacto e dessa viagem marítima. O livro chama-se JACQUES BREL, L’HOMME ET LA MER, e é da editora PLON, Paris.
Consegui adquiri-lo há dias num “e-alfarrabista” e passo a transcrever algumas passagens sobre o Faial e as suas gentes vistas por uma francesa... há 36 anos.

“...e nos dias seguintes demos grandes passeios pela ilha. Um amigo local conduziu-nos em automóvel a um local onde tinha havido uma forte erupção vulcânica. O solo está coberto de cinza negra. Caminhámos sobre esse chão do fim do mundo com a impressão que iria abater a todo o momento debaixo dos nossos pés. Um farol, solitário nestas terras, está meio enterrado como que envergonhado de se encontrar tão degradado. O silêncio é total, angustiante. A algumas centenas de metros da escarpa emerge uma ilha nua, coberta de lava seca. Os pássaros ousaram aproximar-se e espalharam as sementes do velho mundo para lá dispersar a vida.”
“...a ilha é rude, batida pelos ventos. Os terrenos pouco cultivados vêem-se aqui e ali à espera da próxima mudança, da próxima erupção vulcânica, que pode mudar tudo, destruir ou recriar. Os habitantes estão em trânsito depois de milénios nestas ilhas movediças. Eles são rudes mas hospitaleiros, acolhendo os visitantes com curiosidade e calor. Mistura bizarra.”
“... se sim, então os habitantes dos Açores não têm raízes. As suas ilhas são demasiado movediças. Um vulcão está precisamente em frente à Horta, o seu pico está quase sempre coberto por um manto branco. Terra instável feita de tempestades e de anticiclones, os Açores são um mundo à parte, precário e acolhedor.”