segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ÍDOLOS

Ontem foi emitida na SIC mais uma eliminatória desse acontecimento nacional que tem por nome ÍDOLOS. Umas raparigas e uns rapazes vão para lá cantar cheios de boa vontade e talento e acabam triturados pela máquina das audiências que fabrica ídolos com pés de barro.
Mas vamos ao que interessa….
Conheço muitas interpretações de “NE ME QUITTE PAS” e nenhuma, mas nenhuma, se aproxima do original. Quem quiser emocionar-se e sentir a canção em toda a sua plenitude (texto, melodia e sobretudo interpretação) tem que ouvir o seu autor: JACQUES BREL.
“NE ME QUITTE PAS” é uma canção desesperada.
Quem “cozinhou” esta mini versão de “NE ME QUITTE PAS” para a Diana cantar, fê-lo levianamente, sem escrúpulos. Fê-lo unicamente com fins comerciais: short and sweet! Senão veja-se. Ela canta a primeira estrofe e o primeiro refrão dentro do mesmo registo de súplica e depois passa logo para a última estrofe da canção no registo mais intenso do desespero.
Ora, Brel utilizava exactamente o refrão para exprimir o desespero (Moi je t'offrirai des perles de pluie…) e depois na última estrofe ele voltava à súplica, já humilhante (Je ne vais plus pleurer / Je ne vais plus parler / Je me cacherai là…). Portanto, trocaram as voltas à Diana e, pior que isso, trocaram as voltas à canção de Jacques Brel.
Mas isto é só pequeno reparo. Isto não tem importância absolutamente nenhuma!!!
Tal como o próprio concurso, aliás.
O ÍDOLOS (como outros programas do género) é fabricado e manipulado para se tornar um acontecimento nacional e com ele desviam-se as atenções do que é essencial. Enquanto o Zé Povinho está a entretido discutir a Diana e o Filipe, e a fazer chamadas telefónicas para o boneco, não pensa na crise, no desemprego, no mísero poder de compra, nos impostos, no défice, no endividamento...
O Zé Povinho vive feliz porque pensa que levou os seus ídolos até à final.
E depois, lá mais para o Verão, vai continuar felicíssimo a pôr bandeiras na janela… E por aí adiante.
O RESTO QUE SE LIXE!

3 comentários:

  1. Não posso deixar de estar 200% de acordo!

    A verdade é que com concursos destes conseguem aumentar as audiências e dão muito a ganhar às operadoras telefónicas (que não sei se depois revertem ou não algum do produto das chamadas para a SIC) e Estado. Milhares de chamadas a 60 cêntimos mais IVA (12 cêntimos)... Grande 'tacho' também para os Jurados. Alguma virtude nos 'Bandidos'.

    Por outro lado, estes jóvens convencem-se que são artistas mas, o seu sucesso não passa de uma audição, de duas ou três, de eventualmente mais umas quantas 'ditas galas' e, depois, nunca mais se vai ouvir falar dêles.

    Eu desconheço quem ganhou os dois concursos anteriores e penso que o messmo sucede com a maioria das pessoas.

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  3. Dói-me cá dentro ouvir esta canção cantada desta maneira...

    Soa... errada! É como se a alguém que nunca tivesse ouvido a canção fosse explicado como é que era a canção e depois tentasse re-escrevê-la.

    O ritmo, a entoação, a interpretação... estão todas o suficientemente ao lado para, conhecendo a original, me arrepiar todo.

    Quanto ao resto... é verdade, e eu não sinto um mínimo de simpatia ou compaixão pelas massas ovinas que engolem alegremente o que lhes é dado a engolir.
    No entanto ouço a voz acusadora de Orwell na consciência, que me diz que se há esperança, está nos proles.

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