domingo, 17 de janeiro de 2010

UN ENFANT

Hoje é dia 17 de Janeiro. Há precisamente 25 anos nasceu o GUI MIGUEL.
PARABÉNS GUI!
Lembras-te de um dia, eras muito pequeno, estares a jantar panquecas [segunda-feira!] e tínhamos um CD do Brel a tocar e eu traduzi-te UN ENFANT enquanto ouvíamos atentamente. Foi a primeira canção de Brel que te traduzi e para minha surpresa percebeste tudo e... gostaste. Penso que depois dessa noite também te tornaste “Breliano”.


UMA CRIANÇA
Sobre esta canção Brel disse um dia que “a canção não é uma arte maior nem menor… Não é uma arte! Dêem-me dez páginas e eu explicarei como vejo uma criança. Numa canção que dura três minutos, as dez páginas vão deduzir-se a três versos que correm o risco de passar despercebidos…”
Un enfant, é escrita em 1965, dois anos antes de Brel deixar os palcos.
Portanto, prova-se aqui que o abandono do espectáculo não foi por falta de inspiração ou de bom material para cantar.

Uma criança agarra-nos um sonho, leva-o nos lábios e parte cantando... Uma criança, com um pouco de sorte, ouve o silêncio e chora diamantes... E ri-se, sem saber que fazer, e chora se nos vê chorar... Adormece com ouro debaixo das pálpebras, e dorme para melhor nos fazer sonhar...
Uma criança escuta o melro que esconde as suas pérolas ao abrigo do vento... Uma criança é o último poeta de um mundo que embirra em querer tornar-se grande... Ela pergunta se as nuvens têm asas, e apoquenta-se com uma neve caída, e adormece com ouro debaixo das pálpebras e duvida que não haja mais fadas...
Mas, uma criança... E nós fugimos da infância, aqui estamos em trânsito, aqui estamos pacientes, aqui estamos passados...



1 comentário:

  1. Claro que me lembro!

    Devia ter uns 10-12 anos, se não me engano.

    Lembro-me em particular de me traduzires e explicares o sentido dos versos "E ri-se, sem saber que fazer, e chora se nos vê chorar... Adormece com ouro debaixo das pálpebras".

    Mais do que tornar-me um breliano (isso só se solidificou anos mais tarde quando eu me propus sozinho a ler e a traduzir para mim mesmo Brel), acho que isso despertou a minha sensibilidade poética, extremamente visual e imagética, com tendência a gostar de poemas com ritmo e com forma flexível.
    Não é por acaso que os meus primeiros poetas preferidos foram o Gedeão e o Poe.

    A ti te devo o Brel.

    Obrigado

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