segunda-feira, 14 de junho de 2010

IL Y A



Em 11 de Março passado falei AQUI do primeiro disco de Brel gravado em 1953 e que continha as canções LA FOIRE e IL Y A. Hoje publico a tradução da segunda canção – Il y a – que, segundo Olivier Todd, um dos mais famosos biógrafos do cantor, “é uma espécie de nata batida de clichés sobre um pudim de banalidades neo-realistas”. Tal como disse antes, este disco foi a catapulta de Brel para os palcos. Nesse ano de 1953 ele deixa a fábrica de cartonagens da família, e começa uma nova vida, pela mão de Jacques Canetti, responsável artístico da Philips, em Paris.

(1953)

Há tanto nevoeiro nos portos, pela manhã, que não há raparigas nos corações dos marinheiros...
Há tantas nuvens a viajar lá por cima, que não há pássaros...
Há tantas lavouras, há tantas sementeiras, que não há alegria, não há esperança...
Há tantos ribeiros, há tantos rios que não há cemitérios...

Mas há tanto azul nos olhos da minha amada, nos seus olhos há tanta vida.
Nos seus cabelos há um pouco de eternidade, e há tanta alegria nos seus lábios.

Há tanta luz nas ruas da cidade que não há crianças infelizes...
Há tantas canções perdidas no vento que não há crianças...
Há tantos vitrais, há tantos campanários que não há vozes para nos dizer que nos amam...
Há tantos canais que atravessam a terra que não há rugas na face das mães...


Sem comentários:

Enviar um comentário