domingo, 30 de maio de 2010
LA FANETTE
A situação descrita na canção La fanette repete-se em mais duas ou três canções de Brel. É quando o amor e a morte andam juntos. Nessas canções o amor é repartido por três. E como alguém está a mais o problema resolve-se com o desaparecimento desse alguém. Em La fanette são dois os que a morte leva.
Chamo atenção para a melodia e para orquestração que evocam intencionalmente o vai e vem dolente das ondas do mar numa praia.
A canção foi gravada em 1963 por ISABELLE AUBRET que logo após a gravação sofreu um acidente de viação que a deixou entre a vida e a morte durante vários meses. Brel, generoso como sempre, cedeu-lhe os direitos de autor de La Fanette, definitiva e integralmente.
A FANETTE (1963)
Nós éramos dois amigos e a Fanette amava-me.
A praia estava deserta e dormia em Julho.
Se elas se lembrassem, as ondas diriam quantas vezes para a Fanette eu cantei as minhas canções...
Devo dizer, devo dizer que ela era linda como uma pérola de água...
Devo dizer que ela era linda e eu nem sou bonito...
Devo dizer que ela era morena, tanto como a duna era loira, e eu, tendo uma e outra, eu tinha o mundo...
Devo dizer que eu era louco em acreditar naquilo tudo, crer que era tudo nosso, crer que ela era minha.
Devo dizer que não se aprende a desconfiar de tudo...
Nós éramos dois amigos e a Fanette amava-me...
A praia estava deserta e mentia em Julho.
Se elas se lembrassem, as ondas diriam como para a Fanette se demorava a canção...
Devo dizer, devo dizer que ao sair de uma onda lânguida vi-os afastaram-se como amada e amante...
Devo dizer que eles riram quando me viram chorar. Devo dizer que eles cantaram quando eu os amaldiçoei... Devo dizer que esse dia correu bem... Eles nadaram tão longe, eles nadaram tão bem, que eu nunca mais os vi... Devo dizer que não se aprende... Bom, mas falemos de outra coisa...
Nós éramos dois amigos e a Fanette amava-o a ele... A praia está deserta e chora em Julho, e à noite, às vezes, quando as ondas acalmam, escuto como uma voz, escuto...
É a Fanette...
sexta-feira, 28 de maio de 2010
LA VALSE À MILLE TEMPS
LA VALSE À MILLE TEMPS funciona como um emblema de Jacques Brel. Não só porque se tornou uma das canções mais carismáticas do cantor, mas também porque é o modelo de canção tipicamente breliano. Começa numa suave bonança e termina numa violenta tempestade.
LA VALSE À MILLE TEMPS é o título que dá nome ao seu quarto disco, editado em 1959, e vendeu na altura cerca de 500.000 exemplares. Ganhou no ano seguinte o Grand Prix Francis Carco de l'Académie du Disque.
Os autores de uma campanha publicitária francesa, que incentivava o consumo de carne - "Suivez le boeuf" – fizeram uma versão desta valse à mille temps que passou a ser "La Vache à 1.000 francs". Foi cantada por um senhor chamado Jean Poiret, e mais tarde o próprio Brel, num espectáculo no Olympia, também cantou... La vache.
A valsa a mil tempos (1959)
Ao primeiro tempo da valsa, sozinha, tu já sorris. Ao primeiro tempo da valsa eu estou só, mas dou por ti, e Paris que marca o compasso, Paris que marca a nossa emoção, Paris que marca o compasso, segreda-me muito baixinho...
Uma valsa a três tempos que ainda oferece o tempo para os rodeios do amor...
Como é elegante uma valsa a quatro tempos.
É muito menos dançante, mas sempre elegante, como uma valsa a três tempos. Uma valsa a quatro tempos. Uma valsa aos vinte anos, é muito mais estonteante, mas muito mais fascinante que uma valsa a três tempos...
Uma valsa aos vinte anos. Uma valsa a cem tempos, uma valsa aos cem anos, uma valsa que se ouve em cada esquina de Paris, onde o amor renasce na Primavera...
Uma valsa a mil tempos, uma valsa a mil tempos… uma valsa que pôs o tempo a esperar vinte anos, para que tu tivesses vinte anos e para que eu tivesse vinte anos, uma valsa a mil tempos... Uma valsa a mil tempos oferece, unicamente aos amantes, trezentos e trinta e três vezes o tempo de construir um romance...
Ao segundo tempo da valsa, somos dois. Tu estás nos meus braços. Ao segundo tempo da valsa contamos ao mesmo tempo, um... dois… três... e Paris, que marca o compasso, Paris, que marca a nossa emoção, Paris, que marca o compasso já trauteia...
Ao terceiro tempo da valsa, nós dançamos enfim os três. Ao terceiro tempo da valsa é tu, é o amor e sou eu. E Paris, que marca o compasso, Paris, que marca a nossa emoção, Paris, que marca o compasso, deixa por fim resplandecer toda a sua alegria...
quarta-feira, 26 de maio de 2010
MARROCOS
Pela Editora “Atelier Fol'Fer” foi publicado em Março um livro intitulado LE MAROC,PAR LE PETIT BOUT DE LA LORGNETTE de JEAN PIERRE PÉRONCEL-HUGOZ.
O Editor apresenta assim o seu produto:
“ Observações literárias, políticas ou artísticas, retratos, pequenos gestos diários e grandes actos guerreiros alternam com viagens de ida e volta entre o passado e a actualidade. Dos Berberes aos portugueses, dos sheriffs Alawis ao Marechal Lyautey, das cidades coloniais aos desembarques americanos de 1942, de um bordel famoso cantado por Brel às expedições fenícias para a captura de elefantes perto de Casablanca, Péroncel-Hugoz leva-nos através de caminhos tortuosos através da História infinitamente cintilante desse Ocidente do Oriente, o extremo-Magrebe, Marrocos ...”
Do site Breltrenteansdeja recebi um comentário sobre este livro do qual reproduzo alguns excertos:
Este livro revela-nos informações surpreendentes sobre Marrocos e sobre a "Esfinge", uma instituição prazer faraoónico.
Sem o saber, sem dúvida, Jacques Brel imortalizou a "Esfinge". O bordel mais popular em todo a França colonial. "O bordel mais famoso da Terra", foi visitado por um grande número de pessoas famosas que se mantiveram relutantes em admitir isso.
O único cliente conhecido da “Esfinge”, que teve a ousadia de reconhecer em voz alta e clara que ia lá para "consumir" algo mais que refrigerantes, foi Jacques Brel, diz-nos o autor deste livro.
Outra curiosidade sobre Marrocos é a de que o grande êxito “La Valse à mille temps” foi inspirado e composto no balanço do carro ao fazer as intermináveis curvas das estradas marroquinas. Ou ainda, Brel na canção “Jef” ao falar da Madame Andrée refere-se a uma patroa da “Esfinge”. Na canção, Brel insiste com o amigo bêbado para "ir ver as raparigas, parece que há lá novas... Vem, Jef vem, vem, vem!”.
E o nosso autor conclui este capítulo do seu livro em tom romântico e nostálgico dizendo que Brel, obviamente, encontrou na “Esfinge” momentos inesquecíveis, e talvez até mesmo de felicidade.
« Je veux mourir ma vie avant qu'elle ne soit vieille
Entre le cul des filles et le cul des bouteilles. »
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segunda-feira, 24 de maio de 2010
MON ENFANCE
As dez canções do 11º álbum de Jacques Brel ("Brel 67"), gravadas em quatro sessões, entre 30 de dezembro de 1966 e 18 de janeiro de 1967, incluem esta pérola da canção francesa – MON ENFANCE.
Poucos meses antes de escrever "A Minha infância", Brel confidenciou ao microfone de uma rádio belga: "Não me arrependo nada do meu tempo de infância porque eu acho que é uma coisa que só se suporta uma vez. E eu acho que ela foi muito longa. E às vezes se falo nisso, por exemplo numa canção, não é com pesar ... ".
Marc Robine é definitivo: "É uma das canções essenciais do Grand Jacques. Uma das mais autobiográficas, uma das mais belas, mais fortes, mais sensíveis, mais conseguidas e, provavelmente, uma das maiores canções francesas que se fizeram”.
A MINHA INFÂNCIA (1967)
A minha infância passou-se entre cinzentos e silêncios, entre falsas mesuras e falta de querelas...
No inverno ficava no ventre daquela grande casa que tinha lançado âncora a Norte, por entre os juncos...
De verão, em tronco nu, mas sempre recatado, brincava aos índios, mas com a certeza que os meus tios abastados me tinham roubado o Far West...
A minha infância passou... As mulheres na cozinha - onde eu sonhava com a China - envelheciam nos cozinhados... Os homens, à volta do queijo, envolviam-se de tabaco. Flamengos, soturnos e prudentes, e que não me conheciam. Eu, que todas as noites, ajoelhado para nada, harpejava a minha tristeza aos pés da grande cama... Queria apanhar um comboio que nunca cheguei a apanhar..
A minha infância passou-se de criada em criada... Já me surpreendia que elas não fossem plantas. Surpreendiam-me ainda todas aquelas rodas de família...Todos vestidos de luto, divagando de morto em morto... Espantava-me sobretudo de pertencer a esse rebanho que me ensinou a chorar e que eu conhecia bem demais... Eu que tinha o olho do pastor, mas o coração do cordeiro...
A minha infância explodiu !!! Chegou a adolescência e o muro do silêncio uma manhã ruiu... Foi a primeira flor e a primeira rapariga, a primeira ternura e o primeiro medo... Eu voei, eu juro que voei... O meu coração abriu os braços e eu já não era labrego...
Depois, a guerra chegou...
E aqui estamos hoje...
sábado, 22 de maio de 2010
PATRICK NEDERKOORN, Wie volgt
No blog do meu amigo RODOLPHE GUILLO vi esta versão da canção Au suivant (O seguinte) cujo texto já foi AQUI publicado em 7 de Outubro. É uma versão em holandês cantada por PATRICK NEDERKOORN.
Segundo o Rodolphe “Le son de la langue néerlandaise et l'interprétation de Patrick Nederkoorn, acteur de théâtre, contribuent à cette magnifique reprise qui donne des frissons.” (O som da língua holandesa e a interpretação de Patrick Nederkoorn, actor de teatro, contribuem para esta magnífica versão que dá arrepios).
sexta-feira, 21 de maio de 2010
MICHEL QUINT
Do site LIRE EST UN PLAISIR recolhemos esta notícia assinada por Nicky Depasse:
“Jacques Brel contado por um dos nossos dez melhores escritores contemporâneos: Michel Quint. O Homem do Norte diz que Brel cantou (e escreveu) como nenhum outro. Ele segue-lhe o rasto depois de Roubaix, cidade onde o cantor fez pela última vez um recital em público.
Brel no Olympia, em Nova York, Brel na ópera, Brel nas Marquesas, Brel em Bruxelas... Quem mais que Michel Quint poderia romantizar tal vida, estar à medida do fluxo de génio derramado durante vinte anos.
Ricamente e abundantemente ilustrado por Philippe Lorin, este livro é uma maravilha gráfica e literária.”
Este livro dedicado a Brel, intitulado SUR LES PAS DE JACQUES BREL, é das Edições Presses de la Renaissance e tem texto de Michel Quint e ilustrações de Philippe Lorin. Foi publicado em Fevereiro de 2008.
Na foto os autores, numa Feira do Livro, dão uma entrevista sobre o seu trabalho.
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quinta-feira, 20 de maio de 2010
FERNAND
Esta canção – FERNAND – é o exemplo típico da canção breliana. A encenação está completa porque todos os elementos se conjugam na perfeição para construir uma peça de teatro de 5 minutos. O texto dramático é um “requiem” que o poeta fez para um amigo imaginário. A interpretação é feita apenas por um actor sozinho em palco, com o seu corpo, os seus gestos, os esgares faciais, os olhares. E depois a música… E a orquestração. O ritmo pungente e o toque-toque que se ouve durante a canção, traduzem imagem de um funeral solitário que atravessa Paris na manhã cinzenta. Uma carruagem puxada por um cavalo. Um amigo que morreu…
Fernando (1965)
Dizer que o Fernando está morto, dizer que morreu o Fernando. Dizer que eu estou só, aqui atrás, dizer que ele vai só, à minha frente... Ele na sua última cerveja, eu na minha ressaca, ele no seu caixão, eu no meu deserto. À frente, apenas um cavalo branco. Atrás, só eu, que choro... Dizer que nem sequer há vento para agitar as minhas flores... Eu, se fosse o bom Deus, creio que teria remorsos...
Dizer que agora chove, dizer que o Fernando está morto.
Dizer que atravessamos Paris pela manhãzinha... Mesmo que fosse Berlim, tu, tu não sabias, tu estás a dormir... Mas é triste morrer, ser obrigado a partir quando Paris ainda dorme. Eu rebento de vontade de acordar as pessoas... Vou inventar-te uma família somente para o teu funeral. E depois, se eu fosse o bom Deus, creio que não seria arrogante...
Sei que cada um faz o que pode, mas há sempre uma maneira...
Tu sabes que eu voltarei, voltarei aqui muitas vezes a este lugar da porra, onde tu vais repousar... No Verão far-te-ei sombra e beberemos o silêncio à saúde da Constança que gozou bem com a tua sombra... E depois as pessoas são tão cretinas que nos vão fazer uma guerra... Portanto eu virei por bem dormir aqui no teu cemitério.
E agora bom Deus vai-te rindo... E agora bom Deus, agora eu vou chorar...
Fernando (1965)
Dizer que o Fernando está morto, dizer que morreu o Fernando. Dizer que eu estou só, aqui atrás, dizer que ele vai só, à minha frente... Ele na sua última cerveja, eu na minha ressaca, ele no seu caixão, eu no meu deserto. À frente, apenas um cavalo branco. Atrás, só eu, que choro... Dizer que nem sequer há vento para agitar as minhas flores... Eu, se fosse o bom Deus, creio que teria remorsos...
Dizer que agora chove, dizer que o Fernando está morto.
Dizer que atravessamos Paris pela manhãzinha... Mesmo que fosse Berlim, tu, tu não sabias, tu estás a dormir... Mas é triste morrer, ser obrigado a partir quando Paris ainda dorme. Eu rebento de vontade de acordar as pessoas... Vou inventar-te uma família somente para o teu funeral. E depois, se eu fosse o bom Deus, creio que não seria arrogante...
Sei que cada um faz o que pode, mas há sempre uma maneira...
Tu sabes que eu voltarei, voltarei aqui muitas vezes a este lugar da porra, onde tu vais repousar... No Verão far-te-ei sombra e beberemos o silêncio à saúde da Constança que gozou bem com a tua sombra... E depois as pessoas são tão cretinas que nos vão fazer uma guerra... Portanto eu virei por bem dormir aqui no teu cemitério.
E agora bom Deus vai-te rindo... E agora bom Deus, agora eu vou chorar...
terça-feira, 18 de maio de 2010
VIEILLIR
Jacques Brel gravou o seu último disco em 1977. Um ano depois morria com um cancro nos pulmões. Tinha 49 anos de idade. Esta canção, Vieillir, está nesse disco e segundo testemunhos credíveis após a sua gravação no estúdio, alguns dos músicos da orquestra que acompanhava o cantor, em directo, estavam com lágrimas nos olhos quando a canção terminou. Não só pela crueza das palavras que Brel cantava, mas pelo esforço que ele fez para a cantar. Praticamente só tinha um pulmão a funcionar, e mal.
Ele disse um dia que “o que conta numa vida, é a intensidade com que se vive e não a longevidade dessa vida”
Envelhecer (1977)
Morrer envergonhado por essa guerra, feita pelos Alemães por causa dos Ingleses...
Morrer amante imparcial, entre os seios de uma gorda ou contra os ossos de uma magra dentro de uma masmorra miserável...
Morrer arrepiado, morrer a desfazer-se, encarquilhado, morrer dilacerado...
Ou terminar a corrida na noite do seu centenário, ancião trovejante, soerguido por algumas mulheres, crucificado na Ursa Maior, cuspindo o seu último dente e cantando Amsterdam...
Morrer não é nada... Morrer...? Não custa nada... Mas... Envelhecer... Ah, envelhecer...
Morrer, morrer a rir, é capaz de ser verdade, aliás, a prova é que eles não ousam rir demais...
Morrer a fazer palhaçadas, para desenrugar o deserto. Morrer enfrentando o cancro ao apito do árbitro... Morrer debaixo de um manto , tão anónimo, tão incógnito como morre um sinónimo...
Ou terminar a corrida na noite do seu centenário, ancião trovejante, soerguido por algumas mulheres, crucificado na Ursa Maior, cuspindo o seu último dente e cantando Amsterdam...
Morrer não é nada... Morrer...? Não custa nada... Mas...Envelhecer... Ah, envelhecer...
Morrer coberto de honrarias e inundado de dinheiro, asfixiado pelas flores num monumento...
Morrer depois de uma loira, quando já nada acontece, onde o tempo nos ultrapassa, onde a cama se faz campa... Morrer insignificante, depois de uma tisana, entre um medicamento e um fruto que vai murchando...
Ou terminar a corrida na noite dos seus cem anos, ancião trovejante, soerguido por algumas mulheres, crucificado na Ursa Maior, cuspindo o seu último dente e cantando Amsterdam...
Morrer não é nada... Morrer...? Não custa nada... Mas... Envelhecer... Ah... Ah... Envelhecer...
domingo, 16 de maio de 2010
LUMIÈRE
Maurice Béjart, nome artístico de Maurice-Jean Berger, (1927-2007) foi um dançarino e coreógrafo francês que entre dezenas de espectáculos produziu um, em 2001, com canções de Jacques BREL e Barbara, intitulado LUMIÈRE.
Há um episódio que liga Béjart a Portugal pelas piores razões.
A convite da Fundação Gulbenkian ele actuou no Coliseu dos Recreios em 6 de Junho de 1968, apresentando o seu espectáculo Romeu e Julieta.
A seguir ao espectáculo subiu ao palco para anunciar a morte do pré-candidato às presidenciais norte-americanas Robert Kennedy, assassinado em Los Angeles. Aproveitando o anúncio emotivo deste acontecimento fez um discurso inflamado contra a ditadura salazarenta e, a seu pedido, o que se seguiu foi um ensurdecedor minuto de silêncio. Nessa noite a PIDE foi buscar Béjart ao Hotel Borges, ao Chiado, e foi abandoná-lo às 3 da manhã num posto fronteiriço espanhol.
Maurice Béjart voltaria a Portugal em 1974, logo a seguir à revolução do 25 de Abril e voltou a apresentar o mesmo espectáculo "Romeu e Julieta" no Coliseu dos Recreios.
Em 1998, o então Presidente da República Jorge Sampaio condecorou-o com o grau de grande oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Do espectáculo, Lumiére, foi editado um filme em 2007 e do qual mostro dois excertos que estão no youtube.
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sábado, 15 de maio de 2010
BRUXELLES
Jacques Brel, como compositor, escreveu apenas duas canções que falavam da sua cidade natal - Bruxelas. Nesta, que hoje traduzo, ele faz um retrato de uma Bruxelas fim de século, com os cavalheiros de cartola e as senhoras de saia arqueada (crinolina), passeando em carruagens de dois pisos. O piso superior era descapotável o que permitia, segundo Brel, “viajar com o coração nas estrelas”. Foi com a idade de 24 anos que Brel deixou Bruxelas. A Bruxelas bruxuleante que não lhe oferecia um lugar ao sol. Instalou-se em Paris e aí, sim, começou a sua grande aventura no mundo da música.
Bruxelas (1962)
Era no tempo em que Bruxelas sonhava. No tempo do cinema mudo. Era no tempo em que Bruxelas cantava… No tempo em que Bruxelas bruxuleava...
Praça de Broukére olhávamos as vitrinas, com os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada...
Praça de Broukére víamos as carruagens, com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele era militar, ela era funcionária. Ele não pensava, e ela... muito menos!
E depois queriam que eu fosse esperto...
Sobre a calçada da Praça de Santa Catarina dançavam os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada... Sobre a calçada dançavam as carruagens com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele soube fazê-la bem e ela deixou fazer... Eles fizeram-na bem feita e depois queriam levar-me a sério...
Sob os lampiões da Praça de Santa Justina cantavam os cavalheiros e as senhoras de saia arqueada...
Sob os lampiões dançavam as carruagens com as senhoras e com os cavalheiros de cartola...
E no tejadilho, com o coração nas estrelas, iam o meu avô e a minha avó... Ele esperava a guerra, ela esperava o meu pai. Eles eram divertidos como um enterro e depois queriam que eu fosse honesto...
Nota: Não existe nenhuma Praça Santa Justina em Bruxelas. É uma liberdade poética do autor.
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sexta-feira, 14 de maio de 2010
JEAN MARTIN
Encontrei este vídeo que não resisto mostrar aqui no Canto do Brel.
Trata-se de uma versão bem original da canção VESOUL feita por um francês chamado JEAN MARTIN. O texto traduzido já foi publicado AQUI , em 27 de Abril.
Esta interpretação divertidíssima consegue transmitir-nos aquele ambiente típico de uma discussão familiar em que a mulher é uma teimosa, e o marido um telhudo.
Vejam e divirtam-se…
Trata-se de uma versão bem original da canção VESOUL feita por um francês chamado JEAN MARTIN. O texto traduzido já foi publicado AQUI , em 27 de Abril.
Esta interpretação divertidíssima consegue transmitir-nos aquele ambiente típico de uma discussão familiar em que a mulher é uma teimosa, e o marido um telhudo.
Vejam e divirtam-se…
quarta-feira, 12 de maio de 2010
LE BON DIEU
Jacques Brel nascido em Bruxelas, mas de cepa flamenga, é educado na religião católica, mas sem fé. Na infância e adolescência frequenta um instituto católico,
é escuteiro e colabora com a Franche Cordée, um movimento juvenil católico.
A abordagem dos temas religiosos nas suas canções joga sempre com este dilema teológico: O mundo é cruel! Se Deus é bom e criador porque é que a criação é tão imperfeita? Um padre jesuíta, amigo do cantor, disse um dia que o problema essencial de Brel era o sofrimento do mundo.
Esta grande canção Le bon Dieu, que foi gravada em 1977 para o álbum MARQUISES, reflecte perfeitamente o pensamento de BREL sobre a religião católica.
O bom Deus (1977)
Tu, tu se fosses o bom Deus, tu farias valsar os velhos no firmamento...
Tu, tu se fosses o bom Deus, tu iluminarias os salões para os mendigos...
Tu, tu se fosses o bom Deus, tu não pouparias no céu azul...
Mas... Tu não é o bom Deus, tu és muito melhor... Tu és um homem.
Tu és um homem... Tu és um homem.
A cantora francesa MOURON fez uma versão desta canção que deixo aqui para comparar com o original.
terça-feira, 11 de maio de 2010
AS BEATAS
No dia 26 de Abril falei aqui de 3 padres que gravaram um disco que inclui a canção de Jacques Brel QUAND ON N’A QUE L’AMOUR. E transcrevi parte de um artigo do jornal TRIBUNE DE GENÉVE que dizia quase a terminar “Eles (os 3 curas cantores) vingam-se da morte do devorador de padres que há 32 anos atrás tanto os criticou.” E mais à frente “...Terem ousado cantá-la como cantam, tão mal, massacrando-a, só tem uma explicação. É a vingança 32 anos depois de tudo o que Brel disse sobre eles.”
Hoje fui surpreendido por esta notícia publicada no site da Rádio Renascença :
“Quatro dias depois de Bento XVI regressar a Roma sobe ao palco do Complexo da Boa Nova, no Estoril, um espectáculo musical que conta com 26 artistas e uma orquestra de 12 elementos, que recriarão momentos importantes da vida do Papa João Paulo II, cuja ligação a Portugal era forte, em especial devido a Fátima.
A selecção musical é variada, com temas de artistas como Mick Jagger, JACQUES BREL, Schubert, Andrew Lloyd Weber, Stephen Soundheim e Jason Robert Brown...”
JACQUES BREL ? Outra vez? E numa comemoração papal? Como diz o articulista do TRIBUNE DE GENÉVE ... Isto é mesmo vingança.
Sugiro à organização desta produção – “Wojtyla” – que cantem a canção LES BIGOTES.
AS BEATAS
Envelhecem num passinho miudinho de cãezinhos e gatinhos... As beatas!
Envelhecem tanto mais depressa como confundem o amor com água benta...
Como todas as beatas!
Ah, se eu fosse o diabo, ao vê-las passar, acho que me faria castrar...
Se eu fosse Deus, ao vê-las rezar, acho que ia perder toda a minha fé, graças às beatas...
Elas vão na procissão num passinho miudinho, de pia de água benta em pia de água benta... As beatas…
E patati, patata... E as minhas orelhas começam a assobiar... As beatas…
Vestidas de negro, como o senhor padre, que é muito bom para todas as criaturas, elas embeatam-se pondo os olhos no chão como se Deus dormisse sob os seus sapatos de beata...
No Sábado à noite, depois do trabalho, encontra-se o operário parisiense... Mas, beatas NÃO!
Porque é fechadas em casa que elas se protegem daquela rapaziada... As beatas,
que preferem encarquilhar-se de novena em novena e de rosário em rosário e orgulharem-se de terem podido conservar aquele diamante que lhes dorme entre as n(ádegas)… de beata...
Depois, elas morrem num passinho miúdo, Com uma chamazinha, aos montinhos, as beatas...
Que cemiteriam num passinho miúdo, de manhãzinha, com friozinho, as beatas.
E lá no céu que não existe, os anjos fazem à pressa um paraíso só para elas.
Fazem-lhes uma auréola e duas asas, e elas levantam voo no seu passinho miudinho de beata...
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domingo, 9 de maio de 2010
SOLARIS
Das Edições Jaques Brel recebi a informação sobre mais um espectáculo em homenagem ao cantor. Trata-se do coro feminino SolariS que vai actuar, a 13 de Maio, em Château de Moha,Wanze, Bélgica.
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sábado, 8 de maio de 2010
TITINE
A canção TITINE gravada por Jacques Brel em 1964 é uma adaptação de uma velha canção de 1917 (de Mauban e Bertal) mas que só ficou conhecida em 1936 quando Charlie Chaplin a usou no filme TEMPOS MODERNOS.
Originalmente no texto desta canção o seu autor limitava-se a “procurar a Titine que nunca mais encontrava”. Porém, Brel, bem ao seu estilo, deu a volta ao texto. E meteu-lhe os condimentos necessários para ficar uma canção breliana. Depois de muito procurar a Titine ao volante do seu Hispano, ele finalmente encontrou a sua amada, mas ela tinha mais que fazer do que ficar em casa a aturá-lo. Aturá-lo a ele, ao cão e aos doze filhos... e partiu. Foi ver um filme do Charlot.
O arranjo orquestral de François Rauber ajuda a construir esta cena a preto e branco, cujo protagonista é a figura trágico-cómica do marido traído que procura desesperadamente a mulher.
Titine (1964)
Encontrei a Titine, oh Titine, minha Titine que eu não encontrava! Encontrei-a por acaso a vender mata-borrão atrás de uma montra na Gare Saint Lazare. Disse-lhe, Titine, minha Titine, porque me deixaste? Porque partiste assim, sem um gesto, sem uma palavra? Foste ver um filme do Charlot ao Cinema Olympia. Já há trinta anos que te procurávamos por todo o lado, o meu Hispano e eu, gritando como loucos, atrás de ti, Titine...
Mas agora encontrei a Titine! A minha Titine que eu não encontrava... Procurei-a por todo o lado, do Gabão a Tonquim… Procurei-a em vão, do Chile ao Peru. E disse-lhe Titine, minha Titine, suplico-te, volta! Eu sei que mudaste, estás um pouco menos provocante, pois caminhas como o Charlot, e falas pelos cotovelos, mas enfim, é melhor que nada, quando se vive trinta anos, sozinho com um cão e doze filhos que andaram atrás de ti, Titine.... Titine, oh, minha Titine!
Mas agora encontrei a Titine! A minha Titine que eu não encontrava! Gostava que a vissem... Ela é toda em ouro, bem melhor que a Valentina, bem melhor que a Eleanora. Mas ontem quando lhe disse, Titine, minha Titine, será que ainda me amas? ela foi-se embora outra vez, assim, sem um gesto, sem uma palavra, foi ver um filme do Charlot ao cinema Olympia... E pronto, lá estamos nós, a procurá-la por todo o lado, o meu Hispano e eu, gritando como loucos, atrás da Titine... Titine, Oh, minha Titine !!!
E nós encontraremos a Titine, a minha Titine, e tudo se vai arranjar.
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sexta-feira, 7 de maio de 2010
MADELEINE ZEFF BIVER
MADELEINE Zeff Biver.
Um nome que não diz nada às pessoas mais jovens, mas um nome que todos conhecem através de uma das mais famosas canções de Jacques Brel.
"Ela é tão bonita, ela é tudo isso, ela é toda a minha vida ..." cantou Jacques Brel em homenagem a uma jovem que encontrou em Paris nos anos 50. Uma “starlette” que, na época, frequentava os cafés de artistas, posava nua para pintores e se tornou a porta-bandeira da mini-saia na cidade da luz, antes de se fixar permanentemente em Espanha.
Porém, o país de Franco não conseguia suportar estas excentricidades de Madeleine, e fê-la passar algumas vezes pelas prisões espanholas.
Madeleine, aos 69 anos, ficou colada a uma cadeira de rodas sem qualquer esperança de a deixar um dia, sofrendo de uma forma aguda de esclerose múltipla, que, nas suas próprias palavras, lhe dava "um corpo semelhante a um prato de esparguete cozido".
Madeleine escreveu então uma carta aberta ao jornal espanhol El País, em que pedia permissão para morrer de cabeça erguida "enviando beijos aos que me ajudaram com as suas palavras ou o seu amor."
Depois de muita polémica, Madeleine conseguiu o que queria, mas seu filho não se conformou. Apresentou uma denúncia perante um juiz de Alicante contra aqueles que ajudaram ou incentivaram a morte da sua mãe. "Quando ela estava deprimida, dizia a todos que quisessem ouvir que queria morrer, diz ele, mas poucos dias depois, já tinha esquecido tudo. Eu acho que algumas pessoas são realmente encorajados a tomar a decisão final".
O caso da musa de Jacques Brel dividiu a Espanha e reacendeu um debate acalorado sobre a eutanásia.
JORNAL La Dernière Heure
22/01/2007
quinta-feira, 6 de maio de 2010
GÉRARD JOUANNEST
No ano passado foi publicado um livro escrito por Angela Clouzet - Editor Albin Michel - intitulado "Gérard Jouannest, de Brel a Gréco" (239 páginas).
GÉRARD JOUANNEST, DE BREL A GRÉCO, destaca a carreira do homem que é sem dúvida um dos maiores compositores da canção francesa. Desde que se lembra, Jouannest sempre tocou piano. Nascido numa família humilde - o seu pai era operário e seu avô fabricante de pianos - ele começou aos oito anos a fazer escalas seguindo o conselho de um professor de música Vanves, onde nasceu em 1933. Pianista de Jacques Brel, marido de Juliette Gréco e seu cúmplice de cena, Gérard Jouannest tem uma capacidade inigualável para colocar as palavras na música. Bruxelles, Madeleine, Les vieux, La chanson des vieilles amants, J’arrive, estão entre as mais belas melodias compostas para Jacques Brel.
Jouannest é um ser de grande discrição, que sempre preferiu deixar falar o seu teclado. Daí o interesse deste livro, que convida o leitor a visitar a sua vida em canções de Brel a Gréco, passando pela nova geração de artistas com as quais ele gosta de trabalhar,e que vão de Miossec a Abd al-Malik, com o qual mantém uma relação musical muito forte. Uma vida onde as memórias estão sempre presentes e que, por exemplo, incluem estas palavras comoventes que Brel lhe escreveu das Ilhas Marquesas, em 1977:
"Caro Gérard (...) agradeço a tua atenção para com o "vieux". Tu és precioso para mim e fazes-me sorrir. É por causa de homens como tu, e de mulheres como a Juliette, que me parece cruel ter de morrer tão cedo. Um abraço a ambos. "
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terça-feira, 4 de maio de 2010
MAI 40
Esta canção faz parte do lote de 5 das que foram gravadas durante a produção do álbum Marquises em 1977. Brel não as quis incluir neste disco porque, como tinha canções a mais, tinha que excluir 5. E optou por estas que ele considerou as mais fracas. Deixou instruções precisas para que elas nunca fossem editadas. No entanto, 25 anos depois da sua morte as canções foram publicadas, e incluídas num CD duplo intitulado Infiniment.
A Bélgica foi invadida pelos alemães em 10 de Maio de 1940, tinha Brel 11 anos de idade.
Maio 40 (1977)
Tocava uma música como esta quando a guerra rebentou…
Eu, dos meus onze anos de altitude, observava deslumbrado a soldadesca cansada que me trazia de volta a minha belgitude. Os homens tornavam-se homens, as gares devoravam soldados que fingiam que não partiam… E as mulheres, as mulheres agarravam-se aos seus homens…
E eis que a Primavera se incendiou. Os canhões passavam a cantar e depois regressavam com o rabo entre as pernas. Como regressavam chorando os nossos irmãos envelhecidos e os nossos pais nevoentos… E as mulheres, as mulheres agarravam-se às crianças…
Descobri o que é o refugiado… É um camponês feito nómada, é um marginal que foge duma cidade aberta que está fechada. Descobri o que é o excluído… É um exército que foi desarmado e que deve fazer a caminhada a pé… E as mulheres, as mulheres agarravam-se às suas lágrimas…
De um céu mais azul que o habitual, esse Maio de 1940 fez continência a alguns alemães disciplinados que esmagaram a minha belgitude. A honra perdeu a paciência e cada vila conheceu o medo e cada vila foi apagada… E as mulheres, as mulheres agarram-se ao silêncio…
segunda-feira, 3 de maio de 2010
SE VOCÊ VOLTAR
Mais uma versão brasileira de Ne me quitte pas. Feita para
AGNALDO TIMÓTEO e incluída no seu 7º disco, produzido em 1968.
O texto, que reproduzo abaixo, é bem mais banal que o aqui publicado ontem (Ivon Curi) e serviu plenamente para exibir o vozeirão e o charme deste cantor que virou político. A canção teve o título SE VOCÊ VOLTAR.
SE VOCÊ VOLTAR
Se você partir algum dia amor tudo vai mudar
Não vou mais sorrir nem ouvir cantar a canção de amor
Desse amor só seu que ele nasceu
E à noite a sós eu e a minha voz vamos repetir
o seu nome amor se você partir, se você partir
Mas se ficar prometo lhe dar o dia mais lindo
Que a noite já deu, um novo sol irei procurar
E o céu enfeitar do mais lindo azul
E então você sentirá que o amor
É verdade e o tem nas mãos
Se você ficar se você ficar se você ficar
Se você partir como eu sei que irá eu irei pedir
Para deus me ouvir e tudo fará
esperando o dia de você voltar
E irei morrer vagarosamente sem poder dizer
Deste imenso amor que vai-me acabar se você partir
Se você partir se você partir
Mas se ficar prometo lhe dar a noite mais linda
Que o amor conhecer, prometo o infinito
O amor mais perfeito e tudo o que a vida
A dois pode dar, mas se partir eu vou chorar
O pranto maior de amor que existir
Se você partir se você partir se você partir
Se você partir como eu sei que irá nada restará
Para acreditar, um quarto vazio, espaços vazios
Um olhar vazio que há no seu olhar
Sombras cairão a lembrar minha solidão
Que virá se você partir se você partir
AGNALDO TIMÓTEO e incluída no seu 7º disco, produzido em 1968.
O texto, que reproduzo abaixo, é bem mais banal que o aqui publicado ontem (Ivon Curi) e serviu plenamente para exibir o vozeirão e o charme deste cantor que virou político. A canção teve o título SE VOCÊ VOLTAR.
SE VOCÊ VOLTAR
Se você partir algum dia amor tudo vai mudar
Não vou mais sorrir nem ouvir cantar a canção de amor
Desse amor só seu que ele nasceu
E à noite a sós eu e a minha voz vamos repetir
o seu nome amor se você partir, se você partir
Mas se ficar prometo lhe dar o dia mais lindo
Que a noite já deu, um novo sol irei procurar
E o céu enfeitar do mais lindo azul
E então você sentirá que o amor
É verdade e o tem nas mãos
Se você ficar se você ficar se você ficar
Se você partir como eu sei que irá eu irei pedir
Para deus me ouvir e tudo fará
esperando o dia de você voltar
E irei morrer vagarosamente sem poder dizer
Deste imenso amor que vai-me acabar se você partir
Se você partir se você partir
Mas se ficar prometo lhe dar a noite mais linda
Que o amor conhecer, prometo o infinito
O amor mais perfeito e tudo o que a vida
A dois pode dar, mas se partir eu vou chorar
O pranto maior de amor que existir
Se você partir se você partir se você partir
Se você partir como eu sei que irá nada restará
Para acreditar, um quarto vazio, espaços vazios
Um olhar vazio que há no seu olhar
Sombras cairão a lembrar minha solidão
Que virá se você partir se você partir
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Ne me quitte pas
sábado, 1 de maio de 2010
NÃO ME DEIXES NÃO
No dia 18 de Dezembro falei aqui neste blog de IVON CURI e a canção OS BOMBONS que ele interpreta de uma maneira quase tão irónica como o original de Brel.
O RAFAEL MOREIRA - breliano de Minas Gerais – teve a amabilidade de me enviar mais uma versão de IVON CURI feita em 1961. Trata-se da canção NE ME QUITTE PAS traduzida para português com o nome NÃO ME DEIXES NÃO.
A tradução está excelente e consegue manter um paralelo quase perfeito ao texto original.
Isto faz-me lembrar uma tradução desta canção que foi feita há dois ou três anos pelo famoso fadista Camané. Ele decidiu cantar Brel num dos seus espectáculos e então cantou com grande emoção fadista “ deixa-me ser o OMBRO do teu ombro, o OMBRO da tua mão, o OMBRO do teu cão”.
NÃO ME DEIXES NÃO
Não me deixes não
Deve-se esquecer
O que se esqueceu
O que já passou
Tudo o que ficou
Sem se compreender
E assim perdeu
No que se buscou
Todos esses dias
A matar de vez
De tantos porquês
Nossas alegrias
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Eu te ofertarei
Pérolas de luz
Vindas do país onde luz não há
Abrirei o chão mesmo até morrer
Para te enfeitar de ouro e de prazer
E conquistarei um país sem rei
Onde a lei serás, onde reinarás
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Eu te inventarei
Frases que nem sei mais
Que entenderás
Eu te contarei amantes
Que eu sei que puderam ver
Tudo renascer
Eu te falarei sobre aquele rei
Que morreu porque não te conheceu
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Viu-se muita vez
Se reacender
O velho vulcão
Que já morto está
Há terras que dão rosas em botão
Vendo a flor morrer a cada Verão
Quando a tarde vem
O clarão do céu face do negror e da luz também
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
Não quero chorar
Nem quero falar
Eu me esconderei
A te contemplar
Sorrir dançar
E a te escutar a rir e cantar
Quero renascer
Sombra de tua sombra
Sombra de tua mão
Sombra de teu cão
Não me deixes não
Não me deixes não
Não me deixes não
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