segunda-feira, 26 de abril de 2010

OS PADRES

E volto à notícia que AQUIdivulguei no passado dia 9 deste mês.
Três padres resolveram gravar um disco onde incluíram a canção de Brel QUAND ON N’A QUE L’AMOUR.
Não resisto a transcrever uma pequena crítica saída ontem, 25 de Abril, no Jornal TRIBUNE DE GENÉVE sobre este assunto.


O MASSACRE INESPERADO
Eles esperaram muito tempo. 32 anos. Durante esse tempo eles não se manifestaram. Discretos. Nada transpareceu. A escolha foi longa para chegar a esta manta de retalhos aleatória.
Mas finalmente foram lançados com o poder da publicidade. TF1 incluída. Vimos os anúncios que, provavelmente, custaram um balúrdio. Pompas e cisrcunstância para estas vedetas incógnitas. O mundo a seus pés… deveria talvez dizer a seus joelhos. E pronto, o massacre foi formalmente executado.
Primeiro, são as vozes, essas vozes que nós percebemos porque é que fazem fugir os fiéis das igrejas à força de não expressar nada, excepto o xarope. Vozes doces e insípidas. É compreensível que os gurus evangélicos, os líderes político-religiosos muçulmanos e outros pescadores de almas conturbadas, com vozes fortes recuperem os decepcionados com aquelas vozinhas de falsete.
Em seguida, são os arranjos musicais, tipo cantilenas revisitadas para adulto retardado. E depois a presença visual - talvez devesse dizer a ausência visual?
No entanto, eles cantam. E é dramático.
Eles precisaram de 32 anos para a vingança. Jacques Brel morreu 9 de outubro de 1978, há 32 anos. Jacques Brel o devorador de curas. Eles tiveram 32 anos para se vingar dele. E lá está ela, eles fizeram-na.
Quem? OS TRÊS PADRES, três curas que recentemente gravaram um disco e que parece estar a fazer um enorme sucesso.
E quem massacram? Porque é realmente de um massacre que se trata. Eles vingam-se da morte do devorador de padres que há 32 anos atrás tanto os criticou.
Que massacre? Eles fizeram uma versão da canção “Quand on n’a que l’amour”. Terem ousado fazer isso e cantá-la como cantam, tão mal, massacrando-a, só tem uma explicação. É a vingança 32 anos depois de tudo o que Brel disse sobre eles. É a única justificação.
Ou então o produtor está a gozar com todo o mundo, ou mais ninguém tem o mínimo gosto musical. Dito isto, os gostos e cores, não há nada de menos universal. Se há quem goste, pela minha parte, nada mais tenho a dizer acerca disto.




Pai, perdoai-lhes porque eles sabem o que estão a fazer...

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