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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

GENUÍNO MADRUGA EM HIVA OA

Genuíno Madruga esteve em 2008 nas Ilhas Marquesas e visitou o túmulo de Jacques Brel em Hiva Oa. Foi portador de uma placa concebida pelo PETER Café Sport, da Horta, que desta maneira quis homenagear o cantor 30 anos de pois da sua morte, e 34 anos anos depois de ter sido cliente daquele espaço mítico.
E vou dar-vos a conhecer uma mensagem, acompanhada de fotografia, que recebi do famoso velejador solitário faialense após aquela passagem pela Polinésia.

Caro amigo Sérgio Luís
Acabo de chegar a Huahine, quase ilha encantada de boas gentes, no coração da Polinésia.
A placa em cobre, que coloquei, colada com silicone, na campa do nosso inesquecível Brel, lá estará certamente durante muitos anos salvo se algum pirata por lá aparecer! Todavia em Hiva Oa há um hangar construído propositadamente junto ao Espaço Cultural Paul Gauguin que, para além do JOJO esta devidamente decorado com muita informação acerca da vida e obra de J. Brel, compositor, interprete, actor, marinheiro e homem de nobre coração. Quando lá entrei, foi como se de repente tivesse o tempo recuado ate aos anos 60 quando deliciados escutávamos as canções do grande Brel. Ao olhar ao meu redor, escutando dans le port d’Amesterdam....quase que era capaz de afirmar que J.Brel estava mesmo ali! Fiquei extasiado!!!
Como nota final posso dizer-lhe que os poucos habitantes daquela ilha souberam preservar o legado de Jaques Brel e de Gauguin.
Desde Huahine, com um abraço do amigo
Genuino Madruga


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

JACQUES BREL NA ILHA DO FAIAL

Jacques Brel , o mais francês dos cantores belgas, ou mais belga dos cantores franceses, passou pela Horta em Setembro de 1974.
É sobre essa curta estada que eu vos vou falar.
Brel Esteve nos Açores, não na qualidade de cantor, mas, na de iatista. Em Fevereiro daquele ano, ele tinha comprado um veleiro com a intenção de dar a volta ao mundo em 3 anos. Em 24 de Julho partiu de Anvers, na Bélgica, escalou as ilhas Scily , no sul da Inglaterra, e no primeiro dia do mês de Setembro ancorou o seu barco, de nome Askoy, na baía da Horta.
Acabado de chegar, recebe de Paris a notícia que o seu grande amigo Jacques Pasquier (Jojo) falecera vítima de cancro. Brel segue de imediato no navio Ponta Delgada para a ilha Terceira, e de lá apanha um avião para Paris, para assistir ao funeral do amigo no dia 3 de Setembro.
Entretanto, na Horta, ficam a filha France Brel e a amiga do cantor, Maddly Bammy, a tomar conta do barco.
Brel regressa dias depois aos Açores, no avião particular de um amigo que lhe deu uma boleia até ao Faial. Mas, regressa adoentado, e consegue que o Doutor Luís Decq Mota, médico de ascendência belga, o vá ver a bordo do Askoy. Trata-se de uma gripe.
Porém, estabelece-se uma amizade entre os dois homens, e Jacques Brel acaba por passear pela ilha do Faial na companhia da família Decq Mota.


Visita a oficina do artesão de scrimshaw Oton da Silveira e frequenta o Café Peter.
Deixa o Porto da Horta a 18 de Setembro, rumo à Madeira, e depois atravessa o Atlântico com destino ao Canal do Panamá.
Entretanto, o que se pensava ser uma gripe, piorou, e obrigou o cantor a regressar à Europa. Em Paris foi-lhe detectado um tumor num pulmão.
Brel já não fez a volta ao mundo. Depois de operado, retomou a viagem marítima e levou o Askoy até às Ilhas Marquesas, em pleno Oceano Pacífico. Lá, viveu mais 4 anos, e acabou por falecer em Outubro de 1978. O seu corpo jaz ao lado do de Gauguin, numa das ilhas daquele arquipélago.
Brel, quando deixou os palcos, com 38 anos de idade e no apogeu da fama, fê-lo porque não queria envelhecer à frente do público e porque não se queria tornar no velho cantor cabotino que é aplaudido por deferência. Quando, com 45 anos de idade, se meteu num barco para dar a volta ao mundo, fê-lo para estar muito longe dos oportunistas, dos falsos amigos e dos jornalistas, que não o deixavam em paz. Depois de uma vida de trabalho intenso e esgotante, Brel só buscava o sossego e o isolamento. Como a doença lhe interrompeu o sonho da circum-navegação, optou por ficar a viver numa distante ilha do Oceano Pacífico, onde ninguém o conhecia.
Jacques Brel só não ficou na Horta porque estava demasiado perto da Europa.
No Faial corria o risco de perder a privacidade que ele procurava desesperadamente.

Nota: Fotografia cedida por Filomeno Bicudo