quinta-feira, 9 de setembro de 2010

NARA LEÃO



NARA LEÃO (1942/1989) foi um dos grandes, grandes, nomes da nova música brasileira. Em 1969 ela lançou um LP com 12 temas, intitulado COISAS DO MUNDO, onde estava incluída uma versão em português de LA COLOMBE, de Brel.
São dela estas palavras:
"Jacques Brel é um dos mais importantes autores franceses da actualidade. Seu destaque advém de um notável senso crítico e poético, além da maneira pela qual enfrenta com segurança a estrutura comercial da música popular, sobretudo a europeia."

Em 2008 foi editada uma colectânea (duplo CD) intitulada TROPICÁLIA onde La Colombe está de novo incluída.
Este é o texto escrito por Nara Leão.

La Colombe

Por que essa fanfarra? Se os homens enfileirados
esperam o massacre e vão morrer ou matar
Por que esse trem sem cores? Que ronca alto e suspira
para nos conduzir à tragédia e à mentira
Por que a música, o canto? A multidão que trás flores?
E parece festejar aqueles que não vão voltar
Nous n'irons plus au bois la colombe est blessée
Nous n'allons pas au bois nous allons la tuer

porque chega o momento onde termina a infância
e acaba toda a chance de se viver a paz?
Por que o vagão pesado tão depressa, carregado
de rostos e cores cinzas que se vão para nunca mais?
Por que esse trem de chuva? por que esse trem guerreiro?
por que esse cemitério em direcção à noite?

Por que tantos discursos para saudar os mortos?
e sempre as frases feitas no enterro de seus corpos?
por que a criança morta para saudar a vitória?
por que o dia de glória e o sangue derramado?
por que toda essa terra coberta de cinzas e cruzes?
por que toda essa guerra se a pomba ficou ferida?

Onde o teu caro rosto desfigurado pela lágrima
enfeiado de desgosto quando limpava nossas armas
e teu corpo sombrio que ao longe desaparece
essa chuva no cais, uma flor nesse túnel
como viver um novo dia se os amigos não voltaram?
onde encontrar alegria? que fazer desse amanhã?


Quem quiser ouvir a versão cantada por Nara pode entrar neste SITE e fazer “Play” no título da canção.

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