quarta-feira, 31 de março de 2010
J'AIME L'ACCENT BRUXELLOIS
"Gosto do sotaque de Bruxelas"
As Edições JACQUES BREL criaram um passeio por Bruxelas com a duração de 2 horas e meia que passa por lugares míticos que evocam a memória do cantor. O itinerário propõe uma sucessão de momentos de verdadeira cumplicidade com Jacques, comentados por MICHE (Madame BREL) e FRANCE BREL (filha).
Para aperitivo sonoro do que se vai passar podemos escutar AQUI.
Etiquetas:
Bruxelas,
Bruxellois,
France,
Jacques Brel,
Miche Brel
segunda-feira, 29 de março de 2010
CAROUSEL
No dia 22 de Janeiro de 1968 foi estreado na Broadway o espectáculo “Jacques Brel is Alive and Well and Living in Paris” baseado nos textos das canções de Brel.
No entanto, a tradução dos textos para inglês (para americano ouvir) deixa muito a desejar. Salvaram-se unicamente as melodias porque até as interpretações deixaram de ter qualquer tipo de emoção e passaram a meros números do showbiz, ao gosto bem americano e sempre visto e revisto nos musicais da Broadway, ou nos filmes de Hollywood.
As traduções de 25 canções de Jacques Brel foram feitas por Eric Blau e Mort Shuman. E hoje por curiosidade dou a conhecer uma delas. Depois de se ler o texto e ouvir o senhor John (no vídeo) tirem as vossas conclusões. O original chama-se “La valse à mille temps” .
Escolhi esta canção para chamar a atenção para o novo link aqui à direita. O grupo de teatro CARROCEL já tem um site que deixa à disposição dos brelianos que seguem este blog.
Carousel (1968)
Carnivals and cotton candy, Carousels and calliopes, Fortune-tellers in glass cases
We will always remember these, Merry-go-rounds quickly turning, Quickly turning for you and me
And the whole world madly turning , Turning, turning 'till you can't see
We're on a carousel, A crazy carousel, And now we go around
Again we go around, And now we spin around, We're high above the ground
And down again around, And up again around, So high above the ground
We feel we've got to yell , We're on a carousel, A crazy carousel
We're on a ferris wheel, A crazy ferris wheel, A wheel within a wheel
And suddenly we feel, The stars begin to reel, And down again around
And up again around, And up again around, So high above the ground
We feel we've got to yell, We're on a carousel, A crazy carousel
Carnivals and cotton candy, Carousels and calliopes,Crazy clowns chasing brass rings
Soda pop and rock-candy trees, Merry-go-rounds quickly turning, Quickly turning for you and me...
And the whole world madly turning, Turning, turning 'till you can't see (etc...)
Carnivals and cotton candy,Carousels and calliopes,Kewpie-dolls with painted faces
Tricky shell games and missing peas, Merry-go-rounds quickly turning, Quickly turning for you and me...
And the whole world madly turning, Turning, turning 'till you can't see (etc...)
La,la,la,la -la,la,la,la
La,la,la - la,la,la,la,la - la!
Etiquetas:
Carrocel,
Eric Blau,
Jacques Brel,
Mort Shuman
sábado, 27 de março de 2010
JACQUES
Em 2005 JEAN-FRANÇOIS BATTEZ, um cantor compositor francês, prestou uma singela homenagem a Jacques Brel compondo uma canção dedicada ao cantor belga falecido em 1978.
A canção JACQUES recorre a títulos e expressões das canções de Brel para definir a personadidade do homem, do poeta e do cantor BREL.
Esta canção está incluída no disco de Battez "Entre le ciel et l'eau".
Jacques
Jacques, tu dormes na tua ilha como as nuvens vêm dormir aqui no país plano
Tu podes estar longe mas tu estás muito perto de nós, tu não nos deixas
Tu estás em cada amor que nasce como uma flor de Verão perdida nos lagos
Como um sorriso que canta e derruba todos os nossos muros nos olhos das crianças.
Jacques, quando a lua sobe no céu de todos os velhos como um pêndulo branco
Tu deslizas nos seus olhos suavemente as luzes de um baile para os mendigos
E quando eu estou aborrecido na praça ao meio-dia inundada de sol
A tua aventura sempre de Amesterdão às Marquesas vigia-me o sono.
Jacques, ninguém te esquece, tu tens sempre o teu lugar no vazio das nossas emoções
Tu estás sempre aqui para dizer que não nos ensinam a desconfiar de tudo
E os sonhos que nascem nas vidraças da fábrica parecem-se com pombas
E os eléctricos envelhecidos nos três tempos da valsa não esquecem a Madeleine.
Jacques, tu fazes apenas uma pequena viagem ao outro lado do dia e as salas estão cheias
Porque o som da tua voz, como se diz aos seguintes, é tal qual a das sirenes
Tu estás sempre em palco altivo de tristeza em lágrimas pela tua Frida
Com as mãos estendidas e o olhar perdido para dizer ao Jef, vem...
Jacques, tu sonhas na tua ilha no meio das cores no respirar do repouso
Mas nas praças de Bruxelas, quando a cidade dorme, tu «frères» ainda
E todos os velhos amantes por um pouco de ternura acham-se na Primavera
Quando não há mais que o amor que Brel nos deixou encontrámos a estrela.
sexta-feira, 26 de março de 2010
NE ME QUITTE PAS
NE ME QUITTE PAS foi cantado por Frank Sinatra, por Nina Simone, por Julio Iglesias, por Barbra Streisand, por Shirley Bassey, por Maysa... enfim, por muitos dos famosos do mundo do espectáculo. NE ME QUITE PAS é cantado por americanos, finlandeses, alemães, italianos, vietnamitas, argentinos, gregos, etc,etc. NE ME QUITTE PAS é cantado em português, em inglês, em espanhol, em croata, em polaco, em holandês, em russo,etc,etc.
Mas como é natural só o seu autor soube transmitir ao público aquilo que realmente sentia ao cantá-la porque cantar esta canção era, no fundo, um prolongamento do acto penoso e dramático de a escrever. Podemos considerar então que há boas ou más versões de Ne me quitte pas. Só isso. Como o original ... jamais! como diz o outro.
Para mais informações sobre esta canção de Brel podem consultar o site LA CHANSON DE JACKY.
Encontrei no youtube esta versão da canção NE ME QUITTE PAS em russo (Я покидаю этот город) cantada por Aziza Muhamedova e que mostro aqui por curiosidade.
quinta-feira, 25 de março de 2010
L'ENFANCE
A propósito de ter falado aqui no filme LE FAR WEST, no passado dia 23, publico hoje o texto da canção L'enfance que Brel compôs para o filme. O far west estava no imaginário do Grand Jacques e por isso ele o usou mais vezes noutras canções.
As aventuras de cow boys e índios faziam parte das brincadeiras da miudagem dos anos 40, 50 e 60. O poder do cinema americano impunha-se e nós queríamos imitar os nossos heróis da pradaria. Um grupo de miúdos com umas pistolas de plástico faziam de cow boys - os bons. Este grupo perseguia pelas ruas e jardins o outro grupo, armado com uns arcos e umas flechas muito toscos. Eram os terríveis índios. Os maus que era preciso exterminar! O que nós aprendíamos com as fitas americanas!
A INFÂNCIA (1973)
A infância, quem nos pode dizer quando acaba, quem nos pode dizer quando começa?... É nada com imprudência, é tudo o que está por escrever...
A infância, o que nos impede de a viver e de a reviver indefinidamente?... De viver e reviver o tempo de rasgar o fim do livro.
A infância que se poisa nas nossas rugas, para fazer de nós velhas crianças... Eis-nos jovens amantes de coração cheio e cabeça vazia...
A infância é ainda o direito de sonhar e o direito de sonhar uma vez mais...
O meu pai era um garimpeiro e o tédio foi o que ele mais encontrou...
A infância... É meio-dia todos os quartos de hora, é quinta-feira todas as manhãs...
Os adultos são desertores, todos os burgueses são uns índios...
terça-feira, 23 de março de 2010
BREL REALIZADOR (2)
LE FAR WEST
Realização: Jacques Brel
Argumento: Jacques Brel
Imagem: Alain Levent
Música: Jacques Brel et François Rauber
Montagem: Jacqueline Thiédot
Produção: IFC Films, Films 13
Duração: 85 min.
Estreia: 15/05/1973
Com: Jacques Brel, Gabriel Jabbour, Danielle Evenou, Arlette Lindon, et des amis de Jacques Brel.
Jacques, um « Bruxellois » quarentão, encontra um dia o faquir Abracadabra que, antes de morrer, lhe transmite uma energia única com efeitos que Jacques desconhece. Num acaso da vida, ele vai encontrar um garimpeiro, Gabriel, personagem generoso, vestido como Davy Crockett, que irá segui-lo sem fazer perguntas. Os dois companheiros, seguidos por outros, partem à conquista do Far West da sua infância, como Voltaire procurou o El Dorado e Saint-Exupéry procurou o planeta desconhecido.
Porque o Far West é em lado nenhum: é uma parcela imaginária como todo o mundo gosta de sonhar, um pedaço de felicidade escondido no coração ...
domingo, 21 de março de 2010
BREL REALIZADOR (1)
FRANZ
Realização: Jacques Brel
Argumento: Jacques Brel e Paul Andréota
Música: Jacques Brel et François Rauber
Montagem: Jacqueline Thiédot
Produção: Belles Rives-Cinevog
Duração: 90 min.
Estreia: 02/02/1972
Com: Jacques Brel, Barbara, Danièle Evenou, Fernand Fabre, Serge Sauvions, Louis Navarre, Jacques Provins, François Cadet.
SINOPSE
Leonie e Catherine chegam a uma casa de saúde para funcionários em Blankenberge. Enquanto que uma é bastante reservada, a outra tem um caráter verdadeiramente bizarro, atraindo a virilade de todos os homens. Uma só excepção, Léon, que intriga a personalidade secreta de Léonie. Ele corteja-a desajeitadamente e ela deixa-se levar pelo comportamento deste solitário inábil. Os outros pensionistas, divertindo-se com o romance, arquitectam uma encenação estranha.
Neste video Barbara canta a canção de Brel "Sur la place" ilustrada por imagens de FRANZ:
sábado, 20 de março de 2010
AU PRINTEMPS
Quando esta canção saiu em Paris em 1958, todas as rádios francesas a começaram a utilizar para a abertura oficial da Primavera. Assim, durante vários anos, a 21 de Março, este hino popular à Primavera era tocado infalivelmente. Por este e por muitos outros sucessos Jacques Brel passou a figurar no Dicionário Larousse a partir de 1969.
Na Primavera (1958)
Na Primavera , o meu coração e o teu coração são retocados com vinho branco, e os amantes vão rezar à Nossa Senhora do Bom Tempo na Primavera por uma flor, um sorriso, uma jura, a sombra de um olhar...
Alegremente todas as raparigas vos darão os seus beijos e depois todas as suas esperanças... Vejam todos esses corações, parecem alcachofras que se desfolham continuamente para se oferecer aos namorados... Vejam todos esses corações, parecem brasas que se inflamam, rindo-se para as miúdas do Metro...
Por uma flor, um sorriso, uma jura, a sombra de um olhar...
Alegremente, Paris toda se transformará em beijos, talvez mesmo em noite de gala... Vejam, Paris toda, transforma-se em pastagens para os rebanhos de namorados com pastores pouco atentos... Vejam, Paris toda, faz a festa da aldeia para abençoar ao sol esses novos enlaces...
Por uma flor, um sorriso, uma jura, a sombra de um olhar...
Alegremente, toda a Terra se transformará em beijos que falarão de esperança... Vejam bem este milagre, porque é o último que se nos oferece sem termos que o chamar... Vejam este milagre que está a acontecer, é a primeira oportunidade, a única do ano...
Na Primavera , o meu coração e o teu coração são retocados com vinho branco, e os amantes vão rezar à Nossa Senhora do Bom Tempo na Primavera...
sexta-feira, 19 de março de 2010
FILS DE...
Jacques Brel nasceu em Bruxelas. O seu pai era dono de uma fábrica de cartonagem.O destino de Brel seria ocupar o lugar do pai quando chegasse a devida altura. Só que o seu destino foi outro. Com 24 anos participa num concurso de canções, “Grand Prix de la Chanson”, na Bélgica, e fica em penúltimo lugar, entre 28 concorrentes. Em 1958, com 29 anos de idade, Brel grava um LP que vendeu quarenta mil exemplares. Dez anos depois um outro disco vendeu em todo o mundo centenas de milhar de exemplares. O último LP,gravado em 1977, esgotou a primeira edição mesmo antes de chegar às lojas. Na primeira semana vendeu 2 milhões de exemplares.
Brel foi pai de 3 filhas, Chantal nascida em 1951, France em 1953 e Isabelle em 1958. Nenhuma delas seguiu os passos do pai.
Filho de... (1967)
Filho de burguês ou filho de apóstolo, todas as crianças são como as vossas. Filho de imperador ou filho de ninguém, todas as crianças são como a tua. O mesmo sorriso, as mesmas lágrimas, os mesmos medos, os mesmos suspiros... Filho de imperador ou filho de ninguém, todas as crianças são como a tua...
Mas só depois... muito tempo depois...
Mas, filho de sultão, filho de faquir, todas as crianças têm um império sob cúpulas de ouro ou sob tectos de colmo. Todas as crianças têm um reino, um recanto de mar, uma flor que estremece, um pássaro morto parecido com elas... Filho de sultão, ou filho de faquir, todas as crianças têm um império...
Mas só depois... muito tempo depois...
Mas, filho do teu filho ou filho de estrangeiro, todas as crianças são feiticeiras... Filho dum amor, filho duma
paixoneta, todas as crianças são poetas. Elas são pastores, elas são reis magos, elas têm nuvens para melhor poder voar... Filho do teu filho ou filho de estrangeiro, todas as crianças são feiticeiras...
Mas só depois... muito tempo depois...
Brel foi pai de 3 filhas, Chantal nascida em 1951, France em 1953 e Isabelle em 1958. Nenhuma delas seguiu os passos do pai.
Filho de... (1967)
Filho de burguês ou filho de apóstolo, todas as crianças são como as vossas. Filho de imperador ou filho de ninguém, todas as crianças são como a tua. O mesmo sorriso, as mesmas lágrimas, os mesmos medos, os mesmos suspiros... Filho de imperador ou filho de ninguém, todas as crianças são como a tua...
Mas só depois... muito tempo depois...
Mas, filho de sultão, filho de faquir, todas as crianças têm um império sob cúpulas de ouro ou sob tectos de colmo. Todas as crianças têm um reino, um recanto de mar, uma flor que estremece, um pássaro morto parecido com elas... Filho de sultão, ou filho de faquir, todas as crianças têm um império...
Mas só depois... muito tempo depois...
Mas, filho do teu filho ou filho de estrangeiro, todas as crianças são feiticeiras... Filho dum amor, filho duma
paixoneta, todas as crianças são poetas. Elas são pastores, elas são reis magos, elas têm nuvens para melhor poder voar... Filho do teu filho ou filho de estrangeiro, todas as crianças são feiticeiras...
Mas só depois... muito tempo depois...
quinta-feira, 18 de março de 2010
MARJORIE ESTIANO
Em 23 de Março, no Bourbon Street, Clube musical de São Paulo, a cantora Marjorie Estiano estreia um novo projecto, Combinação Sobre Todas As Coisas, em que faz um "laboratório musical" para sua futura digressão, em que interpretará músicas de outros artistas.
Dentre as canções escolhidas estão Cajuína (Caetano Veloso), Imoral, Ilegal ou Engorda (Roberto e Erasmo Carlos), Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), Quizas (Osvaldo Farrés), Miss Celie´s Blues (Quincy Jones), Chocolate Jesus (Tom Waits) e Ne Me Quitte Pas (Jacques Brel).
Dessa vez, Marjorie é acompanhada por um novo sexteto composto pelos músicos João Bittencourt (piano e acordeon), José Maria (sax barítono), Juninho (trompete e voz), Mauricio Oliveira (baixo), Gláucio Ayala (bateria e voz) e Caio Barreto (guitarra e voz).
Com mais esta versão de "Ne me quitte pas" o número de versões que consta do site LA CHANSON DE JACKY
vai passar para 912 !
quarta-feira, 17 de março de 2010
...LES VIEUX AMANTS
Segundo o site LA CHANSON DE JACKY há, até ao momento, 337 versões do tema de Jacques Brel “La Chanson des Vieux Amants”. Com este número de versões classifica-se em 2º lugar na tabela de versões brelianas.
Por curiosidade fique a saber que, com mais de 900 versões, encontra-se em 1ºlugar, “NE ME QUITTE PAS” e a canção “Amsterdam”, também com mais de 300 versões, está em 3ºlugar.
As versões de “...vieux amants” passam, por exemplo, por José Carreras, Walter Di Gemma , Juliette Gréco , Noel Harrison, Maxime Le Forestier , Alison Moyet , Herman van Veen, Sylvie Vartan e até a fadista Mísia.
No youtube encontrei estas duas versões que pelo seu contraste não resisto a mostrá-las aqui neste espaço.
A primeira versão é da cantora belga MAURANE que canta com um grupo coral de 1000 vozes chamado Les Fous Chantants d’Alés.
A segunda versão é da fadista Mariana Correia que canta em Genève na Salle AMR.
Por curiosidade fique a saber que, com mais de 900 versões, encontra-se em 1ºlugar, “NE ME QUITTE PAS” e a canção “Amsterdam”, também com mais de 300 versões, está em 3ºlugar.
As versões de “...vieux amants” passam, por exemplo, por José Carreras, Walter Di Gemma , Juliette Gréco , Noel Harrison, Maxime Le Forestier , Alison Moyet , Herman van Veen, Sylvie Vartan e até a fadista Mísia.
No youtube encontrei estas duas versões que pelo seu contraste não resisto a mostrá-las aqui neste espaço.
A primeira versão é da cantora belga MAURANE que canta com um grupo coral de 1000 vozes chamado Les Fous Chantants d’Alés.
A segunda versão é da fadista Mariana Correia que canta em Genève na Salle AMR.
Etiquetas:
Alison Moyet,
Jacques Brel,
José Carreras,
Mariana,
Maurane,
Maxime Le Forestier,
Sylvie Vartan
terça-feira, 16 de março de 2010
BBC RADIO 2
Das Edições JACQUES BREL recebi esta informação...
Hoje, dia 23 e dia 30, pelas 23H30 a BBC Rádio 2 vai transmitir o programa, dividido em três temas:
BEHIND THE BREL: THE STORY OF A MUSICAL GENIUS
O autor do programa é MARC ALMOND, um dos mais importantes divulgadores da obra de Jacques Brel na língua inglesa.
Os três temas a apresentar por Almond são:
Hoje , 16 de Março – Introdução e um olhar especial sobre NE ME QUITTE PAS.
Dia 23 de Março – O lado mais negro do cantor. A poesia e o seu interesse pela morte. As influências da guerra e a França dos anos 50.
Dia 30 de Março – O estilo pouco convencional da vida de Brel. Como deixou os palcos no auge da sua carreira. O seu legado intemporal.
Os programas podem ser ouvidos AQUI neste link.
MARC ALMOND (Twelve years of tears), Live at the Royal Albert Hall, London, in 1993.
Neste video Almond canta Jacky (La chanson de Jacky).
Etiquetas:
BBC,
Jacky,
Jacques Brel,
Marc Almond,
Radio 2
domingo, 14 de março de 2010
JEAN FERRAT
Em 1966, na Vila de ENTRAIGUES, na região administrativa de Auvergne, decorreu um acontecimento marcante e inesquecìvel: BREL, BRASSENS e FERRAT apareciam no mesmo cartaz e no mesmo palco.
Mas... Um a um, já todos nos deixaram.
O verdadeiro nome de JEAN FERRAT era Jean Tenenbaum, era poeta, músico-compositor e cantor. Nasceu em 26 Dezembro 1930 em Vaucresson (Hauts-de-Seine) e morreu ontem, 13 de Março, em Aubenas, Ardèche.
Mas... Um a um, já todos nos deixaram.
O verdadeiro nome de JEAN FERRAT era Jean Tenenbaum, era poeta, músico-compositor e cantor. Nasceu em 26 Dezembro 1930 em Vaucresson (Hauts-de-Seine) e morreu ontem, 13 de Março, em Aubenas, Ardèche.
Etiquetas:
Ardèche,
Ferrat,
Jacques Brel,
Jean Tenenbaum
sábado, 13 de março de 2010
AS PAREDES CANTAM BREL
Das Edições Jacques Brel recebi a seguinte informação:
No Centro Hospitar de Mouscron...as paredes cantam Brel
“Abramos os olhos, as nossas paredes cantam Brel!”
(Aguarelas de Gabriel Lefèbvre que ilustram cançãos de Brel)
“...se esperamos que um hospital cuide dos corpos, em Mouscron, os corações e as emoções não foram esquecidas por aqueles que moveram montanhas para erguer esta nova obra indispensável à saúde. Um dia um projecto, noutro dia os encontros, hoje a concretização de um sítio único.
Mas como tornar esta infra-estrutura mais viva ainda? Recuemos uns instantes. Nascida de um encontro entre Gabriel Lefèbvre, ilustrador, e eu mesmo, a alma de JAQUES BREL flutua nos corredores como um suave perfume. As citações do “Grand Jacques” humanizam estes lugares, interpelam-nos, amaravilham-nos...”
(extracto do discurso de Jean-Paul Verschaeve, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Mouscron, na Bélgica)
No Centro Hospitar de Mouscron...as paredes cantam Brel
“Abramos os olhos, as nossas paredes cantam Brel!”
(Aguarelas de Gabriel Lefèbvre que ilustram cançãos de Brel)
“...se esperamos que um hospital cuide dos corpos, em Mouscron, os corações e as emoções não foram esquecidas por aqueles que moveram montanhas para erguer esta nova obra indispensável à saúde. Um dia um projecto, noutro dia os encontros, hoje a concretização de um sítio único.
Mas como tornar esta infra-estrutura mais viva ainda? Recuemos uns instantes. Nascida de um encontro entre Gabriel Lefèbvre, ilustrador, e eu mesmo, a alma de JAQUES BREL flutua nos corredores como um suave perfume. As citações do “Grand Jacques” humanizam estes lugares, interpelam-nos, amaravilham-nos...”
(extracto do discurso de Jean-Paul Verschaeve, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Mouscron, na Bélgica)
sexta-feira, 12 de março de 2010
FLAMINGANT
Da Compagnie Brel trente ans déjà! recebi esta informação que vem precisamente a propósito do que eu aqui disse nos dias 1,3 e 4 de Março e que dá razão a Brel, trinta anos depois da sua morte: Sempre houve e continuará a haver “flamenguentos” na Bélgica. E noutros lugares...
Tradução de parte do Editorial político do diário flamengo De Morgen, publicado a 8 de Março último. O seu autor: YVES DESMET, comentador político.
“É espantoso como uma parte da população flamenga – habitualmente a parte que se refere constantemente à sua maioria numérica e à maior riqueza económica da sua região – considera a chegada de pessoas que falam outras línguas uma espécie de ameaça mortal para a Flandres. Foi essa parte, o Movimento Flamengo, que começou a assobiar quando a FESTA DO CANTO NACIONAL FLAMENGO quis prestar homenagem ao flamengo de língua francesa JACQUES BREL.
Os flamengos deviam ter muito cuidado para que a Flandres não sofra mais danos na sua imagem nos países próximos e longínquos. Que é a imagem de uma região de vistas curtas, dobrada sobre si mesma e unilingue e que, portanto, também desencoraja os investidores estrangeiros. Enquanto nós ficamos aqui no meio de nós.”
ATELIER DE LÍNGUAS
O aluno (negro) diz "ATENÇÃO!"(em francês) e o professor corrige dizendo "NÃO! ATENÇÃO!" (em flamengo).
Tradução de parte do Editorial político do diário flamengo De Morgen, publicado a 8 de Março último. O seu autor: YVES DESMET, comentador político.
“É espantoso como uma parte da população flamenga – habitualmente a parte que se refere constantemente à sua maioria numérica e à maior riqueza económica da sua região – considera a chegada de pessoas que falam outras línguas uma espécie de ameaça mortal para a Flandres. Foi essa parte, o Movimento Flamengo, que começou a assobiar quando a FESTA DO CANTO NACIONAL FLAMENGO quis prestar homenagem ao flamengo de língua francesa JACQUES BREL.
Os flamengos deviam ter muito cuidado para que a Flandres não sofra mais danos na sua imagem nos países próximos e longínquos. Que é a imagem de uma região de vistas curtas, dobrada sobre si mesma e unilingue e que, portanto, também desencoraja os investidores estrangeiros. Enquanto nós ficamos aqui no meio de nós.”
ATELIER DE LÍNGUAS
O aluno (negro) diz "ATENÇÃO!"(em francês) e o professor corrige dizendo "NÃO! ATENÇÃO!" (em flamengo).
Etiquetas:
AAaRGH,
De Morgen,
Fête du chant national flamand,
Jacques Brel,
Yves Desmet
quinta-feira, 11 de março de 2010
LA FOIRE
Em 17 de Fevereiro de 1953, Jacques Brel grava o seu primeiro disco. Um disco em 78 rotações por minuto, edição de autor, com duas canções: La foire, e Il y a. Vendeu naquela altura duzentos exemplares. Um exemplar deste disco chegou a Paris, às mãos do descobridor de talentos Jacques Canetti, que ao ouvir a gravação ficou entusiasmado e chamou Brel a Paris para uma audição. Neste primeiro disco Jacques Brel usou o pseudónimo BEREL, um anagrama de REBEL - rebelde.
A feira (1953)
Gosto da feira, onde, por três vinténs, podemos pôr a cabeça à roda num carrossel de cavalos ruços ao som duma musiquinha tola...
As luminárias, alinhadas aos pares como sobrancelhas de gigante, lançam ao céu salpicos de luz... As tômbolas giram, giram sem tréguas, levando todo o nosso dinheiro, e nós damos um pouco de sonho para que os homens fiquem felizes...
Cheira à gordura onde dançam as batatas fritas, cheira a batatas fritas embrulhadas em papel. Cheira a farturas que se comem avidamente, cheira aos homens que as comeram... Por todo o lado vejo as corridinhas dos namorados que vão dançar.
Eu não vou dançar de certeza... A minha avó disse-me para eu ficar de pé atrás...
E assim que não há vinténs para pôr a cabeça à roda, no carrossel de cavalos ruços, ao som de uma musiquinha tola, vamos para casa, calmamente, olhando os céus, e perguntando simplesmente se não haverá nada melhor...
quarta-feira, 10 de março de 2010
LES PIEDS DANS LE RUISSEAU
"SÊ SIMPLES E SÓBRIO, DESPOJA O TEU CORAÇÃO E O TEU ESPÍRITO DE BAGAGENS INÚTEIS.
ESCOLHE E GUARDA O ESSENCIAL" (extracto do regulamento da Franche Cordée)
"Les pieds dans le ruisseau" é uma canção de 1956. É uma canção muito influenciada pela juventude de Brel no movimento católico Franche Cordée e pela sua passagem pelos escuteiros. Pela sua ingenuidade e lirismo esta canção anos mais tarde talvez não chegasse a ser editada. Mas Brel gravou-a e nunca lamentou o facto de a ter escrito.
Os pés no riacho
Com os pés no riacho, vejo fluir a vida. Vejo, mas sem dizer uma palavra...
Os peixes delicados contam-me a sua vida, fazendo círculos nas águas límpidas, e eu respondo, escrevendo palavras na água, palavras bonitas, palavras à minha maneira…
Na corrente das águas desaparece uma carta, uma carta de um amante escondido, talvez... Ah, quem me dera ter perto de mim uma rapariga a quem eu pudesse acariciar os dedos...
E quando o sapo adormece ao crepúsculo, entre os juncos, a dona libélula inclina o meu olhar sobre as águas e eu reparo na minha imagem, mas… Vejo um idiota...
terça-feira, 9 de março de 2010
TASSEL
Das Edições Jacques Brel recebi a informação de que JEAN-LUC TASSEL deu hoje um espectáculo com canções de Brel, em Péniche, num barco restaurante -Pourquoi Pas .
Sobre este espectáculo o próprio Tassel diz que se trata "do espectáculo de piano Solo voz "L’Homme dans la cité" ... 20 canções de Jacques Brel envoltas em poesia, revisitadas e recoloridas musicalmente sobre temas universais que tocam de perto as nossas vidas quotidianas íntimas ... Obrigado, entre outros, a France Brel e Maurane pela sua confiança e incentivo ... Até logo..."
Sobre este espectáculo o próprio Tassel diz que se trata "do espectáculo de piano Solo voz "L’Homme dans la cité" ... 20 canções de Jacques Brel envoltas em poesia, revisitadas e recoloridas musicalmente sobre temas universais que tocam de perto as nossas vidas quotidianas íntimas ... Obrigado, entre outros, a France Brel e Maurane pela sua confiança e incentivo ... Até logo..."
Etiquetas:
Jacques Brel,
Jean-Luc Tassel,
Péniche,
Pourquoi pas
segunda-feira, 8 de março de 2010
JE T'AIME
A ideia que domina a obra de Brel é, sem dúvida, o AMOR. Esta ideia é expressa em textos líricos e muito poéticos ou em versos crus e tristemente amargos, mas sempre com uma MULHER a pulsar dentro da canção. A ideia do amor, girando à volta da Ternura ou da Sensualidade, aparece inúmeras vezes nas canções de Brel. Não se poderá, portanto, acusar Brel de ser misógino. O seu criticismo acerca das mulheres era sobretudo para denunciar as fraquezas, as vaidades, as hipocrisias, que afinal são inerentes a todo o ser humano. Brel detestava as fãs que bajulavam o cantor e não respeitavam o homem. A canção que publico hoje, Je t’aime, é de 1961. Descreve um amor idílico e nada misógino.
Eu amo-te
Pelo orvalho que teme no cálice das flores não ser amado e que se parece com o teu coração, eu amo-te...
Pelo dedo da chuva nas teclas do charco tocando página de lua e que se parece com a tua voz, eu amo-te...
Pela madrugada que hesita sobre o fio do horizonte, luminosa e frágil, e que se parece com o teu rosto, eu amo-te...
Pela alvorada amena que um pássaro faz tremer ao bater da asa e se parece com o teu sorriso, eu amo-te…
Pelo dia que nasce e borda o bosque em ponto de luz, e se parece com a tua alegria, eu amo-te…
Pelo dia que renasce duma noite sem amor e se parece já com o teu regresso, eu amo-te...
Pela porta que se abre, pelo grito que brota ao mesmo tempo de dois corações juntos e se parece com este grito: Eu amo-te, eu amo-te, eu amo-te...
domingo, 7 de março de 2010
NOS PASSOS DE JACQUES BREL
Brel viveu em Anderlecht (Bruxelas) dos 13 aos 22 anos de idade, nove anos decisivos na sua vida, durante os quais ele se apresentou pela primeira vez em público e tomou a firme resolução de consagrar a sua vida à música.
Da sua casa – Rue Jacques Manne (2) – à “Fritaria” Eugène, passando pelo terminus do Eléctrico 33, tantos lugares que inspiraram Brel. A canção Madeleine é um desses casos.
Agora a praça Henry Rey (1) rende-lhe uma homenagem muito particular porque os seus muretes exibem , precisamente, as palavras de MADELEINE, esculpidas na pedra azul que dá forma aos muros.
Esta praça, perto da Estação de Metro JACQUES BREL (3), está incluída numa visita guiada por Bruxelas , intitulada “NOS PASSOS DE JACQUES BREL”.
Brian Joubert, campeão do mundo de patinagem artística sobre o gelo, inspirou-se em MADELEINE para uma das suas exibições...
Etiquetas:
Anderlecht,
Brian Joubert,
Jacques Brel,
Place Henri Rey
sábado, 6 de março de 2010
LA BIÈRE
Jacques Brel dizia que se pudesse apenas escreveria canções. Não as cantava. Cantá-las, era como prostituir-se... Ele gostava de escrever, não de cantar. Então porque nunca escreveu romances, contos, novelas...? Unicamente por falta de tempo. Dos 365 dias do ano Jacques Brel trabalhava arduamente mais de 300. Porém, quando abandonou os espectáculos, em 1967, com 38 anos de idade, continuou a gravar discos e dedicou-se ao cinema até 1973. Acabou por morrer em 1978, aos 49 anos, sem nunca ter tido realmente tempo para escrever.
A CERVEJA(1968)
Cheira a cerveja de Londres a Berlim, cheira a cerveja,
meu Deus como se está bem, cheira a cerveja... Dá-me a tua mão!
Transborda de Uylenspiegel e os seus primos, e os primos afastados do Breughel, o Velho...
Transborda de vento do Norte que morde como um cão, o porto que dorme de barriga cheia...
Transborda de copos cheios que vão à quermesse, como as velhas vão de manhã à missa...
Transborda de dias mortos e amores frios. Por cá só temos o Verão que as raparigas trazem no corpo... Transborda de velhadas que cuidam das suas recordações regando com gargalhadas as suas barbas brancas...
Transborda de debutantes que tratam da sífilis saltitando de brinde em brinde...
Transborda de insultos, transborda de Amsterdam, transborda de mãos de macho nas nádegas das mulheres...
Transborda de matronas que têm sempre um seio para a cerveja e um seio para o amor...
Transborda de horizontes que nos fazem perder a cabeça... Mas, o álcool é loiro, e o diabo está connosco, e os povos sem montanhas precisam dos dois... A gente envaidece-se com aquilo que pode...
Cheira a cerveja de Londres a Berlim, cheira a cerveja, meu Deus como se está bem, cheira a cerveja... Dá-me a tua mão!
("Uylenspiegel" : personagem lendária, que vivia nos países baixos; um aventureiro que amava a justiça e a liberdade)
sexta-feira, 5 de março de 2010
SUZANNE GABRIELLO
Suzanne Gabriello, filha do actor Gabriello, nasceu em 1932 e faleceu em 1992, em Paris.
Foi cantora e apresentadora de televisão. Como cantora interpretava canções cómicas, canções que parodiavam sucessos da música francesa (ver capa de disco acima). No fim dos anos 60 fez parte de um trio chamado “Les filles à papa”. Na televisão animava emissões para jovens e apresentou concursos de sucesso na televisão francesa.
Porém, Suzanne Gabriello ficou famosa porque foi uma das companheiras de Jacques Brel. Ele conheceu-a durante uma digressão e envolveu-se tão desesperadamente, tão apaixonadamente, que escreveu para ela NE ME QUITTE PAS (Não me deixes). Mas, ironia do destino, foi ele que a deixou uns meses depois de ter gravado a canção.
And now something completely different... Mais uma versão de NE ME QUITTE PAS. Hoje num ritmo todo latino-americano...
Etiquetas:
Jaques Brel,
Ne me quitte pas,
Suzanne Gabriello,
Yuri Buenaventura
quinta-feira, 4 de março de 2010
MARIEKE
Ainda sobre a opinião que Brel tinha sobre os belgas flamengos, que ele alcunhava de flamenguentos, registe-se mais esta opinião extremista e provocadora: ”O flamengo é um francês tosco... o flamenguento é um alemão frouxo, e a língua flamenga... rococó !”
A canção Marieke é a única da sua obra cantada nas duas línguas – francês e flamengo - apesar de que o flamengo que ele usou para a cantar estar deturpado e caricaturado.
Marieke (1961)
Ai, Marieke, Marieke, amei-te tanto entre as torres de Bruges e Gand.
Ai, Marieke, Marieke, já foi há tanto tempo, entre as torres de Bruges e Gand...
Sem amor, ardente amor, sopra o vento, o vento calado
Sem amor, ardente amor, chora o mar, o mar cinzento
Sem amor, ardente amor, investe a luz, a luz sombria
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Ai, Marieke, Marieke, os céus flamengos têm as cores das torres de Bruges e Gand...
Ai, Marieke, Marieke, os céus flamengos choram comigo entre Bruges e Gand....
Sem amor, ardente amor, sopra o vento, acabou
Sem amor, ardente amor, chora o mar, está acabado
Sem amor, ardente amor, investe a luz, está tudo terminado
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Sem amor, ardente amor, ri-se o diabo, o negro diabo...
Sem amor, ardente amor, arde o meu coração, o meu velho coração...
Sem amor, ardente amor, morre o Verão, o Verão triste…
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Ai, Marieke, Marieke, dá-me esse tempo, entre Bruges e Gand… Dá-me esse tempo em que tu me amaste entre Bruges e Gand...
Ai, Marieke, Marieke, a noite muitas vezes entre as torres de Bruges e Gand...
Todos os lagos me estendem os seus braços, entre Bruges e Gand...
A canção Marieke é a única da sua obra cantada nas duas línguas – francês e flamengo - apesar de que o flamengo que ele usou para a cantar estar deturpado e caricaturado.
Marieke (1961)
Ai, Marieke, Marieke, amei-te tanto entre as torres de Bruges e Gand.
Ai, Marieke, Marieke, já foi há tanto tempo, entre as torres de Bruges e Gand...
Sem amor, ardente amor, sopra o vento, o vento calado
Sem amor, ardente amor, chora o mar, o mar cinzento
Sem amor, ardente amor, investe a luz, a luz sombria
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Ai, Marieke, Marieke, os céus flamengos têm as cores das torres de Bruges e Gand...
Ai, Marieke, Marieke, os céus flamengos choram comigo entre Bruges e Gand....
Sem amor, ardente amor, sopra o vento, acabou
Sem amor, ardente amor, chora o mar, está acabado
Sem amor, ardente amor, investe a luz, está tudo terminado
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Sem amor, ardente amor, ri-se o diabo, o negro diabo...
Sem amor, ardente amor, arde o meu coração, o meu velho coração...
Sem amor, ardente amor, morre o Verão, o Verão triste…
E a areia varre a minha terra, a minha terra plana, a minha Flandres…
Ai, Marieke, Marieke, dá-me esse tempo, entre Bruges e Gand… Dá-me esse tempo em que tu me amaste entre Bruges e Gand...
Ai, Marieke, Marieke, a noite muitas vezes entre as torres de Bruges e Gand...
Todos os lagos me estendem os seus braços, entre Bruges e Gand...
Etiquetas:
Bruges,
Gent,
Gerard Jouanest,
Jacques Brel
quarta-feira, 3 de março de 2010
LES FLAMANDES
Segundo Brel, a religião cria seres acanhados e passivos que, para agradar aos pais, ao sacristão e mesmo a sua eminência o Arcebispo, levam uma vida mesquinha feita de tradições e com os olhos postos numa reputação que é preciso manter a todo o custo… Para ele, as Flamengas da sua canção eram, portanto, herdeiras dessa faixa mais conservadora, mais nacionalista, e que ainda por cima queria impor os seus costumes, a sua arte e a sua língua ao resto do país – os Flamenguentos, na terminologia de Jacques Brel. Era desta maneira que ele via o seu país raso: “A Bélgica é um terreno baldio onde as minorias se guerreiam em nome de duas culturas que não existem.”
AS FLAMENGAS (1959)
As flamengas dançam sem dizer nada, sem dizer nada, aos Domingos em ponto. As flamengas dançam sem falar, as flamengas são pouco faladoras... Se elas dançam é porque têm vinte anos, e aos vinte anos é preciso namorar. Namorar para se poder casar, e casar para ter filhos... É isto que lhes dizem os pais, ao sacristão e mesmo a sua eminência o Arcebispo, que prega no convento. E é por isso, por isso, que elas dançam, as flamengas...
As flamengas dançam sem vibrar, sem vibrar, aos Domingos em ponto. As flamengas não são vibrantes... Se elas dançam é porque elas têm trinta anos e aos trinta anos é bom mostrar que tudo vai bem, que as crianças vão crescendo, tal como o lúpulo e o trigo no prado... Elas são o orgulho dos seus pais e do sacristão e de sua eminência o Arcebispo, que prega no convento, e é por isso, por isso, que elas dançam, as flamengas...
As flamengas dançam sem sorrir, sem sorrir, aos Domingos em ponto. As flamengas não são sorridentes... E se elas dançam é porque têm setenta anos, e aos setenta anos é bom mostrar que tudo vai bem, que os netinhos vão crescendo, tal como o lúpulo e o trigo no prado...Todas vestidas de negro como os seus pais, como o sacristão e como sua eminência o Arcebispo, que arenga no convento... Elas herdam, e é por isso, por isso, que elas dançam, as flamengas...
As flamengas dançam sem fraquejar, sem fraquejar, aos Domingos em ponto. As flamengas não são fracas... Se elas dançam é porque têm cem anos, e aos cem anos é bom mostrar que tudo vai bem, que se tem bom pé, bom lúpulo e bom trigo no prado... Elas vão-se encontrar com os seus pais, com o sacristão e mesmo com sua eminência o Arcebispo, que repousa no convento. E é por isso, por isso, que por uma última vez elas dançam, as flamengas...
segunda-feira, 1 de março de 2010
LES F...
Há pelo menos três Bélgicas dentro da Bélgica: Bruxelas, Flandres e Valónia. Brel, provocador, insiste em chamar “flamenguentos” aos habitantes da Flandres, que autoritariamente pretendem que todo o país fale flamengo, à semelhança da Holanda. Foram raras as canções que Brel gravou nas versões flamenga e francesa, tal era o repúdio que ela tinha pela língua flamenga. Esta canção, Les F, (F de flamenguento) está no seu último disco. Fica assim como que o último libelo do autor aos seus compatriotas autoritários do norte.
E tal como os lisboetas contam anedotas de alentejanos os belgas de Bruxelas contam anedotas dos belgas flamengos. No livro L’homme et la mer, de Prisca Parrish, Brel conta esta anedota. “Sabem porque é que os flamengos têm a testa toda picada à segunda-feira de manhã? Porque aos domingos eles comem com o garfo…”
Os F... (1977)
Os Flamenguentos... Canção cómica...
Senhores Flamenguentos, tenho aqui uma piada para vocês rirem... “Já há muito tempo que me andam a obrigar a soprar-vos no cu para se tornarem autocarros... “ Mas, vocês são equilibristas e nada mais que isso... São Nazis durante as guerras e católicos entre elas, vocês oscilam sempre entre o fuzil e o missal... Os vossos olhares são longínquos e o vosso humor está exangue, apesar de que há ruas em Gand que mijam nas duas línguas. Estão a ver, eu gosto de pensar em vocês, porque nada se perde... Senhores Flamenguentos, estou aqui para vos provocar...
Vocês conspurcaram a Flandres, mas a Flandres vais julgar-vos. Vejam o Mar do Norte que fugiu de Bruges. Parem de me encher o saco com a vossa arte flamenga-italo-espanhola... Vocês são tão, tão grosseiros, que quando, nas noites de tempestade, os chineses cultos me perguntam de onde eu sou, eu respondo enfastiado e com lágrimas nos dentes “Eu sou do Luxemburgo”. E se às miúdas ousamos cantar em flamengo, elas desvanecem-se sonhando com pássaros cor-de-rosa e brancos...
E proíbo-vos de esperar, que alguma vez em Londres, debaixo de chuva, eu os possa confundir com ingleses... E proíbo-vos, em Nova Iorque ou em Milão, de arrotar senão em flamengo, meus senhores! Vocês não terão um ar de parvos, verdadeiramente parvos, mas eu recuso-me a dizer que me estou nas tintas para isso... E eu proíbo-vos de obrigar as nossas crianças, que não vos fizeram nada, a ladrar em flamengo... E se os meus irmãos se calam, tanto pior para a Flandres.
Eu canto, insisto e assino... O meu nome é Jacques Brel...
E tal como os lisboetas contam anedotas de alentejanos os belgas de Bruxelas contam anedotas dos belgas flamengos. No livro L’homme et la mer, de Prisca Parrish, Brel conta esta anedota. “Sabem porque é que os flamengos têm a testa toda picada à segunda-feira de manhã? Porque aos domingos eles comem com o garfo…”
Os F... (1977)
Os Flamenguentos... Canção cómica...
Senhores Flamenguentos, tenho aqui uma piada para vocês rirem... “Já há muito tempo que me andam a obrigar a soprar-vos no cu para se tornarem autocarros... “ Mas, vocês são equilibristas e nada mais que isso... São Nazis durante as guerras e católicos entre elas, vocês oscilam sempre entre o fuzil e o missal... Os vossos olhares são longínquos e o vosso humor está exangue, apesar de que há ruas em Gand que mijam nas duas línguas. Estão a ver, eu gosto de pensar em vocês, porque nada se perde... Senhores Flamenguentos, estou aqui para vos provocar...
Vocês conspurcaram a Flandres, mas a Flandres vais julgar-vos. Vejam o Mar do Norte que fugiu de Bruges. Parem de me encher o saco com a vossa arte flamenga-italo-espanhola... Vocês são tão, tão grosseiros, que quando, nas noites de tempestade, os chineses cultos me perguntam de onde eu sou, eu respondo enfastiado e com lágrimas nos dentes “Eu sou do Luxemburgo”. E se às miúdas ousamos cantar em flamengo, elas desvanecem-se sonhando com pássaros cor-de-rosa e brancos...
E proíbo-vos de esperar, que alguma vez em Londres, debaixo de chuva, eu os possa confundir com ingleses... E proíbo-vos, em Nova Iorque ou em Milão, de arrotar senão em flamengo, meus senhores! Vocês não terão um ar de parvos, verdadeiramente parvos, mas eu recuso-me a dizer que me estou nas tintas para isso... E eu proíbo-vos de obrigar as nossas crianças, que não vos fizeram nada, a ladrar em flamengo... E se os meus irmãos se calam, tanto pior para a Flandres.
Eu canto, insisto e assino... O meu nome é Jacques Brel...
Subscrever:
Mensagens (Atom)