JUDY COLLINS, acaba de gravar um CD ao fim de mais de 50 anos de carreira. Ela, que já vem dos idos de 60, continua em forma e apresentou este mês BOHEMIAN da WildFlower Records, onde consta uma versão da canção de JACQUES BREL “Les désespérés”… Também é uma das vozes anglo americanas que tem cantado Jacques Brel ao longo da sua carreira, tal como Marc Almond, Shirley Bassey, Petula Clark, Rod McKuen, Noel Harrison, Amanda McBroom, Sting, Scott Walker, etc.
Ei-la aqui como convidada de um programa de Johnny Cash a cantar duas canções de Brel: The Desperate Ones (a que consta neste CD - Bohemian) e Sons of…
Joan Baez começou oficialmente a sua carreira como cantora em 1958, mas só em 1963 depois de uma digressão com Bob Dylan e depois de começar a gravar as suas próprias canções se tornou famosa no mundo da folk music americana. Ao longo dos anos 60 e 70 foi gravando êxitos de outros autores, como Phil Ochs, Richard Farina, Leonard Cohen, Tim Hardin, Paul Simon, Johnny Cash, Lennon-McCartney, Villa-Lobos e Jacques Brel. Em 1966 um cantor inglês - Alasdair Clayre - traduziu La Colombe para a sua língua (que ficou THE DOVE) e Joan Baez incluiu a canção no seu reportório. Também Judy Collins a cantou em manifestações contra a guerra do Vietname. Brel escreveu a ambas as cantoras agradecendo este facto e acrescentando "… admiro igualmente a vossa coragem e o vosso talento".
THE DOVE
Why all these bugles cry These squads of young men drill To kill and to be killed Stood waiting by the train Why the orders loud and hoarse Why the engine's groaning cough As it strains to drag us all Into the holocaust Why crowds who sing and cry And shout and fling us flowers And trade their rights for ours To murder and to die The dove has torn her wing So no more songs of love We are not here to sing We're here to kill the dove
Why must this moment come When childhood has to die When hope shrinks to a sigh And speech into a drum Why are they pale and still Young boys trained over night Conscripts paid to kill And dressed in gray to fight These rainclouds massing tight This train load battle bound This moving burial ground Goes thundering to the night
Why statues towering grave Above the last defeat Old words and lies repeat Across a new made grave And why the same still-birth That victory always brought These hours of glory bought By men with mounds of earth Dead ash without a spark Where cities used to be Where guns probe every spark And crush it into dust
And while your face undone With jagged lines of tears That gave in those first years All the peace I'd ever want Your body in the gloom The platform fading back Your shadow on the track A flower upon a tomb And why these days ahead When I must let you cry And live prepared to die as if our loves were dead
Estamos em plena Guerra da Argélia (1954/1962). Brel, como belga que é, não está envolvido na política francesa, afirma Pierre Mendès France, um homem íntegro e honesto, que teve a coragem de pôr fim à guerra na Indochina e que se demitiu por causa do conflito da Argélia, porque desaprovava a política do governo onde era ministro de Estado. No entanto, Brel faz perguntas certas, ele sofre, ele sabe que a guerra nunca será a solução. A guerra apodreceu a sua infância, como poderia ele reagir de outra forma? "La Colombe”, foi traduzida e cantada por folksingers americanos, conforme relatado por Marc Robine, e tornou-se, pela voz de Judy Collins e Joan Baez, um hino às manifestações de massa contra a guerra no Vietnam.
Porquê esta fanfarra, quando os soldados perfilados, em formatura sobre uma gare, esperam pelos massacres... Porquê este comboio barrigudo que resfolga e suspira antes de nos conduzir até um mal entendido... Porquê os cantos e os gritos destas gentes acabadas de chegar. Eles é que deviam partir em nome da sua estupidez... Nós não iremos mais à floresta, a pomba está ferida… Nós não vamos à floresta, nós vamos matá-la... Porquê essa hora onde termina a nossa infância, onde acaba a nossa oportunidade, onde o nosso comboio parte... Porquê esse pesado comboio cheio de homens vestidos de cinzento, equipados numa noite, para partirem agora como soldados... Porquê este comboio de chuva, porquê este comboio de guerra, porquê este cemitério marchando noite dentro... Porquê os monumentos que as derrotas vão oferecer, e as frases já feitas, que se seguem ao enterro... Porquê o menino nado morto que será a vitória. Porquê os dias de glória que outros já pagaram... Porquê esses pedaços de terra que se vão pintar de luto uma vez que é a tiro que se apaga a luz... Porquê o teu querido rosto desfigurado pelas lágrimas me fez render as armas no princípio da viagem... Porquê o teu corpo que se perde, o teu corpo que desaparece, e que sobre o cais não é mais do que uma flor sobre uma campa... Porquê esses dias seguintes onde eu vou ter que pensar que apenas usarei metade do amor...
Nós não iremos mais à floresta, a pomba está ferida… Nós não vamos à floresta, nós vamos matá-la...