quarta-feira, 30 de junho de 2010

BREL... NO FAIAL



É já no Sábado, 3 de Julho, que será apresentado no Teatro Faialense o espectáculo BREL NOS AÇORES, da autoria de Nuno Costa Santos e interpretado pelo actor Dinarte Branco.

Depois de ter sido apresentado em Ponta Delgada, em Lisboa e agora na Horta, fica aqui a proposta que BREL NOS AÇORES seja levado a Bruxelas e a Paris para que as comunidades portuguesas conheçam a história da passagem de JACQUES BREL pelos Açores.

Por falar no espectáculo "seguinte" aqui está uma versão de AU SUIVANT pelos ARTYSANTS onde o actor Philippe Bot faz a sua recriação da canção de Brel de uma maneira bem conseguida e que agradaria a Brel de certeza.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

ON N'OUBLIE RIEN



Não esquecemos nada (1961)

Não esquecemos nada, nada, não esquecemos absolutamente nada, habituamo-nos, e é tudo...

Nem essas partidas, nem esses navios, nem essas viagens que nos afundam, de paisagem em paisagem, de rosto em rosto...
Nem todos esses portos, nem todos esses bares, nem todos essas ressacas onde se espera a manhã sombria no cinema do seu whisky.
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Nem esses “nuncas”, nem esses “sempres”, nem esses “amo-te”.
Nem essas paixões, que se perseguem a corta-corações, de tristeza em tristeza, de pranto em pranto...
Nem esses braços brancos duma única noite, colar de mulher que se desprende para o nosso tédio, de madrugada, por promessas de reencontro...
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Nem mesmo esse tempo em que eu teria feito mil canções das minhas mágoas.
Nem mesmo esse tempo em que as minhas memórias tomavam as rugas por um sorriso... Nem essa grande cama onde os meus remorsos têm encontro marcado com a morte.
Nem essa grande cama que eu desejo que em certos dias seja uma festa...
Nem tudo isso, nem nada no mundo, nos pode fazer esquecer, que é tudo tão verdade como a terra ser redonda...

Não esquecemos nada, nada, não esquecemos absolutamente nada, habituamo-nos, e é tudo...

domingo, 27 de junho de 2010

Versões BREL

Das Edições JACQUES BREL recebi estas informações:
A actriz libanesa ARPIE DADOYAN, que tem feito a sua vida artística principalmente nos Estados Unidos e no Canadá, gravou agora um disco – SANDPLAY – onde inclui dois temas de Brel, La Chanson Des Vieux Amants e Ne Me Quitte Pas.



O cantor francês YVON SOLAC gravou no seu último disco – RIEN QUE VOUS – a canção de Brel LA VALSE À MILLE TEMPS.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

SPRECHEN SIE DEUTSCH?



O site LA CHANSON DE JACKY está a ser traduzido para alemão o que perfaz sete idiomas em que este site pode ser consultado: Alemão, Holandês, Português, Francês, Italiano, Inglês e Espanhol.
É sem dúvida o melhor site sobre o JACQUES BREL, não só pelas estatísticas sempre actualizadas como pelos conteúdos bem diversificados, bem documentados, e expostos com clareza.
Os seus autores e mentores são o italiano DINO GIBERTONI e o francês RODOLPHE GUILLO.
A tradução do site para alemão está a cargo de Dieter Kaiser, um cantor alemão “especializado” na canção francesa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

BREL NOS AÇORES (IV)



O São Luiz Teatro Municipal , em Lisboa, vai acolher a partir de HOJE, dia 24 de Junho, e até ao próximo dia 26, às 22:00 horas, «Brel nos Açores», de Nuno Costa Santos, com interpretação de Dinarte Branco.

Para o autor, esta é «uma história humanamente rica», a história de uma amizade simples e isolada das referências exteriores.

As sessões terão lugar de quinta-feira a sábado, às 22:00 horas, no Jardim de Inverno, no âmbito da programação «Açores Região Europeia 2010».


Sinopse: Esta é a história da passagem de Jacques Brel pelos Açores. No Faial, em 1974, adoeceu com uma forte gripe e foi visto pelo médico Luís Carlos Decq Mota, que o convidou para a sua casa. Uma narrativa escrita por Nuno Costa Santos e interpretada por Dinarte Branco que procura recuperar a personagem do artista belga e os Açores aquela época. Conjugar o universal e o local e desfiar uma narrativa de uma amizade entre duas pessoas no meio de Atlântico. Há, pois, a ideia de, ao mesmo tempo, dar a conhecer ao público um episódio interessante e rico humanamente e de homenagear um dos maiores artistas mundiais, fazendo um périplo pelas várias fases do seu percurso e da sua existência.

BILHETES À VENDA - O preço é de dez euros.

Contactos de Bilheteira:

bilheteira@teatrosaoluiz.pt
Tel. 213 257 650
Todos os dias, das 13h00 às 20h00.

terça-feira, 22 de junho de 2010

TRIUNFO DOS F...



Do site Brel Trente ans déjà recebi a seguinte informação:

O jornal LIBÉRATION titulava no passado dia 20 “O TRIUNFO DO FLAMENGUENTO” para anunciar a vitória folgada da Nieuw-Vlaams Alliantie (Nova aliança flamenga) de Bart de Wever nas eleições legislativas belgas realizadas nesse dia.
“As eleições legislativas belgas do 13 de Junho de 2010, desembocaram no triunfo dos independentistas flamengos, um autêntico sismo político para o país...”
Em 1977, quando Brel gravou o album Marquises, deixou lá o seu último libelo aos flamengos nacionalistas, OS FLAMENGUENTOS, na canção “LES F...”.
Um texto muito violento que denuncia os extremismos e os fundamentalismos dos belgas do norte, de tal maneira que a Ministra (flamenga) da Cultura, Rita De Backer, ameaçou então Brel de o levar a tribunal.
E a música desta canção? A música é da autoria de um brasileiro - JOÃO DONATO – e tem por título “A rã”. E esta, hein?
E porque é que Brel utilizou esta música em vez de ter composto uma?
A história é esta.
Maddly Bamy, a companheira do cantor nas Marquesas, dava aulas de dança às crianças da ilha e utilizava sempre, sempre, esta música do João Donato horas e horas a fio. É claro que isto bulia com o sistema nervoso de Brel que começou a detestar a canção.
E ganhou-lhe tal aversão que escreveu o texto de Les F... para justificar tal aversão.
Foi assim como juntar o inútil ao desagradável.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

JE SUIS UN SOIR D'ÉTÉ



Brel retrata na perfeição a esclerose que acompanha o aburguesamento da alma e do corpo. Em Je suis un soir d’été, revisitamos uma cidade da província - neste caso, nas margens do Meuse - entorpecida no meio dos campos, longe do mar e dos portos, vivendo devagar, sufocante de tanta pasmaceira. Mas lá não faltam os seus notáveis que organizam festas pirosas, com os seus divertimentos medíocres, com muita bebida, muita comida, muitas saias, adultérios, mexericos, etc. Brel considerava esta uma das suas melhores canções. Chamo a atenção para o ambiente criado com a orquestração e com a dolência da interpretação. É uma noite quente de Verão, não há dúvida !

Eu sou uma noite de Verão (1968)

E a Sub-Prefeitura festeja a sua Sub-Prefeita, sob um candelabro cheio de pingentes reluzentes...
Chovem laranjadas, espumantes mornos e comentários frios das fêmeas enfadonhas dos funcionarizados...
Eu sou uma noite de Verão...

Nas janelas abertas os comensais do costume empurram os pratos e dizem que está calor...
Os homens lançam arrotos de cavaleiros teutónicos e as toalhas caem em migalhas sobre as varandas...
Eu sou uma noite de Verão...

Nos terraços confusos alguns beberrões transpirados falam de pilecas e de velhas pérfidas...
É a hora em que os suspensórios seguram o presente dos transeuntes dispersos e dos bêbados...
Eu sou uma noite de Verão...

Apaixonadas de peso, com cheiro a cozinha, passeiam a peitaça pelas margens do Meuse...
Falta-lhes um soldado para que o Verão se regabofe e suba, haja o que houver, até às suas partes baixas...
Eu sou uma noite de Verão...

Nas fontes, os velhos enrolados em recomendações, regressam à sua infância com passinhos chuvosos...
Riem-se com um só dente para trincar o silêncio que rodeia as raparigas que dançam a morte de uma Primavera... Eu sou uma noite de Verão...

O calor envertebra-se e desaguam bebedeiras... O Verão tem as suas missas cantadas e é à noite que as celebra... A cidade, aos quatro ventos, pestaneja o remorso inútil e passageiro, por não ser um porto...
Eu sou uma noite de Verão...


domingo, 20 de junho de 2010

BREL NOS AÇORES (III)




Foi ontem, no Teatro Micaelense, a estreia de BREL NOS AÇORES.
Muito mais que o BREL ARTISTA em toda a sua dimensão, é-nos apresentada, de uma maneira natural mas tocante, a dimensão humana do HOMEM JACQUES.
Quem o faz é Dinarte Branco com as palavras que
Nuno Costa Santos entusiasticamente escreveu.
Quem conhece Brel só pelo Ne me quitte pas ou pela Valse à mille temps, ou quem o conhece por toda a sua obra, tem o imenso prazer de reencontrar neste espectáculo a memória de JACQUES BREL tal como ele era. Com toda a sua autenticidade, intensidade e dignidade.
Do espectáculo não vou contar nada para que vos fique a curiosidade de o ir ver.
No teatro S.Luiz , nos próximos dias 24, 25 e 26 , ou depois na Horta – Teatro Faialense - no dia 3 de Julho.

Pela minha parte um grande abraço de parabéns a toda a equipa.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

J'ARRIVE



JOSÉ SARAMAGO um dia, numa ENTREVISTA, quando lhe perguntaram qual era a sua ligação com a música, respondeu isto:
“Gosto de música, ouço-a continuamente. Os clássicos, claro, mas também cantores como Jacques Brel… ouça-se «Les Vieux» ou «J'Arrive»… "
Aqui está “J’arrive”.

Estou a chegar (1968)

De crisântemos em crisântemos as nossas amizades estão de partida. De crisântemos em crisântemos a morte enforca as nossas dulcineias. De crisântemos em crisântemos as outras flores fazem o que podem. De crisântemos em crisântemos os homens choram, as mulheres chovem...

Estou a chegar, estou a chegar... Mas, o que é que eu teria preferido? Uma vez mais arrastar os meus ossos até ao sol, até ao Verão, até à Primavera, até amanhã...?
Estou a chegar, estou a chegar... Mas, o que é que eu teria preferido? Uma vez mais ver se o rio é ainda rio, ver se o porto ainda é porto, e ver-me lá, ainda...
Estou a chegar... Estou a chegar, mas porquê eu, porquê agora, porquê já, e ir, aonde?...
Estou chegar, com certeza, estou a chegar, mas terei eu feito alguma coisa que não fosse “estar a chegar”?

De crisântemos em crisântemos, cada vez mais sozinho. De crisântemos em crisântemos, cada vez mais supranumerário...
Estou a chegar, estou a chegar, mas, o que é que eu teria preferido?... Uma vez mais apanhar um amor, como quem apanha um comboio, para não mais estar só, para estar bem, algures...
Estou a chegar, estou a chegar, mas, o que é que eu teria preferido? Uma vez mais encher de estrelas um corpo que treme e cai morto, queimado pelo amor, o coração em cinzas...
Estou a chegar, estou a chegar... Não és tu que te estás a adiantar, sou eu que me estou a atrasar...
Estou a chegar, estou a chegar, mas terei eu feito alguma coisa que não fosse “estar a chegar”?


quinta-feira, 17 de junho de 2010

P(O)UR BREL



Ao blog LA CHANSON DE JACKY, do meu amigo Rodolfo Guillo, fui buscar esta informação absolutamente em cima da hora!!!
Um espectáculo de homenagem a Jacques Brel está a acontecer neste momento no Thalia Theater em Hamburgo, Alemanha, e é interpretado por SASCHA MERLIN, ALEXANDER SIMON, e KERSTEN KENAN.
O espectáculo chama-se P(O)UR BREL! (um trocadilho que significa PURO BREL ou PARA BREL... Será que o LER DOCE LER já chegou à Alemanha?)

terça-feira, 15 de junho de 2010

CHICO BUARQUE




É publicada em Paris e Bruxelas, já há 11 anos, uma revista bilingue - BRAZUCA - que é voltada para os franceses e os belgas que se interessam pelo Brasil. O último número de Março/Abril é uma edição especial dedicada a CHICO BUARQUE.
Daniel Cariello e Thiago Araújo fizeram uma longa entrevista ao cantor que a certa altura fala de Jacques Brel:

A música francesa te influenciou de alguma maneira?
Eu ouvi muito. Nos anos 50, quando comecei a ouvir muita música, as rádios tocavam de tudo. Muita música brasileira, americana, francesa, italiana, boleros latino americanos. Minha mãe tinha loucura por Edith Piaf e não sei dizer se Piaf me influenciou. Mas ouvi muito, como ouvi Aznavour.
O que me tocou muito foi Jacques Brel. Eu tinha uma tia que morou a vida inteira em Paris. Ela me mandou um disquinho azul, um compacto duplo com Ne me quitte pas, La valse à mille temps, quatro canções. E eu ouvia aquilo adoidado. Foi pouco antes da bossa nova, que me conquistou para a música e me fez tocar violão. As letras dele ficaram marcadas para mim.
Eu encontrei o Jacques Brel depois no Brasil. Estava gravando Carolina e ele apareceu no estúdio, junto com meu editor. Eu fiquei meio besta, não acreditei que era ele. Aí eu fui falar pra ele essa história, que eu o conhecia desde aquele disco. Ele disse “é, faz muito tempo”. Isso deve ter sido 55 ou 56, esse disquinho dele. Eu o encontrei em 67. Depois muito mais tarde eu assisti a L’homme de la mancha, e um dia ele estava no café em frente ao teatro. Eu o vi sentado, olhei pra ele, ele olhou pra mim, mas fiquei sem saber se ele tinha olhado estranhamente ou se me reconheceu. Fiquei sem graça, pois não o queria chatear. Ele estava ali sozinho, não queria aborrecer. Mas ele foi uma figuraça. Eu gostava muito das canções dele. Conhecia todas.

Jacques Brel compôs uma das melhores descrições de sofrimento por amor, em “Ne me quitte pas”: “deixe-me ser a sombra da sua sombra, a sombra da sua mão, a sombra do seu cão”, mas acho que ninguém nunca retratou dor de amor como você fez em “Pedaço de mim”. De onde você tirou isso?
Era uma coisa muito violenta. Tem partes dessa música que eu não sei porque eu escrevi. Era o tempo de barra pesada, tempo de ditadura. É uma canção de amor, mas é uma canção de dor quase física, né? É letra de ditadura.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

IL Y A



Em 11 de Março passado falei AQUI do primeiro disco de Brel gravado em 1953 e que continha as canções LA FOIRE e IL Y A. Hoje publico a tradução da segunda canção – Il y a – que, segundo Olivier Todd, um dos mais famosos biógrafos do cantor, “é uma espécie de nata batida de clichés sobre um pudim de banalidades neo-realistas”. Tal como disse antes, este disco foi a catapulta de Brel para os palcos. Nesse ano de 1953 ele deixa a fábrica de cartonagens da família, e começa uma nova vida, pela mão de Jacques Canetti, responsável artístico da Philips, em Paris.

(1953)

Há tanto nevoeiro nos portos, pela manhã, que não há raparigas nos corações dos marinheiros...
Há tantas nuvens a viajar lá por cima, que não há pássaros...
Há tantas lavouras, há tantas sementeiras, que não há alegria, não há esperança...
Há tantos ribeiros, há tantos rios que não há cemitérios...

Mas há tanto azul nos olhos da minha amada, nos seus olhos há tanta vida.
Nos seus cabelos há um pouco de eternidade, e há tanta alegria nos seus lábios.

Há tanta luz nas ruas da cidade que não há crianças infelizes...
Há tantas canções perdidas no vento que não há crianças...
Há tantos vitrais, há tantos campanários que não há vozes para nos dizer que nos amam...
Há tantos canais que atravessam a terra que não há rugas na face das mães...


sábado, 12 de junho de 2010

DUAS NOTÍCIAS

Das Edições Jacques Brel recebi estas duas informações:

1. A cantora ANTONIA BOSCO vai dar um espectáculo no Théâtre du Lierre, em Paris, de 23 a 27 de Junho em homenagem a Brel. Chama-se “L’inaccessible étoile”. NESTE video ela fala da criação do espectáculo e canta um pequeno excerto da canção que lhe dá o nome.



2. Está quase a estrear no TEATRO MICAELENSE “BREL NOS AÇORES”, da autoria de NUNO COSTA SANTOS e com interpretação de DINARTE BRANCO.
19 de Junho às 21H30. Lá estaremos!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

NE ME QUITTE PAS (II)



Há muitas histórias ligadas à canção NE ME QUITTE PAS. Mas a que vou contar hoje deve ser provavelmente a mais inusitada.
Fui a um hospital fazer uma Colonoscopia e antes de entrar para a sala do exame falou-se de Jacques Brel. No momento da anestesia alguém me disse para eu pensar em coisas agradáveis tais como canções de Brel... mas não deu tempo porque adormeci logo.

Já no quarto, acordado e de exame feito, o enfermeiro confidenciou-me que o médico tinha cantado o NE ME QUITTE PAS durante toda a colonoscopia...
O médico – Professor NOBRE LEITÃO – confirmou-me depois que sim, que cantou, mas muito mal, porque a sua especialidade não é cantar.

Contou-me também que assistiu há 8 ou 9 anos, em Bruxelas, a um espectáculo ao ar livre, dedicado a Jacques Brel com projecção de imagens de espectáculos do cantor, em ecran gigante, acompanhadas de bailados. Presumo que seja o espectáculo de Maurice Béjart já AQUI falado neste blog.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

LES JARDINS DU CASINO



Em toda a discografia de Brel há apenas 3 ou 4 gravações de espectáculos ao vivo. A qualidade do som dessas gravações não é famosa e chega ao ponto de se perceber que os acertos finais de volume são feitos já com o cantor no palco a cantar as primeiras palavras da primeira canção.
Há três canções de Brel que nunca foram gravadas em estúdio. Isto é, apenas existem gravações ao vivo. São elas Amsterdam, Les Timides e esta que traduzo hoje: Les Jardins du Casino, gravada no Olympia em 1964.


Os jardins do Casino (1964)

Os músicos preparam os seus bigodes, os seus violinos e os seus saxofones e a polca começa nos jardins do Casino, onde vagueiam tagarelando, as velhas carcaças que se coçam, ou as menos velhas cheias de cócegas, e os cavalheiros cheios de tempo… Passam também, indiferentes, alguns jovens famintos que ainda confundem o erotismo com a ginástica… Tudo isto levanta uma muralha da China entre o pobre amigo Pierrot e a sua fugaz Colombina nos jardins do Casino…

Os músicos agitam os bigodes, os violinos e os saxofones quando a polca marca o compasso da beleza do Casino… Alguns casais protuberantes dançam como escalopes, com a indolência dos girassóis, perante as artífices do cancan… Um coronel à paisana apresenta às falsas duquesas os seus cumprimentos e os seus respeitos, e beija-mãos e cheira-cus… Tudo isto, já se adivinha, complica a vida do pobre Pierrot que procura a fugaz Colombina nos jardins do Casino…

E então a noite cai em manchas… Os músicos arrumam os seus saxofones, os seus violinos e os seus bigodes, nos jardins do Casino. As jovens regressam aos eus refúgios sem o tal rapaz, ou sem o tal viúvo, que lhes deveria ter oferecido a cestinha onde elas iriam pôr o ovo… Os velhos cavalheiros voltam para casa, para junto das velhas lembranças da sua Madame Bovary, que eles sustentam a qualquer peço… E apenas resta a alma lívida do pobre Pierrot chorando pela fugaz Colombina nos jardins do Casino…




segunda-feira, 7 de junho de 2010

JUDY COLLINS




JUDY COLLINS fez vibrar audiências pelo mundo inteiro interpretando a chamada “folkmusic” nos anos 60. No entanto, aos 13 anos estava destinada a ser pianista clássica, interpretando já Mozart. Mas quando começou a ouvir Woody Guthrie e Pete Seeger cantando canções tradicionais do folclore americano trocou logo o piano e os concertos clássicos pela viola e pela sua voz tão característica. Alguém disse que “se as ametistas pudessem cantar… elas soariam como Judy Collins."
O seu lado activista é também conhecido em todo o mundo. Ela integrou diversos movimentos e manisfestações contra o sistema. Presentemente é representante da UNICEF e participa em acções contra as minas pessoais.
O seu primeiro disco foi lançado em 1961 - A Maid of Constant Sorrow – quando tinha 22 anos e o último data de 2005 – Portrait of an american girl.
Neste video JUDY COLLINS canta MARIEKE, de Jacques Brel, num espectáculo em 1980, no Canadá.

sábado, 5 de junho de 2010

A BÉLGICA VOTA



Das Edições Jacques Brel recebi esta informação:

Os eleitores belgas vão às urnas no próximo dia 13 de Junho para participar em eleições legislativas antecipadas.
Entretanto o principal diário belga francófono LE SOIR, em colaboração com o diário flamengo DE STANDAARD, lançaram um inquérito intitulado “FRANCÓFONOS/FLAMENGOS: QUE QUEREM ELES VERDADEIRAMENTE?”
Este inquérito foi proposto a 50 personalidades, 25 de cada língua, consideradas como “opinion makers”.
No tema MÚSICA a primeira pergunta era “Qual a canção que representa melhor os flamengos aos olhos do francófonos?”
Jaques Brel ficou em primeiro lugar com 4 nomeações para LE PLAT PAYS e NE ME QUITTE PAS.
À pergunta “Qual a canção que dá uma melhor imagem dos francófonos perante os flamengos?”
Brel voltou a ficar em primeiro lugar com três nomeações para as canções LA CHANSON DES VIEUX AMANTS e NE ME QUITTE PAS.


A propósito desta votação lembro uma outra.
Em 2005 um canal belga de língua francesa organizou o concurso Les plus grands belges e o vencedor foi... JACQUES BREL !
Os flamengos não se convenceram com este resultado do concurso realizado pelos valões, e organizaram também o mesmo concurso numa estação de televisão do norte da Bélgica e então quem ganhou foi o Père Damien – um padre! (Brel tinha razão quando chamava flamenguentos aos flamengos)
Em 2007 a RTP realizou a versão portuguesa daquele concurso – Os grandes portugueses - e quem ganhou foi... o Salazar! (sem comentários!)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

TÉLÉMATIN / FRANCE 2




No dia 31 de Março falei AQUI sobre o passeio por Bruxelas organizado pelas Edições Jacques Brel e que tem por nome “J’AIME L’ACCENT BRUXELLOIS” .
Uma emissão de televisão da France 2 –Télématin – realizou uma reportagem no fim de Março sobre este passeio de mais de 2 horas por locais e espaços por onde Brel andou ou de que ele fala nas suas canções.
Se quiser ver esta reportagem de 5 minutos do Télématin clique AQUI.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

BREL NOS AÇORES 2



Em 22 de Abril falei AQUI no projecto "Brel nos Açores", que tem por base uma narrativa escrita por NUNO COSTA SANTOS.
Do blog ILHAS retirei um excerto dum post do Nuno (Diário de Bordo. Dia 4.) que nos fala do andamento dos trabalhos:

"Continuam as leituras, continuam as passagens do texto, continua o entusiasmo. Aliás, dispara o entusiasmo. Penso que o fogo cresceu no domingo à noite, altura em que fomos até ao atelier onde trabalha o João Prazeres, o homem do cenário, com o objectivo de fazer uma pequena gravação vídeo de um ensaio para enviar para a Fundação Brel (por causa de uma última cedência de direitos de imagem). Houve quem se tivesse emocionado durante a performance do Dinarte. Não vou dizer quem, para não desprestigiar ninguém: não queremos que fiquem a pensar que temos sentimentos e assim. Isso seria desagradável no mundo de hoje.

O texto. Sempre o texto. O território de onde parte o resto - ou que serve de bússula para tudo o resto. Já sofreu muitas alterações desde o início - teve vários tons. Agora encontra importantes âncoras no lirismo breliano - uma poética feita ora de ternura ora de sarcasmo. Já havia uma tradução em português de algumas letras do belga (pela Assírio e Aslvim). Mas em Setembro do ano passado, quando fazia a investigação para o projecto, encontrei um blogue, o Canto do Brel, da autoria de Sérgio Paixão - ou Sérgio Luís, como muitas vezes assina -, que tem traduções muitas vivas e orgânicas (e criativas) das palavras que Brel desenhou em francês..."


O espectáculo vai estrear no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, a 19 de Junho.
Depois será apresentado em Lisboa (TEATRO DE S.LUIZ) prevendo-se por fim a sua apresentação na Horta, Faial, em Julho.

terça-feira, 1 de junho de 2010

HEUREUX



Esta canção está no segundo LP gravado por Brel em 1957. Teve uma tiragem de 10.000 exemplares. Um número bastante ousado para a época e dez vezes superior ao do primeiro disco. Devido a este sucesso, em Junho desse ano, Jacques Brel é um dos premiados do Grand Prix du Disque de l'Académie Charles Cros.

Feliz (1957)

Feliz o que canta para a criança e que, sem nada lhe dizer, a guia pelo caminho triunfante. Feliz aquele que canta para a criança... Feliz aquele que chora de alegria por enfim se ter dado por amor, ou por um beijo que se bebe. Feliz aquele que chora de alegria...

Felizes os amantes separados e que não sabem ainda que amanhã se vão reencontrar. Felizes os amantes separados...Felizes os amantes extasiados cuja força dos vinte anos não serve para mais nada senão para se amarem. Felizes os amantes extasiados...

Felizes os amantes que nós somos e que amanhã, longe um do outro, se amarão, se amarão, acima de todos os homens...


Em Novembro de 1957 conhece o pianista Gérard Jouannest e logo a seguir François Rauber. Rauber passará a dirigir a orquestra que acompanhará Brel no palco e em digressão.
Esta pequena observação serve apenas para nos apercebermos da grande diferença que vai desta orquestração pirosa de Heureux (1957) para as orquestrações pujantes feitas por François Rauber nos anos seguintes.